Pesquisa do Idec denuncia alto número de acidentes de choque em fios elétricos no Brasil

Entre 2008 e 2018, quase três mil pessoas morreram pela ruas do país, uma média de duas por dia
Mais de 8.500 pessoas se acidentaram e 2.892 morreram, entre 2008 e 2018, no Brasil em razão de acidentes com fio elétricos, excluídos os acidentes de trabalho com funcionários das distribuidoras. A informação foi revelada em pesquisa divulgada em janeiro pelo Idec – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, com base em dados da Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica.
Os números são alarmantes. “Somente em 2018, foram 863 acidentes – um pouco mais de dois por dia – e 275 mortes, ou seja, a cada 31 horas temos uma vítima fatal”, informa Clauber Leite, coordenador do programa Energia e Sustentabilidade do Instituto e responsável pela pesquisa. Ele chama a atenção para o fato de a quantidade de acidentes e mortes não ter caído ao longo dos anos. “Isso é grave”, enfatiza ele.
Notícias recentes reforçam esses dados. Em 5 de novembro de 2019, uma mulher de 40 anos morreu eletrocutada por um fio que se soltou de um poste no Capão Redondo, bairro da Zona Sul de São Paulo (SP). No dia 13 de janeiro de 2020, as vítimas foram duas crianças em São Gonçalo (RJ), que morreram em situação semelhante.
São Paulo (1732), Minas Gerais (1077), Bahia (898) e Rio Grande do Sul (760) são os estados com mais acidentes nos últimos dez anos. São Paulo também é o que tem mais mortes (431), seguido de Bahia (279), Minas Gerais (270) e Rio de Janeiro (267). Em relação às distribuidoras de energia, Cemig-D, Eletropaulo, Coelba e Celpe são as responsáveis por mais acidentes: 1024, 999,898 e 545, respectivamente. Já o ranking de mortes muda um pouco: Coelba é a primeira, com 279; Cemig-D a segunda, com 250; Eletropaulo a terceira, com 180; e Celpa a quarta, com 168. A Celpe é a quinta colocada, com 163.
Em geral os acidentes ocorrem em razão de cabos elétricos energizados que caem devido à ação do vento; queda de árvore; tentativa de realizar ligações elétricas clandestinas; poda de árvores, movimentação de grandes máquinas agrícolas e instalação ou ajuste de antena perto da rede elétrica; e linha de pipa que enrosca em fios.
Para o Idec, a empresa distribuidora de energia elétrica é responsável pela segurança da população e também pela redução dos acidentes e das mortes. O Código de Defesa do Consumidor (CDC) e o Código Civil responsabilizam os fornecedores de serviços.
A Aneel, enquanto agência reguladora, também deve estar atenta e cobrar providências diante dos números de acidentes crescentes. Após ser questionada pelo Idec, a Agência não soube sobre o número alto de acidentes com consumidores, a Aneel não soube responder, falando apenas daqueles cujas vítimas são trabalhadores. Sobre a causa – informação não disponível no site da agência reguladora –, ela respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa: “Não há na Aneel o acompanhamento das causas dos acidentes com a população”. “A Aneel tem de ter um plano de ação para reduzir o número de acidentes. Chega a ser irresponsabilidade não investigar o que os causou”, aponta Leite.
O Idec está acompanhando as notícias sobre acidentes relacionados à rede elétrica e continuará pressionando as distribuidoras para que zelem, sobretudo, pela segurança da população, mas também para que forneçam energia com qualidade, de forma contínua e eficiente

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