A sociedade que marginaliza o velho e o faz órfão da sua própria história

(Por Antônio Matos)

A população do Brasil está envelhecendo, o Brasil não é mais aquele país de jovens de décadas atrás. Entretanto, a forma pela qual a mídia transmite a questão dos idosos, faz suscitar na mente das pessoas de forma implícita a discriminação nos seus espaços, e no seio da sociedade.

Os avanços científicos com o advento da tecnologia, e a globalização de nada adiantam, principalmente diante da visão míope, no tocante as políticas públicas, desse novo governo que hoje provoca um forte retrocesso em diversos setores, tais como: educação, cultura, ciência, tecnologia, diplomacia internacional, comércio exterior e conhecimento (filosofia e sociologia).

É impressionante e inacreditável como esses atores estão jogando fora tudo o que foi conquistado a duras penas. O atual texto da Reforma da Previdência é um assalto e atinge frontalmente o idoso e os menos favorecidos. Graças à ação decisiva de setores progressistas do Congresso Nacional, o texto atual da reforma da Previdência está sendo atenuado no que concerne a direitos constitucionais garantidos.

O amadurecimento da população brasileira ainda é muito incipiente, porque nos dias atuais ainda existe gente que sai em defesa de atitudes como estas. O desrespeito de quase todas as camadas sociais para com o idoso é latente, inclusive até nos meios acadêmicos.

A questão da terceira idade na verdade não é levada a séria pelo conjunto da sociedade. A cada dia aumenta a discriminação e de modo geral não ajuda nem um pouco o bom relacionamento das pessoas. Isso se avaliarmos num plano global, mesmo com o estatuto do idoso em vigor o que percebemos é que as pessoas idosas são tratadas de forma desumanas na medida em que a própria sociedade as colocam como pessoas dependentes e frágeis, muito embora, nos dias atuais o idoso viva com uma expectativa de vida mais avançada.

Na verdade o simples amadurecimento das pessoas ao logo da vida passou a ser um sinal de velhice e não de sabedoria. O conhecimento e a experiência de tempos atrás que norteavam a vidas das pessoas mais jovens, através dos idosos, hoje infelizmente, é considerado ultrapassado. Além do abandono da maioria, seja em casas de repousos ou abrigos para velhos, essas pessoas são consideradas ineptas e sem oportunidades e em muito dos casos sujeitos às leis que lhes colocam em situação de impedimento fruto da ganância de seus familiares.

Os valores das pessoas idosas estão sendo jogados de lado nessa sociedade hipócrita e desleal quando estão subestimando a experiência acumulada de anos de trabalho e aprendizagem.  A busca pela maturidade de certa forma tem levado as pessoas a grandes inquietações e frustrações tendo em vista mesmo que no final de suas vidas só restarão lembranças e recordações fruto da herança da sociedade atual.

A sociedade que marginaliza o velho a ponto de esquecê-lo e torná-lo órfão da sua própria história é essa que está enlouquecendo numa escala estratosférica. Diante da situação atual, conforme estudos, concluímos que daqui há três décadas teremos 30 por cento de pessoas depressivas, bipolares, esquizofrênicas e com algum outro grau de demência, andando como zumbis humanos, alguns consumindo drogas, idolatrando e perambulando pelas ruas. No Chile que já passou por essa nefasta experiência de Reforma da Previdência em regime de Capitalização, observamos um elevado índice de suicídio entre os idosos.

Para encerrar parabenizo a luta daqueles que caminham pela estrada da vida e que bem sabem usar a sua intelectualidade fazendo distinção entre o comodismo e a vontade de continuar lutando, participando e interagindo com seus valores em busca de seus espaços e direitos.

O homem, de certa forma, ao invés de fazer mercantilismo do espiritualismo deveria buscar em sua consciência o isolamento dessas doutrinas que lhe distancia da razão e o faz esconder o verdadeiro amor que é muito fácil enxergar.

 

Antonio José Matos de Oliveira é jornalista, consultor de empresa, diretor administrativo do Jornal do Comércio do Ceará e membro da Academia de Ciências, Letras e artes de Columinjuba – ACLA Capistrano de Abreu.

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