Mentirinha inofensiva? Entenda os efeitos do ato para a saúde física e mental
Compartilhar histórias inusitadas, criar situações fantasiosas e pregar peças nos amigos é um hábito comum para celebrar o Dia da Mentira, comemorado no dia 1º de abril em todo Brasil. No entanto, mentir vai muito além das brincadeiras dessa data e pode ter impactos profundos na saúde mental e física, podendo estar associado a transtornos psicológicos. Segundo a psicóloga da Hapvida, Irenilza Moura, existem diversas razões que levam alguém a mentir, desde a busca por aprovação social até a traumas emocionais. Saiba por que o ser humano romantiza a mentira e até que ponto pode ser considerado normal.
A mentira afeta tanto quem conta quanto quem é enganado. Para quem mente, o estresse e a ansiedade se tornam comuns, pois a pessoa vive em estado de alerta, com medo de ser descoberta. Isso pode gerar sentimentos de culpa e vergonha, além de impactar a autoestima. “Pessoas que mentem frequentemente têm dificuldade em estabelecer relações autênticas e saudáveis, o que pode levar ao isolamento social”, aponta a psicóloga. Já para quem é vítima de uma mentira, as consequências podem ser igualmente prejudiciais. A perda da confiança, a insegurança e o desenvolvimento de transtornos como ansiedade e depressão são efeitos comuns. Em casos mais graves, a desconfiança gerada por experiências passadas pode prejudicar relacionamentos futuros, resultando em dificuldades emocionais duradouras.
Mentir pode até ser um hábito socialmente aceitável em algumas situações, mas quando se torna compulsivo e incontrolável, pode indicar um transtorno psicológico. A mitomania, ou pseudologia fantástica, é uma condição na qual a pessoa mente de maneira recorrente e sem necessidade, muitas vezes acreditando nas próprias invenções. Segundo a psicóloga, a condição pode ocorrer isoladamente ou estar associada a transtornos, como o de personalidade antissocial, o histriônico e o narcisista ou à síndrome de Munchausen (quando alguém finge estar doente para chamar atenção). O principal sinal de alerta é quando a pessoa continua mentindo mesmo diante de consequências negativas, prejudicando sua vida pessoal, profissional e social.

Impacto além da saúde mental
A mentira não afeta apenas a mente, mas também o corpo. Quando um indivíduo mente, o sistema nervoso entra em estado de alerta, aumentando a produção de níveis de cortisol, considerado o hormônio do estresse. Esse efeito pode levar ao aumento da frequência cardíaca, pressão arterial, tensão muscular e até a problemas digestivos. “Mentir constantemente pode gerar impactos físicos significativos, pois o corpo reage a esse estado de tensão contínua”, afirma Moura. Assim, além dos prejuízos emocionais, a mentira pode contribuir para o desenvolvimento de problemas de saúde a longo prazo.
Para aqueles que sentem dificuldade em controlar a compulsão por mentir, o primeiro passo é reconhecer o problema. Para Irenilza, o autoconhecimento é essencial para entender os gatilhos emocionais que levam à mentira e para buscar maneiras mais saudáveis de se expressar. Ela destaca que o apoio emocional de pessoas de confiança pode ser fundamental nesse processo. Além disso, buscar ajuda profissional, como terapia psicológica, pode auxiliar na identificação e no tratamento das causas subjacentes da compulsão pela mentira.