Número de bares e restaurantes operando com prejuízo atinge o maior índice desde março de 2023

Levantamento da Abrasel indica piora na saúde financeira dos estabelecimentos, com 31% das empresas trabalhando no vermelho

Pesquisa da Abrasel realizada em março acende sinal de alerta para o setor de bares e restaurantes em 2024. Ainda lutando para se livrar de dívidas acumuladas, 31% das empresas no Brasil operaram no vermelho em fevereiro – pior índice desde março do ano passado. Além disso, outros 38% dos estabelecimentos trabalharam em equilíbrio e 31% tiveram lucro, o que representa uma queda de quatro pontos percentuais em relação à pesquisa anterior.

Ainda segundo a pesquisa, três dos principais fatores responsáveis pelo desempenho negativo das empresas que operaram em prejuízo foram a queda das vendas no mês (76%), redução do número de clientes (66%) e custo de alimentos e bebidas (42%).

Especificamente no Ceará, metade das empresas registraram prejuízo em fevereiro, um crescimento de trinta pontos percentuais em relação a janeiro. Além disso, 22% das empresas operaram em estabilidade e 28% fizeram lucro. Os principais fatores que levaram à queda de desempenho foram queda nas vendas do mês (75%), redução no número de clientes (73%) e dívidas com impostos, taxas e encargos (45%). E mais: 40% dos estabelecimentos não conseguiram aumentar os preços nos últimos 12 meses; 51% realizaram reajustes conforme ou abaixo da inflação e apenas 9% reajustaram acima da inflação.

Chuvas e quedas de energia 

O presidente da Abrasel no Ceará, Taiene Righetto, pontua que o estado foi impactado ainda mais por conta do cenário de chuvas e instabilidade no fornecimento de energia pela Enel.

“Em fevereiro tivemos uma dificuldade extrema que se refletiu nas vendas do setor: as chuvas intensas que atrapalharam o carnaval. E também as constantes quedas da energia fornecida pela Enel. Isso aprofunda as dificuldades e torna ainda mais importante um olhar para os estabelecimentos, que lutam para pagar as dívidas, em um cenário de queda do movimento”, aponta.

Segundo ele, o otimismo que havia na recuperação está se esvaindo. “Hoje apenas um em cada cinco pretende contratar ainda este semestre, mesmo que estejam por vir datas importantes, como o dia das mães e o dia dos namorados”, acrescenta.

De acordo com o levantamento, 22%  dos empreendedores do Ceará pretendem contratar mão de obra no primeiro semestre de 2024. 46% esperam manter o atual quadro de funcionários e outros 27% pensam em demitir.

Em relação ao fator endividamento,  54% das empresas têm dívidas em atraso, um aumento de um ponto percentual em relação à pesquisa anterior. Destas, 75% devem impostos federais, 54% devem impostos estaduais, 39% têm empréstimos bancários, 34% devem serviços públicos (água, luz, gás, telefone), 25% taxas municipais, 23% devem fornecedores de insumo, 21% devem encargos trabalhistas/previdenciários, 16% estão com aluguel atrasado, 7% fornecedores de equipamentos e serviços e 5% empregados.

 

Mais dados nacionais

Quanto a inflação no setor, os estabelecimentos no Brasil seguem com dificuldades de ajustar os preços do cardápio acima do índice geral: 19% reajustaram o cardápio abaixo da inflação; 35% reajustaram, mas somente para acompanhar a inflação; 37% não conseguiram reajustar os preços e apenas 9% reajustaram acima do índice.

“Os números recentes revelados pela pesquisa são preocupantes para o setor de bares e restaurantes. Com 31% das empresas operando no vermelho, enfrentamos desafios significativos. Em janeiro houve queda nas vendas, com ligeira recuperação em fevereiro por causa do carnaval, mas que não foi percebida como uma retomada pelos estabelecimentos. Além disso, a dificuldade em ajustar os preços do cardápio para recuperar perdas é um desafio adicional, junto com o alto endividamento, já que quase 40% do setor têm dívidas atrasadas”, diz Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel.

O presidente da Abrasel revela a construção de um plano para resgate do setor, em função dos problemas crônicos que persistem desde a pandemia: “contratamos um estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas), que vai se aprofundar nas causas das dificuldades que o setor vem enfrentando, já propondo caminhos e medidas que podem ser tomadas para resolvê-las de vez. Esperamos poder apresentar estas propostas o mais breve possível às autoridades e à sociedade. Só com o trabalho em conjunto podemos retomar os trilhos”, completa Solmucci.

A pesquisa indicou que 39% das empresas têm dívidas em atraso. Os impostos federais lideram a lista de pagamentos atrasados (72%), seguido de impostos estaduais (50%), empréstimos bancários (37%), encargos trabalhistas/previdenciários (29%), serviços públicos (29%), fornecedores de insumos (24%), taxas municipais (23%), aluguel (18%), fornecedores de equipamentos e serviços (11%), e empregados (5%).

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

0 Compart.
Twittar
Compartilhar
Compartilhar