Bank of America projeta Ibovespa em 125 mil pontos, mas destaca riscos
Diante da perspectiva de juros mais altos, crescimento do risco global e um cenário eleitoral incerto e desafiador, o Bank of America (BofA) optou por revisar suas projeções para o mercado brasileiro de ações, avaliando que o Ibovespa pode retomar os 125 mil pontos ao fim de 2022.
Em relatório, o economista David Beker, do BofA, explica que a projeção está abaixo do pico do Ibovespa em 2021 devido ao aumento do custo de capital no País, às projeções de crescimento econômico mais tímido da China, principal parceira comercial do Brasil, e ao risco de revisões para baixo das projeções de lucro em caso de desaceleração da atividade econômica.
Além disso, diante do ciclo de alta da taxa Selic, nota-se uma migração de capital da renda variável para a renda fixa, uma vez que os juros altos tornam esses investimentos mais atrativos. O economista destaca que muitos setores da Bolsa brasileira estão com valuations semelhantes aos observados ao fim de 2014, quando as taxas de juros de 10 anos também estavam no patamar de 12% ao ano.
Setores promissores
Beker avalia que os bancos e as empresas do setor de energia, com destaque para as companhias petrolíferas, devem ser os destaques positivos em 2022. Os bancos devem se beneficiar das taxas de juros mais altas, que permitem um aumento do spread bancário, e da maior demanda por crédito com a reabertura econômica, enquanto a Petrobras (SA:PETR4) e as demais empresas do setor de petróleo tendem a ser favorecidas pelo preço mais alto da commodity no mercado internacional.
Setores que demandam cautela
Diante da desaceleração do crescimento econômico chinês, com destaque para a crise das incorporadoras imobiliárias daquele país, David Beker acredita que companhias que têm a China como principal cliente devem ser prejudicadas. Dentre essas, merece destaque a mineradora Vale (SA:VALE3), que pode ter seus resultados afetados pela diminuição da demanda por minério de ferro na China.
Setores cujas empresas tendem a operar com maior alavancagem, como transportes e aluguel de carros, também devem apresentar um desempenho mais fraco, diante do aumento do custo do crédito.
O caminho da retomada
Para Beker, a recuperação da economia brasileira depende do fortalecimento da credibilidade fiscal do País, que passa pela implementação de reformas que permitam a redução dos gastos obrigatórios do governo federal.
O economista observa que surpresas positivas podem vir da aprovação rápida das reformas, evolução do controle da pandemia, crescimento do PIB mais forte do que o esperado e aceleração da consolidação fiscal.
Por outro lado, os principais riscos, na visão do BofA, são a possibilidade de alterações na política de preços de combustíveis, demissão do ministro da Economia, Paulo Guedes, aumento de gastos públicos sem contrapartida, demora para a aprovação das reformas e desaceleração da atividade econômica.