Novo aplicativo do IBGE para conversão de altitudes amplia precisão e acelera cálculos
O IBGE lança hoje (5) um aplicativo com novo modelo para conversão de altitudes, o hgeoHNOR2020. Além do refinamento da qualidade dos resultados, a ferramenta – acessível somente no Portal do IBGE – também oferece aos usuários uma significativa melhoria do desempenho do serviço de cálculo online. O novo modelo e seu aplicativo serão apresentados à comunidade usuária de informações geoespaciais em webinário no dia 10 de agosto, às 14h.
Nem todo mundo se dá conta, mas existem dois conceitos de altitude – e para cada um deles, há um cálculo diferente. O mais comum leva em consideração o nível do mar e a força da gravidade, e resulta na altitude física (também chamada de altitude científica ou, no passado, altitude ortométrica). É ela que encontramos registrada na maioria dos mapas e nos livros escolares. Mas existe ainda a altitude geométrica, adotada pelos sistemas de satélites, como o GPS.
Quem utiliza um aplicativo de celular para descobrir o melhor caminho até seu destino obtém, a partir do GPS, as coordenadas geodésicas conhecidas como latitude e longitude. Mas há uma terceira informação de posição que também pode ser calculada com os dados recebidos dos satélites: a altitude. No entanto, os aplicativos de navegação dos celulares geralmente não fornecem essa informação, porque as altitudes obtidas pelo GPS não são medidas em relação ao nível do mar.
Desde a década de 1990, o IBGE oferece modelos com aplicativos que fornecem o fator para conversão das altitudes calculadas com o GPS (altitude geométrica) para valores compatíveis com o nível do mar (altitude física). O primeiro aplicativo foi o MAPGEO92, resultado de um esforço conjunto do IBGE e da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP).
Depois disso, periodicamente, foram lançadas novas versões desses modelos e respectivos aplicativos, cujo nome técnico é “modelos geoidais”. O mais recente até hoje era o MAPGEO2015. Assim como os anteriores, foi calculado a partir das medições da gravidade terrestre feitas pelo IBGE e outras instituições, como o Observatório Nacional, o Serviço Geológico do Brasil e a Universidade Federal do Paraná.
“As altitudes físicas são caracterizadas por respeitarem o comportamento hidráulico, pois somente elas refletem o paradigma de que a água flui do ponto mais alto para o mais baixo”, explica o gerente de Gravimetria e Geoide do IBGE, Roberto Teixeira Luz. “O desenvolvimento de grandes obras e projetos de infraestrutura depende desses dados”, enfatiza Luz, acrescentando que o modelo é largamente usado por profissionais de geodésia e agrimensura para calcular altitudes com maior precisão.
Vantagens do hgeoHNOR2020
O hgeoHNOR2020 permite aos usuários diminuir a incerteza da conversão das altitudes para menos da metade em relação aos resultados do modelo anterior. Disponível para uso apenas no Portal do IBGE, foi desenvolvido por meio da integração dos resultados do MAPGEO2015 e das medições com equipamentos de GPS e de nivelamento em estações geodésicas que também dispõem de medições altimétricas de alta precisão em relação ao campo da gravidade.
Em grande parte do território brasileiro, onde as medições de nivelamento realizadas pelo IBGE desde 1945 têm distribuição espacial adequada, a diferença absoluta entre o hgeoHNOR2020 e o MAPGEO2015 é menor que 50 centímetros. No caso da Região Amazônica, as diferenças de até -95 centímetros refletem as dificuldades apresentadas pela cobertura florestal para a realização das medições altimétricas de alta precisão
No caso específico do Estado do Amapá, além da cobertura florestal, as diferenças de +60 a +80 centímetros entre o hgeoHNOR2020 e o MAPGEO2015 também refletem o fato de que as altitudes físicas se referem ao nível médio do mar observado no Porto de Santana. Para o restante do país, as altitudes físicas são contadas a partir do nível médio do mar no Porto de Imbituba, em Santa Catarina.
Com o novo aplicativo, o tempo médio de resposta é de aproximadamente um segundo para arquivos com 2 mil pontos. Assim, grandes volumes de informações podem ser submetidos com expectativa de resposta em poucos minutos, dependendo da conexão de internet do usuário. Os detalhes técnicos do desenvolvimento do hgeoHNOR2020 são apresentados no relatório disponível no Portal do IBGE.