Videogame: Afinal, eles fazem bem ou mal para o cérebro?
“Não se deve analisar dados isoladamente, principalmente, quando se trata de cérebro”, afirma o Pós PhD em neurociências e especialista em genômica, Dr. Fabiano de Abreu Agrela
Os videogames são uma das formas mais populares de entretenimento entre os jovens, mas com a facilitação do acesso a eletrônicos e internet aos poucos eles passaram de ser uma diversão periódica para se tornar uma rotineira, o que gerou diversas dúvidas sobre os impactos desse uso no cérebro.
De acordo com o Pós PhD em neurociências, especialista em genômica e membro da Royal Society of Biology no Reino Unido, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, jogar videogames não deve ser visto totalmente como negativo, nem totalmente como positivo.
“Os videogames podem sim gerar inúmeros malefícios para o desenvolvimento cerebral, inclusive quando é usado em idades menores, mas também pode fazer o caminho contrário e ajudar no desenvolvimento cognitivo. Isso depende de diversas variáveis, como o tempo de uso, a idade do jogador, o tipo de jogo, entre outros”.
Os impactos do videogame no cérebro
De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Szeged, na Hungria, e publicado na revista científica “neuroscience”, o uso de videogames 3D aumenta o volume da parte direita do hipocampo, o que poderia ajudar em habilidades de aprendizagem e memória.
No entanto, outros estudos também demonstram problemas de déficit de atenção, inteligência emocional, vícios, prejuízos de sono e desenvolvimento cerebral, efeitos que poderiam se manifestar de forma mais intensa em crianças e adolescentes.
O que está por trás do uso de videogames?
Antes de entender os reais impactos do videogame no cérebro é preciso ir mais a fundo e entender o porquê de eles serem tão atrativos, algo que pode se dever tanto à forma como são pensados, como à genética, como explica Dr. Fabiano de Abreu.
“Uma grande parcela do que torna os videogames tão viciantes é a sua formulação ser pensada para isso, para cativar o jogador de forma lúdica, o que afeta mais fortemente crianças, mas também há raízes genéticas, como reforça um estudo publicado na revista científica ACAMH, que analisou gêmeos e o uso de videogames e chegou à conclusão de que fatores genéticos estão por trás do jogo em excesso”, afirma.
Mocinhos ou vilões?
“Quando se trata de ciência nada é tão simples quanto um sim ou não, ou um bom ou ruim, nunca se deve analisar dados isoladamente, principalmente quando se trata de cérebro. Neste caso existem indicativos tanto de benefícios, quanto de malefícios dos videogames e ambos estão corretos, mas o que define se os impactos do uso dessa tecnologia será bom ou ruim são vários fatores”.
“O tipo de jogo e sua compatibilidade com a idade do jogador, o tempo e a frequência com que se joga, se essa atividade é feita sozinho ou em grupo, e etc., o videogame pode tanto estimular o desenvolvimento de memória, cognição e raciocínio, quanto reduzir essas habilidades, tudo depende da forma como ele é utilizado”, ressalta Dr Fabiano de Abreu.
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Sobre Dr. Fabiano de Abreu Agrela
Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues MRSB é Pós PhD em Neurociências eleito membro da Sigma Xi, membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos , membro da Royal Society of Biology no Reino Unido e da APA – American Philosophical Association também nos Estados Unidos. Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia e filosofia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. Membro das sociedades de alto QI Mensa, Intertel, ISPE High IQ Society, Triple Nine Society, ISI-Society, Numerical e HELLIQ Society High IQ. Autor de mais de 220 artigos científicos e 17 livros.
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