Atlas do Espaço Rural retrata diversidade e desigualdade do campo brasileiro

Como parte das comemorações dos 100 anos do Censo Agropecuário, o IBGE lança hoje (15) a segunda edição do Atlas do Espaço Rural Brasileiro. A obra faz uma análise geográfica inédita dos resultados definitivos do Censo Agro 2017, mas também utiliza outras fontes do próprio Instituto – como a publicação Regiões de Influência das Cidades (Regic 2018), a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) e a Produção Agrícola Municipal (PAM) – além de informações provenientes de fontes externas, como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Fundação Nacional do Índio (Funai).

Em quase 250 páginas de mapas, gráficos, tabelas e textos, o Atlas traz informações sobre as características do produtor e dos estabelecimentos agropecuários, evidenciando as diversidades e desigualdades territoriais presentes nos 5.073.324 estabelecimentos pesquisados no país.

“A complexidade das questões presentes no espaço rural brasileiro exige que sua análise contemple uma visão multidisciplinar das dimensões sociais, econômicas, ambientais, políticas e culturais”, explica a geógrafa coordenadora do projeto, Adma Hamam de Figueiredo.

A publicação pode ser acessada gratuitamente em formato digital no Portal do IBGE e na Plataforma Geográfica Interativa (PGI). Por meio da PGI, é possível cruzar dados, criar outros mapas e baixar tabelas e projetos em diversos formatos.

Concentração fundiária segundo dados estatísticos censitários; desigualdade diminui no Ceará
Percebe-se que a estrutura fundiária brasileira ainda apresenta um alto grau de concentração, que se manteve, praticamente, inalterado entre 1985 e 2006, e cresceu no último levantamento. Segundo o Censo Agropecuário 2017, o índice de Gini – indicador da desigualdade no campo – registrou 0,867 pontos, patamar mais elevado em relação aos dados verificados nas pesquisas anteriores: 0,854 (2006), 0,856 (1995-1996) e 0,857 (1985). Cabe observar que quanto mais perto essa medida está do número 1, maior é a concentração na estrutura fundiária.

Essa desigualdade é mais elevada no Estado do Maranhão, onde o índice de Gini atingiu 0,888 em 2017, seguido pelos Estados do Amapá (0,885), Mato Grosso (0,876) e Mato Grosso do Sul (0,867). Os maiores aumentos, contudo, ocorreram nos Estados de Roraima (18,7%), Distrito Federal (5,1%) e São Paulo (3,1%). Por outro lado, a desigualdade diminuiu nos Estados do Rio Grande do Sul (4,9%), Pernambuco (3,6%) e Ceará (2,0%).

Agroindústria de carvão vegetal
A produção de carvão vegetal também estava muito concentrada no território brasileiro em 2017. Do total de estabelecimentos, 79,4% se encontrava na Região Nordeste, e sobre a produção, 80,8% foi realizada na Região Sudeste. A produção da agroindústria de carvão vegetal, de 2006 a 2017, tornou-se ainda mais concentrada, visto que, em 2006, a participação da Região Sudeste era de 58,4% e a da Nordeste, 18,8%.

Em termos estaduais, a concentração também se reproduz no Estado de Minas Gerais, que, sozinho, foi responsável por 79,2% da produção total do Brasil de carvão vegetal em 2017. Apenas outras cinco Unidades da Federação participaram de tal produção com quantidade superior a 1%, foram elas: Maranhão (6,6%), Bahia (3,3%), Paraná (5,5%) e São Paulo (1,4%). Maranhão, Piauí e Ceará foram os Estados com maior número e que tiveram aumento expressivo entre 2006 e 2017

 
Acesse e confira outros destaques: Atlas do Espaço Rural Brasileiro.
 

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