Sistema de Contas Regionais 2018 – Brasil e Ceará

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, as Secretarias Estaduais de Governo e a Superintendência da Zona Franca de Manaus – Suframa, desenvolve um programa de trabalho para a construção de um Sistema de Contas, por Unidades da Federação, metodologicamente integrado e, portanto, comparável, no tempo e no espaço, atendendo à demanda por informações regionalizadas. Para tal, a metodologia adotada no Sistema de Contas Regionais – SCR do Brasil é uniforme, por Unidades da Federação, e integrada à utilizada pelo Sistema de Contas Nacionais – SCN do IBGE.

O SCR, em virtude de suas particularidades, estima o Produto Interno Bruto – PIB pelas óticas da produção e da renda, apresentando informações referentes ao processo de produção e geração da renda regionalmente. A ótica da produção mostra o resultado do processo de produção, valor da produção, menos o consumo intermediário, de cujo saldo, o valor adicionado bruto por atividade econômica, somado aos impostos, líquidos de subsídios, sobre produtos resulta o valor do PIB.

Pela ótica da renda, o PIB é igual a soma da remuneração dos fatores de produção, isto é, corresponde ao somatório das remunerações dos empregados, do rendimento misto bruto, do excedente operacional bruto e do total dos impostos, líquidos de subsídios, sobre a produção e a importação. Apresentamos comentários analíticos sobre os principais destaques do SCR 2018, com comparações em relação a 2017 e, para alguns aspectos, também em relação a 2002, ano de início da série.

PIB pela ótica da produção – Variações de volume

O PIB do Brasil apresentou variação em volume positiva, pelo segundo ano consecutivo, após dois anos seguidos de queda, com crescimento de 1,8%, em 2018, na comparação com o ano anterior. Em 2017, o volume do PIB foi 1,3% e, em 2016, -3,3%.

O Estado do Ceará apontou variação em volume de 1,4% em 2018, na comparação com 2017, e atingiu o valor de R$ 155,90 bilhões, o equivalente a 2,2% do PIB brasileiro.

A única Unidade da Federação que apresentou variação em volume negativa, em 2018, foi Sergipe, com queda de 1,8%, registrando redução em volume nos quatro últimos anos da série e foi um dos três únicos que não mostraram crescimento em 2017, ao lado do Rio de Janeiro e da Paraíba.

Em 2018, entre os setores no país, a Agropecuária cresceu 1,3%, a Indústria, 0,7%, e os Serviços registraram incremento de 2,1%. Já no Ceará, os setores registraram: a Agropecuária cresceu 8,2%, os Serviços registraram crescimento de 1,9%, e a Indústria, foi o único setor com variação em volume negativa (2,0%).

Entre 2017 e 2018, o Estado manteve a sua participação na economia brasileira em
2,2%, ocupando a 12ª posição relativa nacionalmente. Na Região Nordeste, o Ceará figurava na 3º posição, antecedido por Bahia (1ª) e Pernambuco (2ª).

Análise do período 2002-2018 – Desempenho em volume do PIB

Na série 2002-2018, o PIB em volume do Brasil apresentou crescimento médio de
2,4% ao ano (a.a.). Ceará registrou 2,8% a.a. de crescimento médio para esse período. Já
Mato Grosso registrou 5,1% a.a. de variação média, maior destaque entre as 27 Unidades
da Federação, vindo, a seguir, Tocantins, com incremento de 4,9% a.a.; Roraima, com
4,2% a.a.; e Piauí, com 4,1% a.a.

Concentração econômica
Em termos de participação no PIB ao longo da série, o Estado do Ceará registrou os maiores ganhos relativos entre 2002 e 2018, com avanço de 0,3 p.p. no Nordeste, juntamente com Maranhão e Pernambuco. O desempenho cearense nesse período, explica-se porque houve ganhos de participação vinculados, em grande medida, à Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação, devido ao aumento da geração de energia elétrica.

PIB per capita
O PIB per capita do Brasil, em 2018, foi R$ 33.593,82 e apresentou um aumento de 5,9% em valor em relação a 2017 (R$ 31.712,65). No Ceará, o PIB per capita foi R$ 17.178,26, em 2018, o quinto menor no ranking entre as unidades da federação, correspondendo à metade do PIB per capita nacional. O Distrito Federal manteve-se como a Unidade da Federação com o maior PIB per capita brasileiro, com R$ 85.661,39, o que é cerca de 2,5 vezes maior que o PIB per capita do País.

PIB pela ótica da renda
Na análise do PIB pela ótica da renda, em 2018, nacionalmente, observa-se que a remuneração dos empregados, principal componente da renda, perdeu participação em relação ao ano anterior pelo segundo ano consecutivo, saindo de 44,3%, em 2017, para 43,6% do PIB brasileiro. O desempenho da remuneração dos empregados relacionou-se à queda do número de ocupados com vínculo e ao crescimento nominal de 4,6% desse componente, que foi inferior às variações verificadas nos impostos, líquidos de subsídios, sobre a produção e importação (9,5%) e no excedente operacional bruto mais o rendimento misto bruto (7,1%).

No Ceará a distribuição do PIB entre os componentes da renda, assim se distribui: participação da remuneração dos empregados (48,7%), do excedente operacional bruto (38,3%) e Impostos, líquidos de subsídios, sobre a produção e importação (13,0%).

Análise dos setores entre 2017 e 2018
A Agropecuária do Ceará registrou crescimento de 8,2%, em 2018, influenciado principalmente pela atividade de Agricultura, inclusive apoio à agricultura e a pós-colheita, que cresceu 6,7%, com destaque para as lavouras temporárias de milho, melancia, melão e tomate. Tal desempenho vinculou-se ao volume de chuva durante a quadra chuvosa de 2018 no Ceará, que foi o maior dos últimos anos, possibilitando melhores condições de plantio. A atividade Pecuária, inclusive apoio à pecuária, registrou crescimento de 13,5%, explicado em grande medida pelo aumento da produção de leite e ovos. Já Produção florestal, pesca e aquicultura mostrou leve recuperação com relação ao ano de 2017, com
crescimento 3,5%, influenciado pelo aumento da produção de tilápia e camarão.

A Indústria cearense apresentou redução em volume de 2,0%, explicada sobretudo pela retração de 4,9% na atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação. Nesta atividade, a redução foi justificada pela queda no segmento de geração de energia elétrica. Indústrias de transformação e Construção também registram retrações em volume no ano de 2018, com variações de -0,9% e -1,8%; respectivamente. Nestes casos, as explicações principais são as reduções observadas, respectivamente, nas indústrias de confecção de artigos do vestuário e acessórios e nos serviços especializados para construção.

O grupo das atividades de Serviços cresceu 1,9% em 2018 no Ceará, na comparação com o ano anterior. O ambiente conjuntural de controle da inflação, taxa de juros historicamente baixas, contribuíram para tal desempenho. As atividades que mais se destacaram em termos de variação em volume foram Alojamento e Alimentação (7,0%); Artes, cultura, esporte e recreação e outras atividades de serviços (6,9%); Atividades imobiliárias (4,7%); Educação e saúde privadas (3,3%) e Transporte, armazenagem e correio (2,9%).

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