Sesc promove Semana Social do Envelhecimento e propõe reflexões sobre os estigmas associados à velhice
Na programação, destaque para a palestra com a geriatra Karla Giacomin e o bate-papo com Dona Onete, a Rainha do Carimbó
Dona Onete foi professora de História durante 25 anos, Secretária de Cultura e fundadora de grupos de dança e música regional, no Pará. Mas somente aos 62 anos de idade começou a viver seu sonho e hoje é conhecida em todo o Brasil como a Rainha do Carimbó. Ao se destacar, dá início a uma nova fase na história do carimbó, gênero musical em que imperava a presença masculina, rompendo ainda o tabu sobre a vida sexual dos idosos ao abordar o tema da sedução em suas composições. Inspiradora, ela é a convidada do Sesc Ceará para encerrar a Semana Social do Envelhecimento de 2020. Realizado anualmente, esse ano o evento acontece de 25 a 27 de novembro e traz como tema central os “Desafios do Envelhecer: Caminhos do Afetar, Conectar e Cuidar”. Toda a programação é gratuita e virtual, com transmissão pelo YouTube do Sesc Ceará.
“A proposta é falar da realidade da sociedade brasileira, de como percebemos a velhice e como fazemos os enfrentamentos aos preconceitos e mitos relacionados a ela, sobretudo no contexto de pandemia”, explica a supervisora da Assistência da Unidade Sesc Fortaleza, Thaís Castro. A Semana Social do Envelhecimento é realizada pelo Trabalho Social com Grupos para promover reflexões sobre aspectos relativos ao envelhecimento, através de palestras e oficinas destinadas aos longevos.
Dentro da programação, se destaca ainda a apresentação dos resultados da pesquisa desenvolvida pelo Sesc, mais especificamente pelo grupo de trabalho: Pesquisa, Articulação, Mobilização e Sustentabilidade, sobre o Impacto da Pandemia de Covid-19 em Pessoas Idosas no Município de Fortaleza. O estudo avalia o impacto da doença em pessoas idosas, a partir da taxa de óbitos, tendo em vista que mais da metade das pessoas que desenvolvem a forma grave e não resistiram à doença tinham pelo menos 60 anos.
A análise estatística correlacionou a taxa de óbito por Covid-19 em pessoas idosas a alguns aspectos sociais e econômicos, por exemplo: renda, IDH longevidade, IDH educação, domicílios sem energia elétrica, domicílios sem água encanada, entre outros. “Identificamos quantas pessoas a partir de 60 anos tiveram a causa da morte associada à Covid-19, em cada um dos 121 bairros do município de Fortaleza. Descobrimos então que, apesar do corona vírus infectar todas as pessoas, onde as condições sociais e econômicas são mais favoráveis os impactos da doença são menores”, adianta a supervisora.
Os resultados deste estudo vão ser apresentados durante a Semana Social do Envelhecimento. “Além disso, nós vamos conversar sobre as estratégias que podemos construir para lidar com as questões que surgiram ou que se agravaram durante a pandemia”, conclui Thaís.
Programação Semana Social do Envelhecimento
Transmissão: YouTube Sescce
Quarta-feira (25/11)
Horário: De 15 às 16h
Palestra – Recomeçe e reinvente-se: não tenha pressa, mas não perca tempo, com Karla Giacomin
A ideia é tratar sobre a velhice enquanto etapa que implica mudanças naturais (orgânicas e sociais) que requerem adaptação, no sentido de reinventar possibilidades de atuação comunitária, bem como, no tracejo de novos projetos de vida. Sobretudo no contexto pandêmico, em que urge a necessidade de se pensar em estratégias para resistir e se reinventar, seja com o aprendizado do manejo das tecnologias, seja na acomodação da experiência de solitude, decorrida do isolamento social. O primeiro dia abre as discussões com uma proposta vivencial que trabalha essas questões de forma a acolher os idosos que estão implicados nessa tessitura.
Sobre a palestrante: Karla Giacomin é graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (1990), com Residência e especialização em Medicina Geriátrica pela Universidade Louis Pasteur (Strasburgo França); Mestrado em Saúde Pública, com ênfase em Epidemiologia (UFMG) e Doutorado em Ciências da Saúde (CPqRR/FIOCRUZ).
Quinta-feira (26/11)
Horário: De 15 às 16h
Palestra – Conhecer, Emancipar e Agir: Um Estudo Sobre o Impacto da Pandemia de Covid-19 em Pessoas Idosas no Município de Fortaleza, com Mariana Lima dos Reis e, Joseane Costa Soares (Sesc/CE), Elcyana Bezerra Carvalho e Evaldo Cavalcante Monteiro.
Este dia se destina à apresentação dos resultados da pesquisa desenvolvida pelo Sesc no grupo de trabalho: Pesquisa, Articulação, Mobilização e Sustentabilidade, formado este ano dentro da Assistência do Sesc Fortaleza, visando contribuir no desenvolvimento de estratégias e intervenções que tivessem relação com o cenário pandêmico vivenciado.
Sobre os convidados: Elcyana Bezerra Carvalho possui graduação em Terapia Ocupacional pela Universidade de Fortaleza (1990). Especialização em Gerontologia pela Universidade Estadual do Ceará – UECE (1993). Mestrado em Psicologia pela Universidade de Fortaleza (2003). Doutora em Gerontologia – UNICAMP (2017). Atualmente é coordenadora e professora da Especialização em Gerontologia na Universidade de Fortaleza. Evaldo Cavalcante Monteiro Graduado em Terapia Ocupacional pela Universidade de Fortaleza (1984), Especialista em Gerontologia pela Universidade de Estadual do Ceará, Mestre em Gerontologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2002) e Doutor em Educação Pela Universidade Federal do Ceará (2018).
Sexta-feira (27/11)
Horário: De 15 às 16h
Bate-papo – Envelhecimento na Contemporaneidade: Desafios e Estratégias do Existir, com dona Onete.
O encerramento deste ciclo de discussões traz a artista dona Onete para um bate-papo. A proposta é personificar a ideia de resistência, de quebra de estereótipos negativos atrelados ao sujeito velho e ressaltar a potência da arte na contribuição da mudança de paradigmas sociais. O nome de dona Onete foi cotado por esta ser uma mulher idosa e artista atuante, que vai à contramão da imagem de decrepitude e perdas arreigada no imaginário social quando se fala em velhice.
Sobre a convidada: Dona Onete foi Professora de História durante 25 anos, Secretária de Cultura e fundadora de grupos de dança e música regional, no Pará. Depois de aposentada, aos 62 anos de idade, pôde fazer da música seu projeto de vida. Participou de importantes grupos folclóricos e, em 2012, gravou e lançou seu primeiro CD. Sua música “Boto Namorador” foi destaque na novela da Rede Globo. Além dela, “Jamburana” e “Feitiço Caboclo” emplacaram em novelas da emissora. Já participou de diversos programas da emissora e outras TV ’s do Brasil e exterior, como especiais para rádios europeias (incluindo dois shows na BBC de Londres). Em 2017 Dona Onete fez sua quarta turnê na Europa passando por grandes festivais como Rudolstadt Festival na Alemanha, Zwarte Cross na Holanda, WorldWide Festival em Sète – França (do renomado DJ e produtor Gilles Peterson).