Webinar focaliza tendências e desafios para o setor

A comemoração do 1º aniversário do Movimento Supera Turismo Brasil teve sequência na terça-feira, 15 de junho, por meio de webinar muito bem produzido pelo esforço voluntário dos integrantes da iniciativa. Evento reuniu membros do conselho de entidades signatárias, todos experientes, experts e engajados na causa preconizada pelo Supera.

Mediação do debate coube ao jornalista Luiz Henrique Miranda,

Assessor de Imprensa do Movimento Supera Turismo. E ao educador empresarial e responsável pelo Planejamento Estratégico da iniciativa, Lucio Oliveira. Os participantes nortearam suas manifestações pelo tema ‘Tendências e desafios para o turismo e qual o papel de cada um nesse novo cenário’.

Os convidados do webinar: Eduardo Sanovicz – presidente Abear; Marco Ferraz – presidente da Clia; Orlando Souza – presidente do FOHB; Magda Nassar – presidente ABAV Nacional; Roberto Nedelciu – presidente Braztoa – Gervasio Tanabe – presidente executivo da Abracorp.

Pela ordem, responderam as perguntas feitas pelos mediadores, depois da apresentação de vídeo com respostas sumárias ao mote ‘pra mim, superação é…’ , fornecidas por personalidades de peso e engajadas no espírito que inspira o Movimento Supera Turismo Brasil. O fecho da sequência instigante coube a Carlos Prado, do Grupo Tour House e cofundador do Supera.

Depois de breve saudação de cada convidado, o jornalista Luiz Henrique Miranda faz a pergunta: “Quais os maiores desafios superados até aqui, como entidades em seus segmentos? E o que esperam para os próximos meses como novos desafios nos cenários que estão prevendo”? Pela ordem, excertos das respostas.

Eduardo Sanovicz: Resume o rol de providências e superações da indústria representada pela Abear. E só lamenta que “o último desafio foi aquele que nós não vencemos. Pedimos, sem sucesso, a concessão de linhas de crédito pelo ministério da Economia”. Comenta que atitude destoa daquelas tomadas por governos do mundo inteiro.

Marcos Ferraz: Fala da paralisação dos cruzeiros marítimos a partir de 13/03/2020; desafios logísticos para estacionar frota de navios associada à Clia; mobilização de especialistas, médicos e cientistas para criação dos protocolos biossanitários para navios de cruzeiro. “Com os protocolos, entramos em ritmo de retomada. EUA retomam dia 26 de junho. Cerca de 30% da nossa frota já se movimenta”.

Orlando Souza: Faz rápida digressão a partir da segunda quinzena de março de 2020, quando a hotelaria nacional exibiu taxa de ocupação zero. “Com taxa de ocupação zero, o que gerou de positivo foi a percepção, por todas as redes hoteleiras, de que ali não havia mais concorrentes. Era preciso recuperar em conjunto. Ao mesmo tempo, verificou-se o espírito de união entre as entidades representativas do setor”.

Magda Nassar: “Acho que já não estamos mais no momento de falar em desafios superados. Quando eu olho para trás, noto o volume gigantesco de trabalho desde o inicio da pandemia (…). Temos de aprender como lidar com o futuro, como os EUA já estão fazendo. Mas minha grande dúvida é o que nos aprendemos com essa pandemia”. Comenta sobre o poder de fogo da cadeia do agenciamento de viagens.

Roberto Nedelciu: Cita o caráter transversal do turismo, do ponto de vista dos operadores. Conta os esforços que a Braztoa realizou para manter os associados informados. “Temos feito contatos no mundo todo, para acompanhar a dinâmica de novos produtos turístico para a retomada pós-pandemia. Acredito muito na superação e no futuro do Brasil, enquanto destino turístico”.

Gervasio Tanabe: “Todos nós e as entidades que representamos somamos esforços pela superação. Enfrentamos o problema do custo do capital, para a sobrevivência das associadas Abracorp; mas não adiante sobreviermos se isso não ocorrer, também, com os nossos fornecedores. Tivemos um profundo aprendizado. O fato é que a retomada já está acontecendo. E, certamente, entraremos, em breve, numa onda positiva”.

Perguntas de jornalistas especializados

Questões enviadas em vídeo para respondentes do webinar. Aqui, perguntas e respostas editadas.

Rodrigo Vieira (Panrotas), a Eduardo Sanovicz

Como você vê a judicialização em relação a serviços aéreos; a proliferação de empresas especializadas em direito do consumidor. Isso pode atrapalhar a retomada? Como lidar com isso?

ES: “Um dos três temas centrais da agenda Abear é fazer com que nosso ambiente de trabalho e relacionamento comercial com os consumidores seja alinhado ao ambiente internacional. Nós fazemos de tudo para que, no Brasil, o produto final ofertado ao consumidor possa ser o mesmo que aquele ofertado ao consumidor de outros destinos internacionais. Desafio para que isso aconteça: alinhar os ambientes regulatório. Tributário e de consumo – nesse caso,, notadamente, o querosene de aviação”. Menciona insegurança e discrepância das decisões jurídicas e, também, o surgimento de ‘abutres’ que se dedicam a explorar esse ‘pântano’, para auferir vantagens financeiras nas demandas judiciais. Não acredita que essa questão vá atrapalhar o processo de retomada, mas pode deixá-lo mais caro. Ao final, condiciona retomada ao sucesso da vacinação e que seja mantido o espírito de união entre os players do setor, no pós-pandemia.

André Coutinho, Rádio Band News FM, a Gervasio Tanabe

Vocês já falaram bastante, nesse webinar, sobre os desafios. Mas eu queria saber se existe a possibilidade de o mercado de viagens corporativas fazer alguma espécie de simbiose com o mercado de turismo a lazer. Essa pode ser uma saída interessante?

GT: “Na verdade, André, isso já está acontecendo. É o famoso bleisure (neologismo da língua inglesa, que funde business e leisureOu negócio e lazer). Entre outros ensinamentos, a pandemia aguçou a percepção para novas oportunidades de negócios. A Abracorp considera o bleisure uma tendência já esboçada antes da pandemia e que, na retomada gradual que se desenha, deve figurar como boa alternativa ao trade”. Tanabe acredita que a vacinação vai criar condições para se dar vazão a uma demanda reprimida considerável.

Anderson Masetto, Mercado & Eventos, a Marco Ferraz

No ano passado, houve uma expectativa muito grande sobre a liberação de cruzeiros. A Anvisa acabou não se pronunciando e a gente teve o cancelamento da temporada. Esse ano isso pode acontecer novamente? Com boa parte da população vacinada, poderia haver uma flexibilização até o início da temporada?

MF: ”No ano passado, nossos protocolos foram muito bem recebidos pela Anvisa. O fato é que todas as nossas embarcações foram devidamente redimensionadas – dos restaurantes aos cassinos, passando pelos demais ambientes do navio”. Marco Ferraz explicita seu otimismo em relação à retomada das operações dos cruzeiros marítimos; projeta estatísticas favoráveis quanto ao número de vacinados até novembro 2021.

Paulo Atzingen, Diário do Turismo, a Roberto Nedelciu

A IATA tem uma cobrança anual, uma espécie de caução, uma carta de fiança bancária que exige das operadoras. Um pequeno operador amigo meu disse que, no mínimo, a taxa anual é de 25 mil dólares. A Braztoa tem poder de negociação, levando-se em conta a pandemia, prazos maiores e valores menores em relação às cobranças da IATA? Outra questão é sobre uma declaração sua na posse da diretoria da Braztoa. Você falou em iniciar um novo ciclo. Pode falar disso?

RN: “Assim que começou a pandemia, a Braztoa passou a realizar webinars sucessivos com associações diversas. E uma delas foi a IATA. Na oportunidade, nossos associados puderam tirar vários tipos de dúvidas. Aprendemos, por exemplo, que a taxa mencionada de US$ 25 mil não é regra. E que existem, hoje, três tipos de credenciamento. O mais simples deles praticamente isenta o pagamento de US$ 25 mil. Quanto ao ‘novo ciclo’, eu me referi ao segundo mandato que se iniciava. Depois de dois anos, um novo ciclo. Voltando à pergunta anterior, convide o seu amigo operador para se aproximar da Braztoa”.

Camila Luchesi, Brasilturis, a Orlando Souza

Quais estratégias a hotelaria vem encampando para estimular a demanda no curto prazo, pensando nas viagens pós-vacina? O que você, Orlando, tem visto em termos de boas práticas globais, com viabilidade de desenvolvimento em um momento que ainda demanda fazer mais com menos?

OS: “Eu e Camila já fomos colegas de trabalho. A estratégia para a demanda é o ponto crucial do nosso problema. Os meios de hospedagem, cada vez mais, terão de absorver os recursos oferecidos pela tecnologia. Que não fizer isso, terá um problema muito sério para sobreviver. No pós-pandemia, haverá um rearranjo, um reequilíbrio da oferta. Vale lembrar: há um potencial enorme de expansão da demanda”.

Luiz Henrique, Agência Amigo, a Magda Nassar

Qual o perfil dos novos destinos e roteiros turísticos que a ABAV considera serem mais competitivos nas próximas temporadas?

MN: “Eu acho que o mundo é um só, Luiz. Ele continua o mesmo. Antes e depois da pandemia. Há brasileiros que entenderam as mudanças e outros que não, que preferem seguir uma linha tradicional. O futuro, à nossa frente, é composto de pessoas vacinadas, protocolos mantidos, pessoas viajando de forma consciente, com muito mais responsabilidade. Isso está claro no Manual do Viajante Responsável, do Movimento Supera. Vejo, no futuro, um turismo muito mais limpo, responsável e seguro”.

Participação da imprensa

O Movimento Supera Turismo Brasil manifesta reconhecimento de mérito ao relevante papel desempenhado pelos veículos de comunicação que apoiam as ações empreendidas, de maneira voluntária, por todos os atores envolvidos nas campanhas que realiza e são divulgadas pelo Comitê de Comunicação. Nesta oportunidade, Carlos Prado, cofundador do Movimento Supera Turismo Brasil, estende a todo os órgãos de imprensa a mesma sugestão que fez e foi acatada pelos canais de TV aberta e por assinatura do Grupo Bandeirantes. Ou seja: “Sugerimos aos âncoras dos telejornais que coloquem as máscaras ao término de cada apresentação; pois uma imagem fala mais que mil palavras e, no atual cenário, representa um exemplo a ser seguido pela audiência”.

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