Taxa de câmbio poderia estar em patamar mais baixo, diz Ouribank
Variáveis como política fiscal brasileira e taxa de juros nos Estados Unidos estão entre as principais causas da instabilidade cambial, segundo a Economista-Chefe da instituição, Cristiane Quartaroli As projeções do mercado apontam um cenário de contínua volatilidade e ainda “ruim” para o câmbio, mesmo diante dos bons fundamentos macroeconômicos externos e no Brasil que vêm sendo observados neste ano, afirmou a Economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, em entrevista coletiva nesta terça-feira, 20. O último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira, 19, projeta a cotação do real ante o dólar próxima de R$5,30, ao final de 2024 e de 2025. “Mesmo com possíveis intercorrências, o câmbio poderia ser mais baixo do que os R$ 5,40 de hoje e os R$ 5,30 estimados para o final do ano, mas ele depende de muitas variáveis”, disse a economista, que atribui a desvalorização do real a fatores internos e externos. No Brasil, ela aponta, principalmente, a política fiscal e as eleições municipais neste ano, quando os governos tendem a gastar mais, como estimuladores da possível continuidade do cenário volátil. “Há pouca sinalização por parte do governo de como pretende zerar o déficit em 2025. A arrecadação está melhorando, mas ainda é insuficiente para cobrir os gastos. O governo tem ainda perfil expansionista. Assim, o mercado entende que isso somente será possível a partir de 2027, o que reduz o apetite a risco de investidores estrangeiros. Com menos dólares entrando, como mostra o fluxo financeiro negativo nos últimos doze meses, a taxa de câmbio também é impactada”, explicou Quartaroli. O câmbio também tem sido pressionado pela permanência dos juros nos Estados Unidos em patamar alto por longo prazo, que atrai os investidores. A Economista-chefe do Ouribank, entretanto, acredita que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deverá reduzir a taxa em setembro. “O quadro hoje é de desaceleração da inflação mundial. Das economias avançadas às emergentes, todas tiveram comportamento mais benigno, o que evidencia os bons fundamentos dessas economias e tem favorecido uma postura menos restritiva na política monetária de diversos países. Um dos exemplos a reduzir a taxa foi a Zona do Euro e tem-se a expectativa de que os Estados Unidos devem fazer isso a partir de setembro”, analisou. Segundo Quartaroli, a dúvida externa, que gera volatilidade no mercado e na taxa de câmbio, é qual será a magnitude do corte e se o Fed continuará a reduzir a taxa. “A atividade econômica americana vem desacelerando de forma constante e gradual, o que dá apoio ao Fed para iniciar o ciclo de queda. Mas havia dúvida também se estão entrando em recessão, por isso o estresse no dólar nas últimas semanas. Hipótese que não se confirma, pois embora a atividade esteja volátil ainda está em terreno positivo, com o mercado projetando crescimento de 2,6% para os Estados Unidos neste ano.” Eleições presidenciais conturbadas nos Estados Unidos também são um ponto de atenção que poderá estender a volatilidade cambial, disse a Economista-chefe do Ouribank, que lista outras sinalizações positivas para o mercado brasileiro vindas do exterior, especialmente da China, cuja corrente comercial está se recuperando, após a queda acentuada em decorrência da pandemia. “Os dados dos últimos doze meses mostram que a corrente já está próxima de crescimento, o que é muito importante para o Brasil, pois a China é dos principais parceiros comerciais do Brasil ao lado dos Estados Unidos, respondendo por mais de 30% das exportações brasileiras e por 24% das importações. Embora a expansão de 5% prevista para a economia chinesa não seja muito comemorada.” Bons fundamentos, otimismo Aliado à boas notícias externas, a economista mostra otimismo também com os fundamentos da economia brasileira, com taxa Selic em nível mais baixo, crescimento significativo no Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre e saldo da balança comercial positivo, mesmo que menor por ter sido afetado por quebras em algumas safras causadas por questões climáticas. |
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“O PIB tem se mostrado resiliente, impulsionado pela alta do consumo das famílias, do aumento na renda e de alguns setores, como o de serviços. Tem possibilidade de crescer ainda mais e o mercado dobrou a estimativa de expansão para 2024, que deverá ficar em mais de 2,20%. A inflação está mais baixa, mesmo que tenha piorado um pouco e ainda preocupe o Banco Central. No entanto, ainda é cedo para falar em alta dos juros no Brasil e a Selic deverá encerrar o ano em 10,50%”, ela observou. Para Quartaroli, se houver continuidade da melhora no cenário externo, mais comprometimento do governo com a política fiscal, crescimento consolidado do PIB e redução da inflação e da Selic, o câmbio poderia alcançar R$ 4,90. “Se este cenário não vingar e o Banco Central reduzir os juros para agradar ao governo, poderia ir a R$ 5,80, bem além dos R$ 5,30 estimados pelo mercado”, alertou Quartaroli, que assegurou, entretanto, que prefere preservar o otimismo. Sobre Ouribank: Com mais de 40 anos no mercado, Ouribank é referência em serviços especializados de câmbio. Com um compromisso de transparência, seriedade e inovação, o Ouribank atendeu mais de 500 mil clientes e realizou mais de 1 milhão de operações de câmbio, e em 2023 foram mais de 30 bilhões de dólares transacionados. A história do Ouribank é marcada pela excelência no atendimento personalizado, refletindo seu compromisso em inovar, trazer eficiência e superar as expectativas dos clientes. |