Maçonaria e o conceito de religiosos
Maçonaria e o conceito de religiosos
Autor: Zelito Magalhães (*)
Não obstante as excomunhões e perseguições adotadas por chefes da igreja, é enorme a lista de padres iniciados não só no Brasil como também na Europa, que procuraram ver a Verdadeira Luz. Entre esses, a história registra um sem número de bispos, trinta cardeais e quatro papas que ingressaram no seio da Maçonaria.
Tivemos preliminarmente no Brasil, período de formação da nossa nacionalidade, bem como nos anos que a precederam e cerraram fileiras em todos os movimentos libertários. Eram brilhantes figuras atuantes na política, na oratória, no civismo e nas virtudes. Brilhantes padres-maçons tomaram parte da nacionalidade. Dá-se como exemplo a Revolução Pernambucana de 1817, dirigida pelo Bispo José Joaquim Azeredo Coutinho, fundador do Seminário de Olinda. O movimento ficou conhecida como Revolução dos Padres, da qual tomaram parte clérigos da estirpe de João Ribeiro Pessoa de Melo, Frei Joaquim do Amor Divino Caneca (herói), Padre Roma, Padre Miguelinho, dentre outros. Aspirava-se uma Nação republicana.
O movimento pernambucano chegou ao Ceará em 1823 pelo vizinho município do Crato com o nome de Confederação do Equador, liderado pela revolucionária Bárbara de Alencar, “a heroína”, seguida dos filhos Tristão Gonçalves e padre José Martiniano Pereira de Alencar (o Senador Alencar) pai de José de Alencar, autor do famoso romance “Iracema”, e do padre Mororó, sobralense, que fundou e redatoriou o primeiro jornal da imprensa cearense – o Diário do Governo do Ceará cujo primeiro número saiu com a data de 1º de abril de 1824. Na manhã de 30 de abril de 1825, o religioso era fuzilado no Campo da Pólvora (hoje Passeio Público) “por ter dirigido a maldita folha” que representava as aspirações republicanas. Isso há 65 anos antes do Brasil se tornar República. Mororó é homenageado como herói – mártir, patrono da imprensa cearense.
Considerando o que já diziam outros membros da igreja católica apostólica romana: Padre Manuel Bernardes (Lisboa 1644-1710)– Um dos maiores clássicos da prosa portuguesa: “Os fins da Maçonaria em nada são opostos aos dogmas da religião de Jesus, e, se o fossem, eu seria indigno ministro, não ocuparia um lugar em meio desses homens. A moral maçônica é toda santa e o Divino Mestre foi o mais fiel dos seus adeptos. Cônego Januário da Cunha Barbosa: “Filha da Ciência e mãe da Caridade! Fossem as sociedades civis como tu, oh santa Maçonaria! e os povos viveriam eternamente numa idade de oiro. Satanás não teria mais o que fazer na terra, e Deus teria em cada homem um eleito”. Bispo Sebastião Pinto do Rêgo: ”Jesus Cristo instituiu a caridade, a Maçonaria apoderou-se dela e constituiu-a a sua mestra. É sob os seus auspícios que não morre a sua esperança e que robustece a sua fé. Bendita seja esta irmã da Igreja na virtude”.Monsenhor Muniz Tavares – Bahia: “A Maçonaria foi em todos os tempos a maior propaganda dos direitos do homem. Por isso mesmo caminhou sempre de acordo com a igreja de Jesus Cristo”Padre Francisco João de Azevedo (João Pessoa, 1814-1880) O inventor da máquina de escrever: “Só podem ser maçons os que creem em Deus infinito, que reconhecem a necessidade de um culto e que têm uma Pátria, cujos direitos e leis devem respeitar. A Maçonaria ama a ciência, o progresso, a civilização dos povos, por que é com o auxilio da ciência que perscruta para, pacificamente, remover as causas que entorpecem e retardam o progresso da humanidade. Já vedepois que a Maçonaria louva-se – que afaguemos em nossos corações a crença em Deus, na religião e na Pátria”
(*) Jornalista e escritor cearense. Membro da Academia Brasileira Maçônica de Artes, Ciências e Letras; idealizador e fundador da Academia Maçônica de Letras do Ceará. Obreiro da ARLS Viana de Carvalho nº 88 jurisdicionada a Grande Loja Maçônica do Estado do Ceará. Diretor do Museu da Imagem e do Som.
Parabéns ao historiador Zelito Magalhões pela excelente pesquisa, rica em fatos históricos.