MAUC e família Fiúza apresentam a exposição “ReVouVer \ Ignez Fiuza – Legado & Memória \100 anos”
A Mostra, que reúne o acervo de obras de Ignez Fiúza, considerada “grande dama” das artes plásticas no Ceará, será aberta ao público no próximo dia 09 de março e faz parte das celebrações de seu centenário de nascimento.
O MAUC – Museu de Arte da UFC e a família Fiuza apresentam ao público, a partir do próximo dia 09 março, a exposição “ReVouVer \ Ignez Fiuza – Legado & Memória \100 anos”, em celebração ao centenário de nascimento de Ignez Fiúza, referência no mundo das artes do Ceará, que muito contribuiu para o desenvolvimento cultural do nosso estado. A mostra apresenta o acervo da marchande, que entre os anos de 1970 a 2010, através de espaços culturais (Recanto de Ouro Preto, Galeria Ignez Fiuza, La Bohème – Praia de Iracema, La Bohème – Varjota e Escritório de Arte), contribuiu significativamente na promoção, fomento e divulgação da arte.
Em 4 décadas, Ignez Fiuza, apresentou exposições de renomados artistas como Aldemir Martins, Barrica, Bandeira, Burle Marx, Chico da Silva, Floriano Teixeira, Sérvulo Esmeraldo, Tomie Ohtake e Vicente Leite, bem como exerceu um papel de fundamental importância na descoberta de talentos, dando espaço para jovens promissores. Foi nesse trabalho hercúleo que Ignez atuou com pioneirismo, na formação do mercado das artes no Ceará, movimentando o cenário cultural. Sob sua batuta, dentro das suas galerias, e algumas vezes fora delas, foram realizados mais de 200 eventos, entre exposições individuais e coletivas, palestras, debates e eventos culturais.
“ReVouVer \ Ignez Fiuza – Legado & Memória \100 anos”, ficará em cartaz até o dia 03 de maio, e tem como coordenadora de pesquisa histórica e iconográfica Elizabeth Fiuza Aragão (filha de Ignez), Ignês Meneleu Fiuza como curadora de arte e Túlio Paracampos assina o design, expografia e comunicação visual. A mostra foi dividida em dois momentos; o legado, que reúne mais de 70 obras, da coleção de Ignez Fiúza que hoje estão com a família, ou complementadas com alguns artistas do acervo do MAUC, e a parte da memória, com objetos pessoais, fotos, e documentos.
Sobre Ignez Fiúza
Maria Ignez Gentil Barbosa Fiuza nasceu em 23 de fevereiro de 1924, é a quarta filha de Nestor Barbosa e Anita Frota Gentil, filha do Cel. José Gentil e Amélia Frota. O Cel. José Gentil edificou o lindo casarão que abriga a reitoria da UFC, bem como seu entorno, a Gentilândia.
Ignez, como os irmãos Jorge Augusto, Maria Luiza, Antonieta, Sérgio e Ana Maria, aprendeu suas primeiras letras em casa, com validação da professora Diva Cabral, concluindo o ciclo primário. Como todas as netas do Cel. José Gentil, foi estudar no Colégio Nossa Senhora de Sion, em Petrópolis, onde recebeu apoio de uma tia, irmã de sua mãe, que fazia parte da congregação. Com os estudos ginasiais concluídos, retorna para Fortaleza, e em 1948, já demonstra seu entusiasmo e fascínio por decoração, ornamentando o casamento da irmã Antonieta, sendo ousada no uso de materiais, como pedaços de madeira usados para lenha, conhecidos como “achas”. Daí surge a frase das “achas Ignez se achou”.
Em 1950, casa-se com o médico anestesista Cesar Fiuza, e passam a residir em uma casa de veraneio do Cel. José Gentil, localizada na Praia de Iracema, atualmente abrigando a vice-prefeitura de Fortaleza. Neste local, nasce Elizabeth, a primeira filha, e em seguida, já instalados na casa da Avenida Rui Barbosa, nascem mais 4 herdeiros: Ticiana, César Júnior, Marcílio e Luiz Eduardo.
Em 1958, com o marido César acometido por problemas de saúde, e ela precisando complementar a renda familiar, passa a fazer decorações e ornamentações de eventos em outros espaços, casas, clubes sociais, até se tornou a decoradora oficial do Ideal Clube. Foi pioneira. É interessante que se reforce que Ignez Fiuza sempre se utilizava de materiais da natureza cearense, sua maior fonte de inspiração. Nesse trilhar, criou o estilo próprio de ornamentar e decorar os eventos, com galhos secos, matos, mamona, jiboias, coco catolé, dracenas, que se misturavam com frutas, materiais do artesanato local e itens mais clássicos, como louça chinesa, cristais baccarat, limoges, vidros Mary Gregory.
Também apaixonada por antiguidades, após o retorno de uma viagem para Outro Preto, Ignez monta em 1962, em um espaço do seu jardim, o antiquário Recanto Ouro Preto, dentro do ambiente doméstico, da casa da Avenida Rui Barbosa. Foi nesse momento que Ignez demonstrou a força do empreendedorismo feminino, inspirada por sua mãe, Anita, umas das mulheres pioneiras com atuação no comércio de Fortaleza, como também seu apreço pelas artes. Em 1963, também demonstrando sua marca do pioneirismo, começou a atuar como chefe do cerimonial do Governo do Estado do Ceará, cargo ou função até então inexistente, passando pelas gestões de Virgílio Távora, Plácido Castelo e César Cals (1963 a 1971).
No ano de 1970, inaugura no já existente Recanto de Ouro Preto, a Galeria Ignez Fiuza, com a exposição individual do maranhense Floriano Teixeira, artista que a convenceu a abandonar suas outras atividades – como cerimonial – e dedicar-se exclusivamente às artes. Em 1974, envereda pelo comércio, tornando-se uma das primeiras lojistas do recém-construído Shopping Center Um, com a loja Mil Koisas. A Galeria Ignez Fiuza transfere-se para a Desembargador Moreira,1135, em 1982, saindo do espaço de sua residência para um lugar de rua. Próximo da nova sede, Ignez abre uma loja de objetos de decoração e móveis, chamada Espaço Ambientação.
Ignez encerra as atividades como lojista e em 1986 e transfere a galeria para o número 975 da Desembargador Moreira. Como sempre, recebia muitas pessoas nos finais de tarde, e oferecia comidinhas, bebidas, drinks. O seu espaço, em frente à galeria, local onde diariamente aconteciam os encontros, recebeu o nome de “Boquinha da Noite”, apresentando a possibilidade de trabalhar com gastronomia, outra de suas paixões.
Seguindo sua trajetória, ela resolve se transferir para a Praia de Iracema, montando além da galeria em 1997 o Restaurante La Bohème. Com o fechamento do local, ocorrido principalmente pela degradação da Praia de Iracema, bairro com grande simbologia para Ignez Fiuza e pelo qual ela liderou várias campanhas, ela migra para a Varjota, permanecendo com o Restaurante de mesmo nome, até 2009.
Após o fim das atividades com o seu La Bohème – Varjota, e sempre inquieta, inaugurou em 2010 o Escritório de Arte, onde manteve suas obras, fazia exposições e eventos, além de receber cotidianamente artistas e amigos. Em 2014, na celebração dos seus 90 anos, Dona Ignez, como era carinhosamente chamada, recebeu uma grande homenagem no Pirata Bar, festejando a data e lançando o livro “Ignez Fiuza – Fotobiografia – Ceará, Arte e Cultura”, escrito por Janine Sanches e por sua filha primogênita Elizabeth Fiuza Aragão, que é socióloga.
Sua dedicação ao mundo das artes fez Ignez Fiuza ser bastante homenageada em vida por diversas esferas do setor cultural do Ceará, por seu empenho e trabalho em formatar um mercado de arte, bem como criar um espaço de embates e troca de ideias estéticas entre artistas e público. Mesmo após sua partida em 2016, Ignez Fiuza deixou um legado de paixão pelas artes e um desejo inspirador de celebrar a cultura cearense. A mostra ReVouVer, idealizada por ela em vida, representa a culminação de sua dedicação e a oportunidade de compartilhar seu acervo com o público.
Embora não esteja mais presente fisicamente, sua visão e entusiasmo pelas artes continuam vivos. ReVouVer certamente será uma marco, não apenas como um tributo à sua memória, mas também como um convite para celebrar a beleza e a importância das artes em nossas vidas.
Serviço
Exposição “ReVouVer \ Ignez Fiuza – Legado & Memória \100 anos”.
Local: MAUC – Museu de Arte da UFC – Avenida da Universidade, 2854. Benfica.
Abertura: 09 de março de 2024, das 9 às 13 horas. Visitação: 11 de março a 03 de maio de 2024.
De segunda a sexta-feira, de 8h às 12h e de 13h às 17h (entrada até 15 minutos antes do encerramento).
Em alguns sábados, o Mauc funciona de 9h às 13h com uma programação especial. A data é previamente divulgada no site e nas redes sociais do museu.
Informações: Tel.: 85 – 33667481 – Instagram: @museudeartedaufc – Site: https://mauc.ufc.br/pt/
Documentário “Uma Mulher Ignezquecível”, sobre Ignez Fiuza. Duração:1h23min.
Produção da Sinfonia Filmes, com distribuição do Grupo Maestros.
Trailer do filme no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=gomaVzCI4pI
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