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O limbo

Gaudêncio Torquato 

 

No Além, há quatro universos: céu, purgatório, inferno e limbo. É o que prega a Igreja Católica. Fiquemos neste último. O limbo é “a fronteira do inferno”, o lugar de almas que não merecem subir ao céu. E que, segundo a Igreja de Roma, também não são condenadas a padecer o fogo do inferno. O conceito original se voltava para crianças não batizadas, designadas de pagãs.

Usando o simbolismo, puxemos a ideia para o campo da política. O governo de Jair Bolsonaro não é criança pagã, mas sua índole, sua identidade, seu modus operandi nos fazem pensar que ele está no limbo, na fronteira com o inferno, haja visto o estrago que tem feito ao tecido institucional.

Que estrago, indagam alguns? O afrontamento à Corte Suprema, em desafio aberto ao Poder Judiciário, o patrocínio de Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que possibilitará o montante de mais de R$ 40 bilhões para cooptar votos, a intervenção na Petrobras, entre outras ações arbitrárias. O argumento é de que os mais pobres carecem de proteção, daí a mão forte do Estado na costura do cobertor social, a diminuição do preço de combustíveis, o combate ao STF por “judicializar” as políticas públicas, entre outras ações.

O presidente Jair, com sua verve prolífera, põe lenha na fogueira nacional, que tende a causar mais e mais estragos. Parece querer acender o pavio do caos, preparando terreno para eventual intervenção, algo como um golpe. A depender do resultado das eleições de 2 de outubro.

O governo é um ente à procura de um rumo. Sem ideias, ou melhor, com uma única ideia: desenhar o ambiente social e político para permitir que o presidente se reeleja. Para tanto, o pacotão de bondades(?) foi para o colo do Centrão, mobilizando partidos de todo o espectro ideológico para aprovar a PEC Kamikaze (suicida por furar o teto de gastos).

Qual é o eixo que movimenta a engrenagem governativa? Qual é a política de desenvolvimento? Inexiste.   Lembrando.  Fernando Henrique garantiu dois mandatos montado no cavalo da estabilidade econômica e amparado em reformas fundamentais no aparelho do Estado, cujos efeitos positivos foram se esgarçando ante a emergência de novas expectativas sociais.

Lula da Silva e seu PT chegaram ao centro do poder, depois de costurar por décadas e com muita intransigência os fios de seus particularismos. Aí chegando, embriagados com o sumo do poder, na esteira da verticalização de cargos no governo (coisa que o próprio presidente Lula chegou a reconhecer), desfizeram os traços que davam nitidez a seus perfis, particularmente no que diz respeito à bandeira ética, brandida nos palcos iluminados da política.

As oposições intensificaram uma locução de teor crítico cujo fundamento era menos um escopo programático e mais o comportamento de atores principais e secundários do palco governamental. O embate de uns contra outros.

Trata-se de uma disputa de rua. São tempos do “embaciamento” do jogo político, ou, como denomina Roger-Gérard Schwartzenberg, uma “uniformização no cinzento”. O posicionamento dos partidos numa zona descolorida, no grande arco central da sociedade, está a demonstrar alto grau de flexibilização, um pragmatismo voltado para resultados.

Cada vez mais assemelhados, partidos e líderes estão menos preocupados em trabalhar no campo das ideias e mais interessados em conquistar o “poder pelo poder”.

Parcela do Parlamento substitui os horizontes abertos do desenvolvimento pela visão imediata e ligeira de investigações, agora sob a égide de CPIs.

Quem tem ideia, por exemplo, do que pensam os maiores partidos, como União Brasil, PP, PSD, PL, PSDB, MDB, a respeito de um projeto para o país? Do PT, sabemos que se desloca para o centro, ocupando flancos da socialdemocracia. É a estratégia de Lula para ganhar maiores contingentes eleitorais.

No fundo, a intenção visível de fortalecer o “centralismo democrático” significa o resgate do Estado gordo, com as funções de intervir fortemente no mercado, calibrar e monitorar os fluxos da locução na mídia massiva.

Os grupamentos se reúnem nas antessalas do poder, onde se serve o caldo insosso de uma cultura sem discurso com sobremesa de geleia partidária. É bem verdade que o Brasil não é exceção na moldura da banalização da atividade partidária que se observa em praticamente todos os quadrantes mundiais.

L. de Crescenzo, escritor italiano, ensina: “O poder é como a droga e sempre exige doses maiores”. Vale tudo para ampliar espaços.

Gaudêncio Torquato é jornalista, escritor, professor titular da USP e consultor político Twitter@gaudtorquato

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