Seminário dá início à semana de troca de experiências com pesquisadores europeus
o Auditório da Embrapa, em Brasília, ficou lotado para receber o Seminário Internacional – A experiência europeia e brasileira na promoção do uso e conservação da biodiversidade. O evento marca o início de uma semana de troca de experiências no Brasil entre pesquisadores da Embrapa com pesquisadores de Universidades europeias, parte do Projeto Diálogos Setoriais, promovido pela União Europeia, Ministério de Economia, Ministério de Relações Exteriores e do Projeto Bem Diverso (PNUD/GEF/EMBRAPA).
Anderson Sevilha, coordenador do Projeto Bem Diverso, avaliou esta primeira fase do encontro no Brasil como muito produtiva. “Tivemos a oportunidade de conhecer as boas práticas que vêm sendo conduzidas não só na Europa como também em outras partes do mundo”.
Segundo ele, tais práticas combinam com as experiências que são realizadas no Brasil. E, com isso, é possível traçar os paralelos e as concordâncias que existem entre essas vivências.
A mesa de abertura do Seminário foi composta por Katyna Argueta, representante-residente do PNUD, Maria Cléria Valadares Inglis, chefe-geral da Embrapa Cenargem, Ignacio Ybáñez, embaixador da União Europeia, e Guy de Capleville, diretor da Embrapa.
Em sua fala, a representante-residente do PNUD no Brasil destacou que as ações em curso valorizam a vida no planeta e o bem-estar de seus habitantes, os quais dependem da conservação da biodiversidade.
Para o embaixador Ibáñez, o tema desses diálogos está em consonância com uma das maiores prioridades da União Europeia, que é a proteção da biodiversidade. “A UE tem quer aprofundar as relações e trabalhar conjuntamente em projetos que vão a regiões que têm mais necessidade onde se pode realmente proteger a biodiversidade, mas também criar atividades que sejam sustentáveis”, disse.
A importância da pesquisa científica para firmar as bases do desenvolvimento sustentável foram pontos abordados pela chefe-geral e pelo diretor da Embrapa. “Temos conhecimento e queremos muito que nosso povo saia da miséria, mas de forma sustentável. Vamos continuar apoiando essas ações porque nosso foco é fazer agricultura sustentável e desenvolver tecnologias para que possamos explorar o meio ambiente de forma totalmente condizente em termos de preservação”, afirmou Guy.
Experiência europeia
O professor Ossi Ollinaho, da University of Helsinki, na Finlândia, que já realizou pesquisas no Brasil, abriu as mesas temáticas para falar sobre níveis de políticas públicas e questões sistêmicas na agrossilvicultura: autonomia, longevidade e descentralização.
Em seguida, foi a vez de Dietrich Darr – da Hochschule Rhein-Waal University of Applied Sciences – apresentar sua experiência sobre “A contribuição dos produtos florestais para o desenvolvimento rural no Sul global: o exemplo das florestas de nozes no Quirguistão”.
Mikko Kurttila, da Luke Natural Resources Institute Finland e Jukka Tikkanen, da University of Eastern Finland (Finlândia), abordaram o uso comercial; as políticas públicas, as pesquisas e a educação no contexto dos Produtos Florestais Não-Madeireiros (PFNM).
Após uma pausa para o almoço, servido pela Central do Cerrado, com produtos do bioma especialmente selecionados para promover uma experiência também gastronômica para o grupo, Verina Ingram, da Wageningen University and Research (Países Baixos) apresentou painel com o tema Lições do uso múltiplo de paisagens florestais e o desenvolvimento de cadeias de valor de PFNM.
Para concluir as mesas temáticas, Anderson Sevilha relatou aos presentes as lições aprendidas no projeto, oportunidades e desafios. Ele destacou que já foram desenvolvidas mais de 4 mil atividades no âmbito do projeto até o ano de 2018, incluindo o trabalho realizado com as 72 unidades demonstrativas, cadeias produtivas, diagnósticos socioeconômicos, acordos de uso água, estudantes envolvidos e capacitados, dentre outras ações. Atualmente, são 14 unidades da Embrapa envolvidas diretamente no projeto e parcerias com mais de 42 instituições que fortaleceram as ações e ajudaram a dar continuidade e multiplicação do trabalho. O evento foi encerrado com um debate na presença de todos os palestrantes.
Viagem a campo
Os pesquisadores europeus seguem agora para uma viagem imersiva no território do Alto Rio Pardo, ao norte de Minas Gerais, para acompanhar o desenvolvimento das atividades promovidas pelo Projeto Bem Diverso.
“Levando o pessoal a campo, a gente espera que eles consigam identificar um pouco melhor como a gente trabalha e desenvolve essa perspectiva de conservação e promoção do uso da biodiversidade aqui no Brasil”, contou Sevilha.
A partir de então, a intenção é construir uma proposta conjunta para multiplicar as ações que estão sendo desenvolvidas no âmbito do Projeto Bem Diverso, nos diferentes territórios. Segundo o coordenador do projeto, a ideia é levar essa experiência para outros locais, como a África e a Ásia, onde existem problemas semelhantes.
Diálogos setoriais
Firmado em 2007, o Projeto Diálogos Setoriais tem por objetivo a troca de conhecimentos, experiências e melhores práticas de natureza técnica, política ou ambas, em temas de interesse comum e que ocorram regularmente em diferentes níveis hierárquicos. A primeira etapa do projeto aconteceu em 2019 com o encontro de pesquisadores da Embrapa com pesquisadores de Universidades europeias em cidades da Alemanha, Finlândia e Holanda. Os locais visitados foram a Rhine-Waal University, (Alemanha); a Wageningen University & Research, (Holanda), o Luke Natural Resource Institute, a University of Eastern Finland; e a University of Helsink, (Finlândia).