O aço e o caju, presentes em nossas vidas

*Reportagem jornalista Rogério Morais

 “Não conseguimos crescer, estamos estagnados na demanda de aço no país, por causa da demora de projetos”, finalizou Cristina Yuan.

 Quem visita a siderúrgica ArcelorMittal no Ceará não escapa das informações e da história do Cajueiro, que se tornou um símbolo da construção do empreendimento. O Cajueiro do Ceará é uma planta com uma história rica de resiliência, diversidade econômica, presença na gastronomia, folclore e música regional. Certa vez, o ex-governador Cid Gomes (2010/2014) disse: “Ninguém corte esse Cajueiro… deixa esse Cajueiro aí pra gente se reunir.”

A história do cajueiro na entrada da indústria de aço do Pecém, ex-siderúrgica do Ceará, já se tornou uma lenda entre os colaboradores. Essa árvore nativa é a única que sobreviveu nos mais de 5,71 milhões de metros quadrados, mais de 500 hectares de área transformada para o empreendimento industrial. No entanto, essa não é apenas uma lenda, é uma realidade que pode se tornar parte do folclore lendário cearense se não for registrada oficialmente, pela imprensa ou academia.

Pode-se argumentar uma contradição abater a vegetação típica do Sertão do Nordeste (mata de tabuleiro) para “construir uma siderúrgica?” (kkkk!). Na visita à planta contam que aos pés do cajueiro já há muitas histórias enterradas, prontas para serem reveladas no futuro. A construção da nossa siderúrgica cearense é repleta de causos, simbolizando a luta contínua do povo cearense por um futuro próspero. Esse empreendimento não apenas contribui para transformar o Ceará em um grande celeiro de negócios e obras, mas também eleva a qualidade de vida de sua população. Trata-se da maior empresa cearense em volume de negócio, arrecadação e exportação, substituindo o histórico modelo econômico de subsistência.

Nas primeiras reuniões no imenso terreno em terraplanagem, os encontros ocorriam sob a sombra única da árvore que foi preservada. Os empresários se reuniam, segundo a memória popular, e também a comunidade local se encontrava com os administradores para discutirem o futuro da região. Mas é o progresso que o Nordeste, o Ceará principalmente, há séculos sonham sua liberdade econômica.

Com ética e visão social, a vantagem é para o povo que habita a localidade, em primeiro lugar. E foi essa a visão do gestor Cid Ferreira Gomes, governador do Ceará, que lutou para trazer o empreendimento desse porte para o Ceará. E não é somente progresso social e industrial. No mesmo local, convivendo diariamente com mais de 5 mil pessoas trabalhando, nada mais do que 300 mil árvores nativas com investimento de 3 milhões de reais aplicado em reflorestamento foi feito nesse ambiente, conforme os dados da empresa.

O Cajueiro é típico do Nordeste e, principalmente, do Ceará. Recentemente, ajudei a escrever um projeto de lei destacando toda essa história cultural e econômica do Cajueiro para que um deputado apresentasse na Câmara Federal o “Dia Nacional do Caju”. Esse Cajueiro, (Não tenho a foto, nesse momento) entre alto-forno, prédios, máquinas gigantes e guindastes, aciaria e coqueria e placas de aço de mais de 120 metros de comprimento pesando quase 30 toneladas, certamente será tombado formalmente como um valor imaterial da indústria cearense.

Assim nasceu a siderurgia do Ceará, visando a sustentabilidade ambiental, a diversidade, a equidade e a inclusão. O CEO da ArcelorMittal, Engenheiro Erick Torres, afirmou que a meta é reduzir “25% das emissões específicas de CO2 até 2030 e neutralizar a emissão de carbono até 2050”. Para isso, a ArcelorMittal prevê investir 10 bilhões de dólares até o final desta década. A meta global é ter 25% de mulheres em cargos de liderança até 2030, em suas plantas nacionais.

Planeta Sustentável

No workshop com o tema “O Aço e o Futuro Sustentável do Planeta”, onde jornalistas e comunicadores receberam informações valiosas sobre a produção e o mercado do aço no Brasil e em países concorrentes, como “a fera Chinesa”, e os desafios energético do setor, a especialista Cristina Yuan, Diretora de Assuntos Institucionais no Instituto Aço Brasil, respondeu a interesses específicos nosso sobre a reciclagem do aço no Brasil.

Ela disse que “9 milhões de toneladas de sucata foram recicladas no ano passado”, do total de 31 milhões de toneladas de matéria-prima usada no setor. “São carros, máquinas, pregos, vergalhões de obras demolidas… tudo que é feito em aço pode ser reciclado”, explicou. Segundo a Dra. Cristina, “o maior benefício dessa reciclagem do aço para a sociedade é exatamente reduzir as emissões de gases de efeito estufa”. Existem várias empresas e cooperativas de catadores que coletam e fornecem essa matéria-prima para a siderúrgica do Pecém, inclusive no próprio município de São Gonçalo do Amarante, estimuladas pela demanda da ArcelorMittal.

Cristina Yuan também ressaltou que “existem três tipos de sucata: a sucata do próprio processo, como no Pecém, a sucata de processo industrial do setor automotivo, e a sucata de obsolescência, que é aquela que volta ao processo quando um produto atinge o fim de sua vida útil”.

Gargalo

Existem, no entanto, gargalos que o Brasil precisa resolver, como o baixo consumo de aço no país. “Quanto mais consumo, mais reciclagem”, disse Cristina Yuan. “Quando há mais crescimento de obras de infraestrutura, como pontes e aeroportos, consome-se muito aço. Casas, carros, tudo isso um dia volta para ser reciclado.”

A oferta de sucata no Brasil ainda é muito pequena em relação à produção das plantas nacionais, devido ao baixo crescimento e poder aquisitivo da população. A produção de aço vai mais para exportação do que para o consumo interno. “Não conseguimos crescer, estamos estagnados na demanda de aço no país, por causa da demora de projetos”, finalizou Cristina Yuan.

*ROGÉRIO MORAIS

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