Situação econômica de bares e restaurantes cearenses é agravada por vício em apostas

Apesar do período de alta estação, bares e restaurantes cearenses apresentaram mais um mês com as contas no vermelho, de acordo com levantamento divulgado pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Na pesquisa que apresenta o panorama de julho, 57% dos estabelecimentos operaram sem fazer lucro durante o mês.

Dentre os fatores que podem ter ocasionado o percentual negativo está a queda no número de clientes e, consequentemente, nas vendas. Mesmo sendo um mês de férias escolares e alta estação, 78% dos bares e restaurantes registraram uma redução no número de clientes em julho. O mesmo percentual se aplica para os empreendimentos que tiveram queda nas vendas no mês.

Para Taiene Righetto, presidente da Abrasel no Ceará, o esvaziamento dos empreendimentos do setor podem estar sendo ocasionados pelo uso desregulado de casas de apostas dos mais variados segmentos.

“De acordo com um relatório divulgado pelo Itaú, em 2023, os brasileiros gastaram R$68,2 bilhões em apostas, tendo um prejuízo de R$23,9 bilhões no balanço entre apostas ganhas e perdidas. A verdade é que a grande maioria dos brasileiros – 60%, de acordo com o mesmo estudo – estão imersos nesse mercado de alto risco e tendo prejuízos, comprometendo a renda familiar e, consequentemente, frequentando pouco os bares e restaurantes por falta de recurso”, comenta.

A pesquisa da Abrasel mostra que 47% dos estabelecimentos não conseguiram aumentar os preços nos últimos 12 meses; apenas 10% conseguiram efetuar o reajuste acima da inflação. Além disso, o endividamento é outra realidade preocupante. Quase metade dos empreendimentos (49%) estão com dívidas. Dentre as principais, estão os impostos federais, estaduais, empréstimos bancários e contas de água, luz e telefone.

Taiene explica que caso não haja medidas eficazes, o setor pode ter uma baixa no número de contratações, impactando diretamente na taxa de desemprego.

“Bares e Restaurantes continuam em sua maioria sem realizar lucro, com alto endividamento e sem conseguir repassar a inflação aos seus cardápios. Se não houver uma ação rápida, corremos o risco de frear o bom momento na geração de empregos no setor. Os dados recentes do PIB mostram que houve aumento do consumo das famílias no segundo trimestre, mas em julho os nossos índices já apontam uma queda. Ainda assim continuamos otimistas quanto ao fim do ano, mas reforçamos que é preciso um olhar urgente para as empresas em dificuldade”, conclui.

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