7 gráficos que indicam que 2023 deve proporcionar grandes oportunidades na Renda fixa
Começando pelo Brasil…
A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central não apenas manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano, como passou uma importante mensagem através de seu presidente, Roberto Campos Neto: uma política fiscal mais expansionista (prevista por boa parte do mercado financeiro) por parte do novo governo, poderá ser desastrosa em relação a trajetória da taxa de inflação e, portanto, com efeito direto também sobre a taxa de juros. Campos Neto citou preocupação quanto as políticas parafiscais, ou seja, aquelas que se utilizam de empresas estatais para estimular a economia (especialmente a concessão de crédito a taxas de juros subsidiadas por bancos públicos), o que costuma aumentar a taxa neutra de juros, reduzindo também a eficiência da política monetária. Por taxa neutra, entenda que é aquela que nem estimula nem desestimula a economia, utilizada normalmente quando o BC quer conter a demanda para frear a inflação, regulando a Selic para uma posição acima do juro neutro. Por outro lado, as propostas de aumento de despesas, caso a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição seja aprovada na Câmara dos Deputados como foi no Senado, com aumento de R$ 145 bilhões do teto dos gastos e exclusão de vários itens de despesas do teto – podem tornar o mecanismo praticamente inócuo –, e os sinais de utilização de crédito subsidiado pelos bancos públicos, ventilados pelo futuro governo, já fizeram com que a expectativa de corte das taxas embutidas na curva de juros antes das eleições fosse substituída por aumento das mesmas. EUA Nos EUA o Federal Reserve confirmou o aguardado aumento 0,50 p.p nos juros, mantendo o tom duro, mesmo com a inflação ao consumidor (CPI) desacelerando para 7,1% em novembro, abaixo das estimativas. Com esta decisão, os juros do país chegaram ao intervalo entre 4,25% e 4,50%, o mais elevado em 15 anos. Na coletiva após a decisão, Jerome Powell reforçou que a entidade segue comprometida em trazer a inflação de volta para a meta de 2% e que serão necessárias mais evidências para dar a confiança de que a mesma se encontra em uma trajetória descendente. O mercado reagiu negativamente pressionado por temores de recessão, e os índices americanos encerrando a semana em forte queda, com S&P 500 e Nasdaq caindo -2,1% e -2,7%, respectivamente. A grande preocupação do FED até aqui tem sido os ganhos salarias (especialmente do setor de serviços) que conforme o gráfico abaixo, vem se mantendo sempre acima da leitura da inflação e consequentemente, dificultando o trabalho de conter a maior inflação registrada nos EUA nos últimos 40 anos. |
Acima, percebemos que apesar das sinalizações dos dirigentes do FED (e dos economistas ouvidos pela Bloomberg), o mercado financeiro segue apostando em uma trajetória descendente ainda no primeiro semestre de 2023, após o juro atingir o pico em abril (em torno dos 5%).
Como você pode verificar através da próxima imagem, a aposta do mercado nesta trajetória “não corresponde aos fatos”, ou seja, desde 1995, os juros levam em média 11 meses estabilizados antes do anúncio do primeiro corte. |
Neste outro gráfico, temos as projeções do FED, BCE e BOE para suas respectivas inflações. Note que a parte tracejada sinaliza a expectativa futura e perceba que no caso dos EUA, a expectativa é que a inflação retorne para próximo da meta (2%), na melhor das hipóteses, no último trimestre de 2023.
A situação não é muito diferente da Europa, onde também na semana passada, tanto o Banco Central Europeu quanto o BC inglês, aumentaram suas taxas, também em 50 p.b. |
O velho continente segue extremamente preocuopado com as questões energéticas. Um estudo encomendado pela Bloomber, concluiu que o gasto extra para suprir as reservas de gás e petróleo pode chegar a US$ 1 trilhão, ainda que o consumo de gás em 2022 tenha sido menor do que as médias, conforme o gráfico abaixo. |
Aposta de recessão
As apostas em Wall Street o sentimento é crescente em torno da probabilidade de que a política monetária de Powell arraste a economia americana para uma recessão que pode durar todo o ano de 2023, conforme o gráfico abaixo, que também revela que no Reino Unido e na Zona do Euro, o risco é ainda maior (ainda que esteja estável nas últimas leituras). |
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A atual escassez de IPO´s na América do Sul (onde nenhuma companhia apostou em listar suas ações em 2022) não é uma exclusividade: os IPO´s em todo o mundo devem registrar sua maior queda de receitas desde a crise dos subprimes em 2008. |
Quase igualando Por fim, o S&P500 se aproxima de encerrar mais um trimestre em queda, a exemplo do que aconteceu nos últimos 3 trimestres de 2022, se aproximando perigosamente das 6 quedas trimestrais consecutivas registradas em 2008, conforme nosso último gráfico de hoje. |
O que nos leva a uma óbvia conclusão: a de que 2023 deve seguir oferecendo grandes oportunidades em renda fixa, ao menos até que o fenômeno inflacionário global, resultante da enorme quantidade de dinheiro injetado pelos bancos centrais em virtude da pandemia, comece a mostrar sinais de um retorno às metas estabelecidos pelos mesmos.
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