Na COP 27, Lula destaca a centralidade da Amazônia e dos amazônidas para o planeta

Para a iniciativa Uma Concertação pela Amazônia, discurso do presidente eleito reflete a relevância de uma agenda integrada de desenvolvimento e de cooperação para a região.

A Amazônia e os amazônidas ganharam destaque no discurso do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva proferido nesta quarta-feira, 16 de novembro, na 27ª Conferência da ONU para as Mudanças Climáticas, a COP 27, que acontece em Sharm el-Sheikh, no Egito.

Além de afirmar que o Brasil volta a fazer parte dos esforços globais “para a construção de um planeta mais saudável”, Lula declarou que “não há segurança climática para o mundo sem uma Amazônia protegida”, e falou em alcançar o desmatamento zero até 2030 e em combater crimes ambientais.

Também destacou a importância dos povos originários e das outras populações que vivem na região. “Os 28 milhões de brasileiros que moram na Amazônia têm que ser os primeiros parceiros, agentes e beneficiários de um modelo de desenvolvimento local sustentável.”

Para Roberto Waack, cofundador da iniciativa Uma Concertação pela Amazônia, “Lula ratifica a ideia da agenda integrada de desenvolvimento para a Amazônia, que é o que a Concertação propõe. Essa agenda traz o conceito de que a crise climática lida com questões que extrapolam, de longe, as ambientais. Envolve questões como segurança alimentar e justiça social.”

A iniciativa Uma Concertação pela Amazônia é uma rede de mais de 500 lideranças de diferentes setores que atuam pela região e que levou à COP um documento com propostas para os primeiros 100 dias do novo governo em prol da Amazônia. Uma cópia do documento foi entregue hoje ao presidente eleito.

Waack também considerou positiva a proposta de Lula de levar a COP 30, de 2025, para o Brasil, preferencialmente para uma cidade amazônica. “Quando o presidente eleito diz que quer levar a COP para a Amazônia porque quer conversar com as pessoas de lá, ele traz uma centralidade que a região e suas populações não tiveram até agora”, afirma.

Renata Piazzon, secretária-executiva da Concertação e diretora do Instituto Arapyaú, destacou ainda o trecho em que Lula afirma que designará o mais alto perfil da estrutura de governo para tratar do combate às mudanças climáticas.

“O presidente eleito, em seu discurso, afirmou que a agenda do clima precisa estar no mais alto nível de representatividade do governo. Isso vai ao encontro da nossa proposta, que consta no documento para os 100 primeiros dias da nova gestão, sobre a criação de uma Secretaria de Estado de Emergência Climática diretamente vinculada à Presidência da República”, afirma.

Piazzon lembra que, nesta mesma quarta-feira, a francesa Laurence Tubiana, considerada uma das principais arquitetas na construção do Acordo de Paris e atual CEO da European Climate Foundation, publicou em seu perfil no Twitter que a questão climática não pode mais ficar confinada a ministérios do meio ambiente.

“Isso reforça a ideia de que o desafio do clima precisa olhar o social, o econômico, para além do ambiental. É o mesmo olhar que propomos para a Amazônia, não só pelo seu papel fundamental no enfrentamento global do clima, como também para promover o bem-estar dos milhões de pessoas que vivem nela e que sofrem com falta de estrutura em áreas como saúde, educação e conectividade.”

Para os participantes da Concertação, outros pontos positivos do discurso de Lula foram sobre a construção de cooperação multilateral entre os países mais pobres e a proposta de uma nova governança para a Organização das Nações Unidas, a ONU.

Agenda integrada e trabalho colaborativo  

O documento “100 primeiros dias de governo: propostas para uma agenda integrada das Amazônias”, que a iniciativa Uma Concertação pela Amazônia levou à COP e entregou a Lula e membros da equipe de transição, foi elaborado tendo como base uma agenda integrada de desenvolvimento para a Amazônia, considerando suas múltiplas diversidades.

O documento foi elaborado de forma colaborativa e envolveu cerca de 130 pessoas na construção das propostas, considerando as esferas federal e subnacional e o Congresso Nacional, em diversas áreas, que vão de saúde, educação e segurança pública a ordenamento territorial e combate à fome, passando por ciência, tecnologia e inovação.

O título faz referência aos primeiros 100 dias do governo porque sinaliza a importância do período inicial de mandato para que os governos demonstrem seu comprometimento com a pauta, mas traz recomendações que podem ser aplicadas também em médio e longo prazos.

Acesse o documento completo em: https://concertacaoamazonia.com.br/100-dias/

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