O Quarto Centenário – Ceará Terra da Luz

A decisão de D. João III, rei de Portugal – Antônio Cardoso de Barros administrador da capitania do Siará – Pero Coelho lidera a primeira à nossa região – Instalação de Martim Soares Moreno e o Forte de São Sebastião – A tomada do Forte a mando de Mauricio de Nassau – Matias Beck instala-se às margens do rio Pajeú – A construção do Forte Schoonenborch – Aquiraz, a primeira vila – Fortaleza, passa a ser a capital (1726) – O apoio da família Alencar na Revolução Pernambucana – A Confederação do Equador – O Diário do Governo do Ceará que teve como redator o padre Mororó’’.

 

Texto/Pesquisa Zelito Magalhães
Com a decisão do rei de Portugal, D. João II em dividir o Brasil em capitanias, coube ao português Antônio Cardoso de Barros, em 1535, a capitania do Siará (como era chamada a região correspondente às capitanias do Rio Grande, Ceará e Maranhão). Como a região não lhe despertou interesse, só então em 1603, é que o açoriano Pero Coelho de Sousa liderou a primeira expedição a região, realmente interessado em colonizar as nossas terras. Instalando-se às margens do rio Pirangi (depois batizado rio Siará) construiu ali o Forte São Tiago, que foi destruído depois por piratas franceses. A esquadra de Pero Coelho teve ainda que enfrentar a revolta dos índios da região que, inconformados com a escravidão, destruíram o forte, obrigando os europeus a emigrarem para a ribeira do rio Jaguaribe. Ali, sua esquadra construiu o Forte de São Lourenço. Tendo ocorrido em 1607 uma seca na região, Pero Coelho abandonou a capitania.
Em 1612, foi enviado ao Siará o português Martin Soares Moreno, que também se instalou às margens do rio Siará (atualmente Barra do Ceará). Recuperando e ampliando o Forte São Thiago, o batizou de Forte de São Sebastião. Dando-se início a colonização da capitania do Siriá, foi essa dificultada pela oposição das indígenas e invasões de piratas europeus. Martim Soares Moreno foi considerado posteriormente o fundador do Ceará. Pela Lei Nº 13.613, de 10-1-2018, o presidente da República decretou o nome de Martim Soares para o Comando da 10ª Região Militar, em Fortaleza.

No ano de 1637, a Região foi invadida por holandeses que aqui chegaram sob as ordens do príncipe Maurício de Nassau, que tomaram o Forte São Sebastião.

Anos depois, a expedição foi dizimada pelos ataques indígenas. Os holandeses ainda voltaram em 1649 ao Siará, numa expedição chefiada por Matias Beck e instalou-se nas proximidades do rio Pajeú, onde construíram sobre o monte Marajaitiba o Forte Schoonenborch. O mesmo Forte foi tomado por portugueses, chefiados por Álvaro de Azevedo Barreto, sendo renomeado de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. À sua volta formou-se a segunda Vila Ceará, Vila do Forte ou de Fortaleza. A primeira vila reconhecida foi a de Aquiraz. Em 1726, a Vila de Fortaleza passou a ser oficialmente a capital do Ceará, após disputa com Aquiraz

Momentos históricos
Os cearenses, liderados pela família Alencar (Bárbara, Senador Martiniano de Alencar e Tristão Gonçalves), em 1817, apoiaram a Revolução Pernambucana, liderado pelo então presidente de Pernambuco, Manuel de Carvalho Paes de Andrade. O movimento chegou ao Ceará com o nome de Confederação do Equador. A Câmara de Quixeramobim, sob a influência do Padre Mororó, reuniu-se em sessão a 9 de janeiro de 1824, para declarar que D. Pedro, pela traição cometida, ficavam decaídos do Trono o Imperador e seus descendentes. Dentre os planos do projeto, estava a criação, no Ceará, da “Tipografia Nacional”, o que oportunizou na capital criar-se o primeiro jornal – Diário do Governo do Ceará, cujo primeiro número circulou a 1º de abril de 1824, tendo como redator o sobralense Padre Mororó (Inácio Loiola de Albuquerque Melo). O religioso foi fuzilado no antigo Campo da Pólvora (hoje Passeio Público) na manhã de 30 de abril de 1825.

O topônimo “Ceará”
É bastante controvertida a etimologia do nome CEARÁ. Tantas são, a este respeito, as opiniões dos velhos cronistas e dos modernos escritores, que dificilmente se poderá admitir como verdadeira qualquer das explicações oferecidas, embora muitos deles reputem legítimo o seu modo de pensar. Ante essa impossibilidade, melhor será resumir os vários pareceres, a fim de que se tenha, a pargo traço, o panorama dessa inconciliável divergência linguística.
O brilhante gramático/historiador, Dr. João Mendes Júnior, em artigos publicados no jornal “O Estado de São Paulo”, em 1902, e transcritos na Revista do Instituto do Ceará, vol. 15, pág. 317, e 16, págs. 206 a 208, entende que a palavra Ceará encerra a ideia de seca periódica e a de moléstia ou febre proveniente do calor, e se decompõe em CÉ e ARAÁ com a significação de costume, como genitivo, exprimindo o modo de ser ou estar, e ARAÁ (composto de ARA “tempo”, e A, “car”, e significando “enfermidade de quentura”). Opinando sobre o assunto, diríamos que a palavra Ceará seria a corruptela de Seara = seco, deserto.

Fatos do século XIX
Vários fatos marcaram a história do Ceará no século XIX, dentre esses, o fim da escravidão, em 25 de março de 1884, ou seja, quatro anos antes da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel, em 13 de maio de 1888. Um cearense de Aracati se destacou na época: Francisco José do Nascimento, que ficou conhecido como Dragão do Mar, sendo atualmente nome de um centro cultural de Fortaleza. O autor da presente reportagem, por solicitação do governador do Estado, Cid Ferreira Gomes, pronunciou palestra com a temática Abolição da Escravatura no Ceará, no Seminário “Zumbi dos Palmares, comemorativa dos 128 anos, em 23 de março de 2012 – Centro de Eventos Uirapuru – CEU. No encerramento da preleção, o palestrante sugeriu ao então governador mandar tornar feriado no o dia 25 de Março, o primeiro Estado a libertar os seus escravos. O então deputa

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