A diversidade como essência e o risco do retrocesso
Desde os povos originários que aqui habitavam até os africanos que, tragicamente, foram trazidos como escravizados, passando por europeus, asiáticos e povos do Oriente Médio que escolheram esta Ilha de Vera Cruz – ou Terra de Vera Cruz ou Terra de Santa Cruz – para recomeçar, formamos uma nação plural. Nossa riqueza cultural, religiosa e social é inseparável dessa miscigenação e das permutas e trocas que ela proporcionou. Somos um país que, apesar das desigualdades e desafios, encontra na aceitação das diferenças um dos pilares de sua identidade.
Por isso, ao ouvirmos o discurso de posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que marcou seu primeiro governo com uma retórica de exclusão, xenofobia e retrocesso em relação à diversidade, não podemos nos calar! Quando um líder da maior potência do mundo decide discriminar imigrantes e desrespeitar a diversidade de gênero e desqualifica países dizendo que não precisa deles, envia uma mensagem perigosa e ameaçadora que repercute muito além de suas fronteiras.
Historicamente, os imigrantes sempre foram um motor de desenvolvimento e inovação. Veja nos Estados Unidos: país formado por imigrantes ingleses e franceses. Esses imigrantes contribuíram para as economias, culturas e sociedades dos países que os acolheram. Ignorar essa realidade e tratar os imigrantes como uma ameaça, em vez de uma oportunidade, é um erro estratégico e desumano. Além disso, a negação dos direitos da diversidade de gênero vai na contramão de conquistas sociais fundamentais que ampliaram o respeito às individualidades e combateram a discriminação.
O Governo do Brasil, enquanto nação multicultural e diversa, tem o dever de reafirmar seu compromisso com a inclusão. Não somos perfeitos – ainda enfrentamos preconceitos, desigualdades e injustiças. Contudo, ao olharmos para a história, fica claro que nossos avanços vieram quando promovemos o respeito e a aceitação da diversidade.
A deportação de imigrantes brasileiros em situação irregular nos Estados Unidos não justifica a forma agressiva, desrespeitosa e afrontosa perante os direitos fundamentais e a dignidade humana, expatriando cidadãos brasileiros em aviões militares e, mais do que isso, promovendo evidentes maus tratos e agressões no embarque, sem alimentação no percurso, e, pejorativamente, algemados como se fossem criminosos perigosos. Se isso tivesse sido feito por outro país, não há dúvida que seria alvo e motivo mais do que justo, para suspensão de relações diplomáticas.
A diversidade de gênero também está intrinsecamente ligada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, em especial ao ODS 5, que busca alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. Ao promover a inclusão de diferentes identidades de gênero, contribuímos diretamente para a redução das desigualdades (ODS 10), fomentamos sociedades mais justas e pacíficas (ODS 16) e asseguramos que ninguém seja deixado para trás.
Reconhecer e valorizar a diversidade de gênero não é apenas um ato de justiça social, mas também uma estratégia de desenvolvimento sustentável. Ambientes diversos e inclusivos estimulam a criatividade, a inovação e a cooperação, fortalecendo tanto as comunidades quanto as organizações. Além disso, respeitar as identidades de gênero significa garantir direitos humanos básicos, um princípio central dos ODS e essencial para a construção de um futuro mais igualitário e sustentável.
Portanto, ao defender a diversidade de gênero, reafirmamos nosso compromisso com um mundo mais inclusivo, onde cada pessoa, independentemente de sua identidade, tenha acesso pleno às oportunidades e possa contribuir para o progresso social, econômico e cultural da humanidade. É um passo fundamental para consolidar o Brasil como um país que acolhe, respeita e valoriza sua rica diversidade em todas as suas formas.
Que o Brasil e os brasileiros se mantenham como um farol de diversidade e acolhimento, mostrando que o mundo não precisa escolher o caminho do ódio e da segregação! Que a nossa convivência com as diferenças sirva como exemplo de que a riqueza e o poder de uma sociedade estão em sua pluralidade! Que possamos, como nação, resistir a discursos que tentam justificar a intolerância e ameaças às conquistas já realizadas!