Pressão e ansiedade são as vilãs dos empates na Copa.
Especialistas em desempenho do futebol explicam como a falta de preparo mental resulta em más atuações.
A primeira semana de Copa do Mundo começou a todo vapor, com goleadas, viradas e zebras históricas, como a da Arábia Saudita sobre os hermanos argentinos. No entanto, algo chama a atenção: os empates.
No total, o número de empates já superou o da edição anterior da Copa da Rússia em 2018, contando apenas os sem gols. Apesar dos empates deixarem um ponto para cada equipe na ponta do lápis, eles são o que afastam torcedores ocasionais do futebol.
No entanto, as partidas apertadas nos gols não são apenas falta de pontaria e habilidade da parte dos jogadores. Dois especialistas em desempenho em futebol da RPS (Recovery Performance Sports) — O neurocientista, Fabiano de Abreu Agrela e o preparador mental, Lincoln Nunes — confirmam que uma das principais responsáveis pelos empates é um misto de pressão e ansiedade.
“Há uma pressão emocional no início de uma competição, principalmente, a maior do mundo. Onde todos estão observando cada passo. Considerando a evolução tecnológica e o impacto emocional em toda população, torna-se cada vez mais difícil para um jogador ter um controle emocional e poder apresentar a sua melhor performance. Penso que já passou da hora de todos os jogadores terem preparadores mentais para lidar com essa pressão que é a maior em toda história do futebol. Hoje temos uma massificação da cobrança através das redes sociais, imprensa, do clube, técnico, presidente, empresário e numa copa do mundo, de todo um país e os que governam.” Diz Fabiano.
Lincoln Nunes complementa com uma analogia interessante, o atleta nesta condição está sempre “devendo”.
“Atletas que não tem o preparo mental adequado são como se estivessem com uma dívida no banco. Todo dia é um novo empréstimo parcelado, mas uma hora essa conta vai ter que ser paga. No entanto, a ‘dívida’ vira uma bola de neve tão grande que excede as finanças e te põe no vermelho. É isso que acontece, uma pressão excede o saudável e atrapalha a performance, principalmente por não ter uma preparação psicológica adequada. Um caso ótimo a se observar são as seleções que estão jogando a primeira Copa. O Canadá, por exemplo, por conta da ansiedade, não conseguiu converter em gols as chances devido à ansiedade”. Conclui o preparador.
A fase de grupos termina no dia 2/12, até lá o que o público espera é que essa ansiedade diminua e se transforme em gols.