IPCA-15 abaixo do esperado, mas mercado vai ficar atento ao índice de preço ao produtor
*Por Leandro Manzoni
O IPCA-15 de maio veio abaixo das estimativas do mercado, mas sem surpresa quanto aos componentes que fizeram o índice acelerar em relação ao mês anterior. A base mensal foi de 0,44%, ante 0,21% em abril, com o acumulado a 12 meses se reduzindo de 3,77% para 3,7%.
O resultado vai amenizar um pouco a pressão sobre a expectativa de deterioração da inflação, embora os índices de preço ao produtor, também divulgado hoje pelo IBGE, apresentou a terceira aceleração seguida em abril (+0,74%) e deve crescer no radar do mercado se essas altas vieram para ficar e podem ser repassadas ao consumidor nos próximos meses.
Para a próxima reunião do Copom há pouca alteração em relação às expectativas de corte de 0,25 ponto percentual ou manutenção da taxa Selic em 10,5% na próxima reunião do colegiado em 19 de junho. O ponto de atenção do Copom é a inflação futura, que no Boletim Focus são as projeções para o IPCA de 2025 e 2026, pois o horizonte da política monetária é a inflação ao consumidor no próximo ano devido à defasagem de 6 a 9 meses das decisões do colegiado.
O que motivou a aceleração do IPCA-15 em maio?
Contribuíram para a maior parcela da alta do IPCA-15 os grupos Transportes (+0,77%) e Saúde e Cuidados Pessoais (+1,07%), com impacto respectivo de 0,16 ponto percentual (p.p.) e 0,14 p.p. O grupo Transportes foi impulsionado pelo preço da gasolina e das passagens aéreas, enquanto os produtos farmacêuticos foram os responsáveis pelo avanço em Cuidados Pessoais.
No grupo Alimentação e Bebidas, houve uma desaceleração de 0,61% para 0,26%. O arroz, cujos preços são o centro de atenção após as enchentes no Rio Grande do Sul (RS) por ser o estado responsável por 70% da produção nacional do grão, apresentou queda de -1,25%. Em relação à coleta no RS, o IBGE informou que a coleta foi realizada remotamente após a tragédia, após 70% dos preços já terem sido coletados. O período de coleta foi entre 16 de abril a 15 de maio.
*Leandro Manzoni é analista de economia do Investing.com