Planejamento estratégico na pandemia é mais que necessário
Celso Estrella *
Da segunda metade do século 20 até hoje, as mudanças têm se acelerado, o ambiente nunca é o mesmo. Se antes não era tão urgente planejar porque as mudanças eram tão lentas que havia tempo suficiente para as pessoas e empresas se adequarem, agora, com a pandemia restringindo a atuação empresarial, é importante pôr a cabeça para funcionar e imaginar os possíveis cenários e nos prepararmos para enfrentá-los com sucesso.
A diferença entre o simples Planejamento e o chamado “Planejamento Estratégico” é que este olha a empresa com uma visão de helicóptero, ou seja, analisando questões mais profundas e abrangentes do que o dia-a-dia do negócio.
Tecnicamente, trata-se de mapear a Situação Atual, definir a Visão de Futuro e as Ações Estratégicas para alcançar os objetivos, definir a Missão que é a razão de existir da empresa, a Visão que define onde pretendemos chegar (por exemplo em dois anos) e os Valores que são as diretrizes para orientar as nossas atitudes e comportamentos. Finalmente, as Ações Estratégicas que são o detalhamento dos planos, momento em que definimos “quem” vai fazer “o que” e “quando”.
Para construir uma Visão de Futuro eficiente e coerente com a empresa, é importante seguir alguns passos. A princípio, é essencial que se comece pelo sonho, imagine-se no momento para o qual você está fazendo o Planejamento e nesse sonho visite sua empresa, o mercado, seus resultados financeiros. Em seguida, acorde dessa visualização e reveja o que idealizou com os pés no chão, abandone as ideias mirabolantes, mas tenha coragem de assumir as desafiadoras. Por fim, transforme tudo em dados mensuráveis e, com isso, terá sua Visão de Futuro.
É importante lembrar que essa Visão de Futuro não é aquele texto que você coloca na parede da recepção ou no seu site. A frase na parede é um resumo apenas conceitual, sem números, afinal estamos falando de estratégia e não queremos que a concorrência tome conhecimento dos detalhes.
Para reforçar a importância de uma boa Visão de Futuro temos um caso interessante de uma empresa brasileira, contratada por uma famosa marca internacional para prestar serviços como representante no Brasil. No estudo de riscos que fizemos, com a pergunta “e se?” criamos um cenário em que esse contrato tivesse sido cancelado e, a partir daí, estabelecemos ações para criar novos negócios, independentemente do contrato. Um ano depois, quando, sem prévio aviso o contrato foi cortado, a organização estava preparada e conseguiu sobreviver satisfatoriamente.
A objeção que muito se ouve ao Planejamento Estratégico é que, tradicionalmente, os planos são engavetados, pois o empresário acredita que tendo definido Missão, Visão e Valores já fez a “lição de casa”, mas não é assim. As ações estratégicas devem ser desdobradas até o nível de execução, ou seja, definir quais são as etapas a cumprir, quem será responsável por cada uma e em que data serão cumpridas.
Porém, é importante saber que é necessário monitorar o andamento das Ações Estratégicas pelo menos mensalmente, para garantir que nada fique para trás e para promover as revisões necessárias no plano porque sabemos que haverá mudanças de cenário no decorrer do tempo.
Para fechar estes pensamentos é essencial também compreender que nesse período de pandemia é possível sim fazer o Planejamento Estratégico de uma empresa mesmo sem a presença física do consultor. Esse é um dos poucos projetos que conseguimos realizar à distância. É hora de nos adequarmos aos “novos tempos” e, portanto, acelerar. Como temos mais tempo atualmente, é o momento de prepararmos nossos negócios para uma retomada de muito sucesso.
Mãos à obra!
* Celso Estrella é Engenheiro Industrial especialista em Técnicas Japonesas de Gestão e diretor da CriaCorp – Desenvolvimento Empresarial