Reta final para o Enem: jovens relatam desafios na rotina de estudos
Professor afirma que será o mais difícil da história e revela como adotou novas estratégias para não perder a conexão com os alunos.
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022 vai ser aplicado nos dias 13 e 20 de novembro em todo o país, mas para muitos jovens, organizar e seguir uma rotina de estudos tem sido desafiador. A pandemia causou um atraso devastador na educação brasileira e, certamente, os estudantes que farão o Enem este ano serão muito prejudicados pela interrupção das aulas por causa da emergência sanitária.
A situação piorou em 2022: a defasagem educacional se transformou em um abismo. Os alunos que farão esta edição do ENEM 2022 são as crianças do 9º ano do Ensino Fundamental, que ficaram em casa em 2020 e 2021 abandonadas aos próprios recursos educacionais e que agora se veem obrigadas a fazer a prova mais concorrida do Brasil.
Vinícius Oliveira, conhecido na internet como Profinho, foi o 1º Professor Nota 1000 no Enem, e hoje se dedica a preparar jovens para conquistar a pontuação máxima na prova. Mas, além das técnicas para melhorar e aprofundar a argumentação na redação, os alunos têm buscado apoio e orientação para lidar com o impacto dos momentos difíceis no foco e concentração para os estudos.
“O ENEM deste ano será o mais difícil da história justamente porque a prova será aplicada para milhares de estudantes, principalmente de escolas públicas, que, em tempos de escolas sem aulas presenciais, não tiveram acesso facilitado a um computador e à internet”, afirma o professor Vinícius Oliveira, que precisou adaptar seu trabalho voltado para vestibulares para se adequar às novas demandas dos alunos.
A aluna Beatriz, 27, conta que passou por situações complicadas de saúde, como depressão, transtorno de ansiedade e até fibromialgia, que se agravaram após o falecimento de sua mãe. Mas, com muita vontade de se dedicar nessa reta final para o Enem. “A minha dificuldade estava sendo a concentração, eu não conseguia focar nas aulas, não conseguia absorver e aproveitar o conteúdo. Eu faço tratamento e terapia toda semana, todo remédio para depressão e ansiedade. No início eu me questionava muito porque estava acontecendo tudo isso comigo. Essas doenças invisíveis são bastante complicadas”, explica Beatriz.
“Tive que reinventar as minhas aulas porque percebi que os alunos tinham dificuldades que iam além do conteúdo: eles traziam ansiedades, medos e, o mais grave, desinteresse pelos estudos”, afirma o professor.
“Eu comecei a estudar focada no vestibular de medicina quando estava fazendo o 3º ano do ensino médio, e me formei em 2019. No ano seguinte comecei a saga dos cursinhos, fiz 1 ano completo de presencial, até que no 2º ano veio a pandemia e aí vieram os maiores desafios. Com a pandemia, o primeiro desafio foi manter a saúde mental, conciliar o medo, a pressão de estudar sozinha sem saber se daria tão certo quanto em uma sala de aula, a questão do isolamento durante um bom tempo, e a disciplina de estudar em casa”, relata a aluna Esther Jacob, 20 anos.
A partir dessa nova realidade, o Vinícius adotou novas estratégias para não perder a conexão com os alunos, manter a aprendizagem e dar a estudantes de todo o Brasil a confiança necessária para continuar na busca do sonho de ingressar na faculdade:
· Troquei o quadro pelas telas de computadores e redes sociais
· Criei grupos no WhatsApp para entrega de conteúdo gratuito, como aulas gravadas, listas de exercícios e materiais em PDF sobre a redação do Enem. Além disso, os grupos tiveram um papel ainda mais importante: ouvir as dificuldades de cada um e manter um contato mais próximo.
· Passei a fazer lives gratuitas toda semana para minimizar a defasagem dos alunos
· Comecei a fazer encontros no zoom em que os alunos ficam livres para falar sobre seus medos e suas dificuldades.
· Adaptei as aulas para adequar o conteúdo à defasagem decorrente da pandemia.
“É muito triste ver alunos sem esperança de ter um futuro melhor. Minha missão é minimizar o déficit que a Pandemia causou no aprendizado e democratizar o acesso à faculdade, principalmente para os estudantes de escolas públicas que vão fazer o Exame Nacional do Ensino Médio”, finaliza Profinho.