Novembro Azul: alerta para o câncer de próstata
PSA anual aumenta chances de detecção precoce
Felipe Leonardo Estati, oncologista do Onco Center, serviço especializado do Hospital Dona Helena, de Joinville (SC)
Novembro Azul é o mês de alerta global e campanha para combate e prevenção do câncer de próstata. Hoje, é o principal câncer entre os homens (excluindo o de pele), responsável por 29 % dos casos. Cerca de 66 mil novos casos anuais são registrados no Brasil – nada menos que uma morte a cada 38 minutos, o que evidencia a extrema relevância do tema.
Na fase inicial, o câncer de próstata não apresenta sintomas, podendo estar presente apenas a elevação do antígeno prostático específico, ou PSA, usado principalmente para rastreamento em homens assintomáticos. Quando alguns sinais começam a aparecer, cerca de 95% dos tumores já estão em fase avançada, dificultando a cura.
Na fase avançada, os sintomas podem ser locais: dores ao urinar, vontade de urinar com frequência, presença de sangue na urina e/ou no sêmen, diminuição do jato urinário, insuficiência renal. Também podem ocorrer sintomas devido a metástases, dores e quadril e coluna toracolombar, gânglios em região inguinal ou, ainda, fraqueza generalizada.
Dentre os fatores de risco, o principal é o envelhecimento. Para se ter ideia, análise de autópsias mostra prevalência acima de 50% em população acima de 80 anos. Outros fatores importantes: histórico familiar de câncer de próstata (pai, irmão e tio), excesso de gordura corpórea, além de fatores ocupacionais, em menor proporção, como trabalho com agrotóxico, com PVC e produção de baterias.
O rastreamento do câncer de próstata deve ser discutido com o médico, principalmente a partir dos 45 anos, ou até em idade inferior, se houver fatores de risco mais fortes. Dados recentes da população norte-americana mostram aumento da incidência de câncer de próstata de 2010 a 2018, após a não recomendação de realização do exame de PSA, anos antes.
A realização do PSA anual, aliado ou não ao toque retal, aumenta a probabilidade de se detectar lesões em fases precoces, elevando as chances de cura da doença. Importante a ressalva de que a prescrição de tratamento em fases iniciais será o padrão para a maioria dos pacientes, mas há um grupo de pacientes com doença de perfil menos agressivo que, muitas vezes, podem ser acompanhados por meses ou anos, antes de ser necessário um tratamento oncológico específico. A realização de atividade física rotineira, aliada a uma dieta saudável, tem forte impacto na redução de risco.
Alguns alimentos como brócolis, couve-flor, tomate (fonte de licopeno) e soja são protetivos; em contraste, o uso de anabolizantes à base de testosterona em pacientes sem deficiência primária e sem monitoramento de PSA traz um risco ao servir de substratos para eventuais células prostáticas cancerígenas pré-existentes.
O tratamento pode ser expectante para doenças iniciais, cirurgia de retirada da próstata ou, ainda, radioterapia e bloqueadores hormonais da testosterona. Já nas fases mais avançadas, além das estratégias enumeradas, há a possibilidade de bloqueadores hormonais em comprimidos, quimioterapia e de algumas inovações como terapia alvo.