Mercado imobiliário apresenta grande aquecimento em meio à crise

O setor imobiliário, apesar da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, apresentou um grande aquecimento. Dados de uma pesquisa recente realizada pela BRAIN Inteligência Corporativa junto da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), apontaram que das pessoas que pensavam em adquirir um imóvel, 22% concretizaram a compra no mês de junho –o que corresponde a seis pontos percentuais a mais que março e três pontos superiores a abril. Ainda segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o número de imóveis financiados no primeiro semestre de 2020 foi 35,2% superior em relação ao ano passado.

Com a redução da taxa Selic, que, em agosto deste ano, chegou ao seu patamar mais baixo da história, atingindo 2%, as oportunidades cresceram e, com o aumento da oferta, está mais simples negociar. A taxa de juros em baixa fez com os bancos se sentissem mais seguros em oferecer juros menores em suas operações, e entre elas, o crédito imobiliário. “As condições favoráveis oferecidas pelas instituições bancárias e os investimentos com recursos próprios foram determinantes para o aumento das vendas de imóveis. Com este contexto, a aquisição de um imóvel tornou-se um investimento rentável e os financiamentos habitacionais atrativos”, afirma o gestor imobiliário do Grupo MBL (Silva Empreendimentos e Fonsil), Samuel Ferreira da Silva.

Além disso, devido a pandemia, a Caixa Econômica Federal anunciou neste ano algumas mudanças no protocolo de financiamento imobiliário. Entre março e julho, a instituição permitiu que os novos investidores pudessem requerer uma pausa de até seis meses em seus financiamentos. Já em outubro, o banco decidiu por substituir essa medida pela redução temporária das prestações. “Com essas alterações, as possibilidades de aquisição de imóveis se tornaram ainda mais vantajosas, pois permitiram que as pessoas pudessem se reorganizar financeiramente”, ressalta.

Samuel Ferreira aponta que o aumento da rentabilidade anual dos aluguéis, impulsionado pelo reajuste de quase 18% no Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), têm feito com que este tipo de negócio se torne mais atraente ao público. “Os aluguéis se tornaram investimentos mais lucrativos do que o CDB – Certificado de Depósito Bancário. Essa mudança também pode ser um dos fatores que influenciaram a elevação das vendas de imóveis”, destaca.

Consequências da pandemia

O cenário da pandemia também trouxe desafios e dificuldades para os empreendimentos do mercado imobiliário. Cerca de 79% das construtoras decidiram por adiar os lançamentos de seus imóveis, segundo dados de uma pesquisa feita pela Câmara Brasileira da Construção Civil (CBIC).

Os modelos de atendimentos e negociações tradicionais tiveram que ser modicados, pois a interação presencial não é mais uma prática segura. Com o estabelecimento do distanciamento social como uma forma eficaz de prevenção a contaminação pelo vírus, as empresas tiveram que se readaptar para superar os obstáculos desta complexa realidade.

Para Samuel Ferreira, a tecnologia se mostrou como uma forte aliada neste momento. Isso porque as plataformas tecnológicas permitiram a continuidade dos atendimentos, agora realizados de forma online. “Algumas imobiliárias se valeram deste período de isolamento para impulsionar as suas redes sociais, com postagens relacionadas ao setor, como notícias, dicas de como agir durante a quarentena e conteúdos voltados a divulgação de imóveis. As empresas que ainda não tinham aderido a este novo formato de comunicação com os seus clientes, acabaram adotando a interação digital para alcançar um maior número de pessoas e, assim, aquecer as suas vendas”, comenta.

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