Últimos dias do Festival Panorama Raft exibe obras
Piauí, Ceará, Maranhão, Bahia e São Paulo
O Festival Panorama Raft, que está exibindo de forma remota desde a última semana projetos de diversos artistas do Brasil, está chegando aos seus últimos dias. Entre hoje, 30 de setembro, e segunda, 3 de outubro, serão apresentadas três criações inéditas, além de um projeto de pesquisa e desenvolvimento. São eles: Serenatas Dançadas (01/10, 20h), À Disposição do Assombro (02/10, 19h), Assombros e Trincheiras: O que Acontece Depois Que o Mundo Acaba (?) (03/10, 19h) – criações – e ÌYAWÓ – Filhos do Encanto (30/09, 20h) – pesquisa. Para assistir gratuitamente aos trabalhos selecionados pela comissão do evento, basta acessar o site oficial: http://panoramafestival.com/. Os detalhes sobre cada um deles segue logo abaixo:
Criações:
Serenatas Dançadas, de Soraya Portella, do Piauí (foto) – cinco corpos, da periferia do Nordeste brasileiro, sobreviventes a uma pandemia e ao momento político do Brasil, que articulam suas biografias e paisagens íntimas para produzir algum tipo de resposta para este tempo. Serenatas Dançadas é um testemunho performático, uma tomada de posição, um manifesto e um desnudar do tempo que nos leva a repensar, perceber e reconhecer nossos atuais discursos frente a diversidade e as incertezas do mundo de hoje.
À Disposição do Assombro, de Wellington Gadelha, do Ceará – com sua bicicleta e mochila nas costas, eis um corpo, um mensageiro favelado, que se embrenha em um pedaço do Ceará Profundo, um Nordeste Antigo. Carregando encantarias e a sorte em estar vivo, seu exercício é encruzar fronteiras, propagar o anúncio e ter nos sonhos o lugar no qual o terror não entra. Sua função é ser guardião, escutar os caminhos e levar um manifesto aos viajantes. Confere a este, a agilidade e rapidez de compartilhar uma mensagem antes que o assombro tome de conta e cubra os seus olhos. No Brasil do Assombro, criar a fuga anunciando um Manifesto do Sonho é zelar pela única saúde que se tem.
Assombros e Trincheiras: O que Acontece Depois Que o Mundo Acaba (?), de Tieta Macau, do Maranhão – Abeju Rizzo, do Ceará, Elton Panamby, da Bahia, e Inaê, de São Paulo – vulto no tempo, glitch ancestral e delay histórico. Lança lançada sobre a colônia, facão empunhado de proteger cria, presenças que não se findam num enquadramento necrótico, mas escamosamente serpenteiam pelo abismo. Trincheira que é assombro aberto, esteja encruzade na encruzilhada, esteja acocorade no brejo. Vulto vela veloz. Pirilampo e pérola. Para quem e como que acaba o fim? A caligrafia vem espiralada, então para entrar tire os calçados.
Projetos de pesquisa e desenvolvimento:
ÌYAWÓ – Filhos do Encanto, da Bahia
Crédito: Fabíola Nansurê
ÌYAWÓ – Filhos do Encanto, de Nando Zâmbia, Luiz Antônio Sena Jr. e Hiran, da Bahia (foto) – propõe uma investigação sobre a iniciação religiosa no Candomblé, processo este que se dá a partir de rituais que consagram o não iniciado em “Omo Orixá” (Filho de Santo), em meio pandemia da COVID-19. Vislumbrando o Candomblé não só como religião, mas como expressão da cultura africana em diáspora, este projeto se debruçará sobre a figura do Ìyàwó para discutir questões inerentes ao povo de santo, povo preto, interiorano e periférico, assim como as violências incentivadas pelo racismo e ódio religioso que há séculos isolam estes corpos nas margens definidas pela hegemonia branca. Numa reflexão sobre isolamento/recolhimento, contágio/transferência, vida/morte, grupo de/no risco, os quatro multiartistas recorrem as suas experiências biográficas colocando em xeque o vírus colonial que lhes atravessa como sujeitos e artistas.
O Panorama Raft faz parte do tradicional Festival Panorama, um dos principais eventos de artes do corpo, dança e performance do Brasil e da América Latina. O dispositivo de criação temporário e flutuante foi feito em cooperação e financiado por 17 projetos internacionais de referência para artes performáticas: CAC Contemporary Arts Center (EUA) , CCN de Caen en Normandie (França), Charleroi Danse (Bélgica), DanseHallerne (Dinamarca), FTA Festival Transamériques (Canadá), Gessnerallee (Suíça), HAU Hebbel am Ufer (Alemanha), In Between Time (Reino Unido), PACT Zollverein (Alemanha), Points Communs (França), SESC São Paulo (Brasil), Teatro Municipal do Porto (Portugal), Trajal Harrel/Tickle the Sleeping Giant Inc (EUA), Hyperjetlag Arts (EUA), Voo?uit (Bélgica), Walker Art Center (EUA).
Sobre o Festival Panorama
Com sua primeira edição realizada em 1992, o Festival Panorama traz a proposta de ocupar a cidade do Rio de Janeiro com dança, artes do corpo e projetos dos mais variados formatos, apresentando as relações que o corpo constrói com o espaço, tempo e público através do movimento. Ao longo de mais de 25 anos apresentou companhias e artistas nacionais e internacionais, com papel fundamental na construção da memória da dança e da arte contemporânea no Rio de Janeiro, assim como a importância da relação entre esta e o seu público.
O evento busca não somente oferecer uma programação inovadora e experimental, mas também promover discussões que atinjam o pensamento e a participação social sobre as mais variadas vertentes performativas. Antes da pandemia do Covid 19, todos os anos, nomes internacionais da dança desembarcaram no Brasil através do projeto. Em quase 30 anos, já foram apresentados nomes como Xavier Le Roy, Jerome Bel, Ballet de Lorraine, Boris Chamatz (França), Boyzie Chekwana (áfrica do sul), BranchNebula (Austrália), Deja Donne (Itália), Filipa Francisco, Tiago Guedes (Portugal), Panaíbra Gabriel (Moçambique), Manuel Vason (Reino Unido), Thomas Hauert, Rosas (Bélgica), Marcel Gbefa (Benim), Contact Gonzo (Japão), Roger Bernat, Olga Mesa (Espanha), taldanscompany (Turquia), Trajal Harrel, Meg Stuart (EUA), Emio Greco (Holanda), entre outros artistas de todos os continentes.
Festival Panorama Raft
Datas: até 3 de outubro, domingo
Site oficial: http://panoramafestival.com/
Instagram: @festivalpanorama
Link para fotos: https://drive.google.com/
Programação:
Criações:
01/10 | 20H – SERENATAS DANÇADAS | SORAYA PORTELA
02/10 | 19H – À DISPOSIÇÃO DO ASSOMBRO | WELLINGTON GADELHA
03/10 | 19H – ASSOMBROS E TRINCHEIRAS: O QUE ACONTECE DEPOIS QUE O MUNDO ACABA (?) | TIETA MACAU + ABEJU RIZZO + ELTON PANAMBY + INAÊ MOREIRA
Projetos de pesquisa/desenvolvimento:
30/09 | 20H – ÌYÀWÓ – FILHOS DO ENCANTO | NANDO ZÂMBIA + LUIZ ANTÔNIO SENA JR + HIRAN + IVAN BINA
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