O risco do fim da parceria Brasil-China
O Brasil, como um país emergente membro do BRICS – agrupamento de países de mercado emergente em relação ao seu desenvolvimento econômico – composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, ao longo de três décadas vem tendo um desempenho econômico sustentável no agronegócio e, no que tange ao setor de exportação, amparado pelas commodities em geral (frango, suco de laranja, açúcar, café, soja, ouro, etc.), hoje vive uma grave ameaça no comércio exterior em virtude do risco de ruptura da parceria com o gigante asiático – a China, seu maior parceiro comercial.
Em 2019, o Brasil exportou para a China produtos no valor total de US$ 62,87 bilhões. A soja foi líder e o produto mais exportado pelo Brasil no último ano.
Responsável pela compra de 30% da nossa produção, a China vem salvando o país do colapso total em sua economia, principalmente nessa época terrível de coronavírus, o qual já ceifou milhões de vítimas em todo o mundo.
Infelizmente, a inconsequente posição ideológica exercitada hoje pelo governo brasileiro de extrema direita vem se posicionando de forma contrária aos interesses da nação, o que pode levar o Brasil e os brasileiros a um fosso profundo, ignorando por completo a nova realidade econômica mundial.
Como se já não bastassem, as declarações recentemente postadas em redes sociais pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, acirraram mais uma vez as relações diplomáticas entre os dois países – Brasil e China – trazendo a lume uma advertência acerca de possível ruptura da parceria comercial exitosa para ambas as nações e para seus povos.
Não é a primeira vez que o filho do presidente, num gesto desnecessário e inoportuno de subserviência ao governo dos EUA, se posiciona de forma contrária aos interesses do povo brasileiro. Leia–se o comentário postado no Twitter:
“O governo Bolsonaro declarou apoio à aliança Clean Network lançado pelo governo Donald Trump, criando uma aliança para um 5G seguro, sem espionagem da China’’.
A embaixada da China em nosso país, de forma veemente, reagiu à afirmação, referindo–se a consequências negativas para as relações entre as duas nações pela manifestação do parlamentar. De pronto a postagem inconsequente e extemporânea do deputado Eduardo Bolsonaro foi apagada da rede social Twitter.
O setor produtivo brasileiro também reagiu prontamente à atitude despropositada do presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara Federal, a fim de evitar qualquer mal–estar e prejuízo ao comércio exterior entre Brasil e China, uma vez que esse intercâmbio contribui para o superávit da balança comercial e, assim, protegendo toda e qualquer manifestação que possa afetar e prejudicar a economia brasileira. Há, inclusive, alguns deputados membros da Comissão que já pedem o afastamento e a substituição de Eduardo Bolsonaro. Manifestações dessa natureza podem causar verdadeira catástrofe na economia e na vida de milhões de famílias brasileiras.
Outro exemplo negativo e de clara afronta aos interesses do povo brasileiro foi o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro em relação à vacina coronavac, desenvolvida pela China em parceria com o Instituto Butantã, com sede na cidade de São Paulo, um dos mais respeitados e renomados centros de produção e distribuição de vacinas, já reconhecido mundialmente.
Causa espanto as manifestações do presidente brasileiro, deixando perplexos os que a elas se deparam e atônitos os que, diante de tamanha insensibilidade e desprezo pela vida dos brasileiros, são surpreendidos com declarações contrárias ao bom senso à responsabilidade que o cargo exige.
Com uma eleição magnânima, o presidente desperdiça o voto de confiança nele depositado por seus eleitores bolsonaristas e perde a oportunidade de se consolidar como estadista de um grande país – o Brasil – jogando fora a esperança cultivada nos corações brasileiros.
A falta de gestão da saúde pública, a sangria dos nossos valores como seres humanos, a dilapidação da consciência do povo com o discurso de polarização demagógico entre direita e esquerda, na tentativa de trazer de volta a Guerra Fria – desta feita entre Estados Unidos e China –, que hoje só existe nos livros de história, leva a interrogar a todos nós: até quando as incompetentes tomadas de decisões desse governo vão ter que ser judicializadas para alcançar um resultado que não venha de encontro aos anseios democráticos do povo brasileiro?
Nos últimos dias, principalmente, estamos a assistir uma onda de desconstrução e destruição de tudo que foi feito pelos governos anteriores em favor do povo e ficamos a perguntar: Como pode o Brasil ser avacalhado pelos organismos internacionais justamente pela postura de seu governo que revela evidente despreparo e profunda incompetência escondidos sob um falso moralismo que já não engana mais a ninguém?
O que precisa, diante de todas essas evidências e argumentos, é que o Brasil deve continuar com o combate à corrupção, ao discurso de ódio, às manobras antidemocráticas, à incompetência e subserviência dos governantes e, principalmente, proteger o interesse e a soberania nacional, priorizando o desenvolvimento do país, a defesa e o incentivo à indústria e otimizando a qualidade de vida do povo brasileiro.