‘Não basta só limpar as praias, tem de investir em educação ambiental’, diz biólogo marinho

Imagem: Frank Wittlich | O mês internacional da limpeza de praias foi comemorado mês passado em setembro. Mas será que a data ainda se mantém na prática? Conversamos com o especialista, Eduardo Videla, que nos conta o que significa essa comemoração e toda sua conjuntura

Por Adson Dutra, Colaboração para Ambiental Mercantil, em São Paulo

O mês internacional da limpeza de praias foi comemorado mês passado em setembro. Mas será que a data ainda se mantém na prática? Conversamos com o especialista, Eduardo Videla, que nos conta o que significa essa comemoração e toda sua conjuntura

A poluição dos mares é um dos maiores problemas ambientais causados pelo homem. Implementações de datas comemorativas que visam a limpeza e despoluição das águas e areias, chamam a atenção de especialistas como um avanço simbólico, mas que ainda há muito a ser feito.

Para Eduardo Videla, doutor em Biologia Marinha e Ambientes Costeiros, professor da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), a data comemorada com objetivo de limpar os mares no mundo todo, é um importante símbolo, sendo a praia a porta de entrada para o ambiente marinho. Seja um estuário, um mangue, uma baía, e o próprio mar aberto, mas que não basta apenas limpar as praias.

Você limpa a praia hoje e na semana que vem, encontra-se vários resíduos novamente. É preciso um forte investimento em educação ambiental para que as pessoas tenham consciência disso,” informa.

 

A temática em relação a poluição dos mares é um assunto estudado por muitos pesquisadores. Em 2020, a pesquisa da agência cientifica australiana CSIRO’s Oceans and Atmosphere, indicou que há 14 milhões de plásticos aglomerados nas profundezas dos oceanos.

Com esta realidade apontada pelo estudo, vêm uma série de consequências que a poluição dos plásticos causa. Vilela exemplifica que a poluição é feita pelos banhistas e por outros movimentos, como as embarcações em águas internacionais que fazem o descarte de materiais e jogam lixo nos oceanos.

“A poluição da praia não é apenas visual como também funcional”, certifica.

 

O pesquisador aponta diversos danos que podem ser percebidos com os plásticos no fundo do mar.

Imagem: Doutor e pesquisador em biologia marinha, Eduardo Videla

“A partir do momento que o ser humano interfere nos processos ecológicos, nessas interações, está se alterando o meio ambiente. Não só modificando a própria base da cadeia alimentar, como também nos aspectos físico-químicos, ou seja, alteração no pH da água e da salinidade. No fim uma série de coisas vão tornar as águas modificadas e fará com que os organismos que nelas vivem sofram consequências,” explica.

 

Ainda segundo ele, os plásticos descartados nas areias que vão ao mar levam a uma contaminação dos seres vivos que poderá resultar numa anomalia nas futuras gerações, de modo que, os resíduos passem de individuo ao outro.

 

Portanto, na visão do pesquisador, a criação de datas como essa, é um marco para que se possa pensar e mostrar as pessoas como o meio ambiente pode ficar poluído pelo o que descartamos incorretamente.

É um ciclo que literalmente gira conforme a maré.

“Se alguém pega uma embalagem de plástico e joga no litoral paulista, ela pode parar na África, em Fernando de Noronha e em qualquer outro lugar,” pontua.

 

Com a visão analítica da causa, o professor reitera soluções que podem ser feitas para que a data além de um marco, possa ser reestruturada com outras medidas.

“É preciso hoje ter uma política pública direcionada principalmente ao saneamento básico e educação ambiental. A partir do momento que se elimina esse problema, há a diminuição considerável de resíduos em praias, mares e baias,” conclui.

Canal no Youtube sobre Poluição Marinha

Eduardo Videla, doutor em Biologia Marinha e Ambientes Costeiros, professor da Universidade Salgado de Oliveira criou um CANAL NO YOUTUBE para discutir temas relacionados a poluição marinha e por plásticos nos oceanos.

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