Insensatez e intolerância dos delinquentes morais

Respeitamos com profundidade a fé das pessoas, todas as religiões, fazemos aqui o nosso elo justamente por nossa obrigação e critério ao comentar um assunto de tamanha responsabilidade.

Sobre os acontecimentos que envolveram o aborto da menina de 10 anos estuprada por um tio marginal na cidade de São Mateus, Espírito Santo, formou-se um debate estarrecedor, principalmente as ações irresponsáveis de políticos evangélicos, fundamentalistas, muitos deles através de atos rebeldes com palavras pejorativas ao médico que realizou o procedimento e aos familiares da vítima.

Atitude fora da razoabilidade tentando de todas as formas impedir o procedimento legal autorizado pela justiça fundamentado no Código Penal Brasileiro.

A insensatez e a intolerância na voz desses pseudos defensores da vida, delinquentes morais, tentavam de todas as formas condenar uma criança de 10 anos a viver eternamente com a memória do sofrimento, das lembranças das agressões e a dor que lhe foi imputada pelo seu agressor ao longo de quatro anos.

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, também se manifestou culpando o estado pela atuação correta da lei, usando a interpretação da igreja contra o aborto que salvou a criança de tanto sofrimento. O religioso  desconhece uma criança violada na sua dignidade indo de encontro à razão quando coloca Deus a Lume nesse debate cruel, Deus é amor e sendo Deus amor jamais poderia abonar o sofrimento de uma criança através de uma gravidez criminosa, como essa. Como uma criança poderia se sentir ao gestar o fruto oriundo do mal que se abateu sobre sua vida, seria toda uma vida de angústia e tribulações?

No passado a igreja católica atuou indevidamente em nome de Deus, para tanto o papa (autoridade maior da instituição) se desculpou. Tendo em vista a importância da igreja católica para o mundo não é isso que esperamos ouvir de religiosos que interpretam a palavra de Deus.

O que podemos fazer é tentar mostrar e alertar que está em risco um perigoso processo de desconstrução da laicidade do estado, conservadores radicais, deputados fundamentalistas com processos de mudança de leis tentando desfazer os avanços que o estado conseguiu ao longo dessas décadas.

Não podemos cruzar os braços como parecem fazer boa parte da população que pelo desconhecimento de causa se rende aos setores conservadores radicais que tentam de todas as formas regredir e aprisionar o estado à sua ignorância política.

Não podemos admitir. Como formadores de opinião temos o dever de alertar através das nossa publicações os fatos e muito mais, o sentimento da população que se solidarizou com o sofrimento dessa criança que foi exposta na sua intimidade mesmo que seus algozes tenham infringido a lei pensando em tirar proveito no pleito eleitoral.

Muito nos alegra observar que não é consenso social o pensamento de regressão que está a ameaçar os direitos dos cidadãos brasileiros.

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