Personalize as preferências de consentimento

Utilizamos cookies para ajudá-lo a navegar com eficiência e executar determinadas funções. Você encontrará informações detalhadas sobre todos os cookies em cada categoria de consentimento abaixo.

Os cookies categorizados como “Necessários” são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para ativar as funcionalidades básicas do site.... 

Sempre ativo

Necessary cookies are required to enable the basic features of this site, such as providing secure log-in or adjusting your consent preferences. These cookies do not store any personally identifiable data.

Não há cookies para exibir.

Functional cookies help perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collecting feedback, and other third-party features.

Não há cookies para exibir.

Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics such as the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.

Não há cookies para exibir.

Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.

Não há cookies para exibir.

Advertisement cookies are used to provide visitors with customized advertisements based on the pages you visited previously and to analyze the effectiveness of the ad campaigns.

Não há cookies para exibir.

Macaúba – uma palmeira nativa na Bioeconomia

(Maurício Antônio Lopes e Simone Palma Favaro)

(Pesquisadores da Embrapa Agroenergia)

 

Diversos estudos indicam que o atual modelo econômico gerador de resíduos, descartes e poluição tenderá a ser gradualmente substituído por uma economia limpa, de base biológica e renovável, capaz de integrar de forma nunca imaginada as indústrias de alimentação, energia, química, materiais e saúde, criando convergência que marcará empresas, negócios e as relações na sociedade. A agricultura e o sistema alimentar global deverão responder a esta realidade com arranjos produtivos diversificados, de baixa emissão de carbono e capazes de economizar recursos naturais valiosos, contribuindo para o progresso e o bem-estar de uma sociedade cada vez mais urbana, bem informada e exigente.

Essa nova Bioeconomia fará crescer o interesse pela rica biodiversidade brasileira, que tem enorme potencial de ampliar as funcionalidades da agricultura e das indústrias, com processos limpos, geradores de emprego, renda e progresso. Exemplo concreto é o açaí, que nos últimos 20 anos conquistou o Brasil e os mercados globais. Do açaizeiro, palmeira nativa da região amazônica, já se produz 250 mil toneladas de polpa por ano, sem danos à floresta, o que beneficia mais de 300 mil produtores e agrega pelo menos 1 bilhão de dólares à economia amazônica a cada ano.

Outra palmeira que promete ocupar lugar de destaque na nova economia é a macaúba, também conhecida como bocaiúva e macaíba, planta nativa das Américas, de ampla dispersão no território brasileiro. Sítios arqueológicos indicam seu uso durante milênios pelos povos pré-colombianos da América tropical, que aprenderam a extrair e utilizar múltiplos produtos e funcionalidades da planta, que pode atingir até 20 metros de altura e produzir cachos com até 90 kg de frutos – dos quais se obtêm diferentes tipos de óleos e proteína de alto valor nutricional. Do tronco resistente se produzem fibras e madeira, as cascas dos frutos são ricas em minerais e das folhas se extrai fibras para linhas, cordas, redes e cestos. Até seus espinhos podem ter uso industrial.

Óleos são os componentes mais nobres extraídos da polpa e da amêndoa dos seus frutos, ricos em ácidos graxos aplicáveis às indústrias alimentar, cosmética, farmacêutica, química e energética. Diversos estudos indicam que a macaúba pode produzir anualmente cerca de 4,5 toneladas de óleo na polpa e mais 600 kg de óleo da amêndoa, superando a média de 3,5 toneladas da palma de óleo, ou dendê, que ocupa 10% das terras agrícolas do mundo e fornece óleo para 3 bilhões de pessoas em 150 países. O óleo de palma está em milhares de produtos – desde biscoitos até xampu, razão porque cada um de nós consome, em média, 8 kg do produto por ano. A macaúba tem enorme potencial para reduzir esta enorme dependência da palma de óleo, provendo matérias-primas nobres e mais diversificadas.

Além de componentes importantes da nossa dieta, óleos vegetais com propriedades especiais ganham espaço cada vez mais destacado como ingredientes renováveis, de baixo custo, que agregam valor a grande diversidade de produtos industrializados – desde tornar biscoitos e bolos mais saudáveis, retardar o derretimento de sorvetes, tornar sabões mais espumantes, xampus mais cremosos, batons mais lisos e batatas fritas mais crocantes. Óleos assim nobres e versáteis são produzidos por palmeiras tropicais, sem rivais na capacidade de captar luz solar, fixar carbono e produzir enorme diversidade de biomassas.

Embora o óleo de palma tenha o grande mérito de ter substituído gorduras menos saudáveis nos alimentos e viabilizado grande número de produtos inovadores no mercado, seu enorme impacto no desmatamento de florestas tropicais na Ásia desgasta sua imagem e reduz sua aceitação pelos consumidores. Situação que força a busca por substitutos sustentáveis que não aviltem os preços dos produtos derivados. Um campo aberto para a expansão dos cultivos de macaúba, em especial nas imensas áreas de pastagens degradadas do Brasil, estimadas em mais de 50 milhões de ha, onde a espécie é plenamente adaptada. Além dos produtos que a macaúba gera abundantemente, a espécie pode ser tornar um componente chave para a recomposição e manutenção de áreas de proteção ambiental, estimulando a manutenção de nossa biodiversidade pelo seu aproveitamento econômico de maneira sustentável.

É por isso que a Embrapa e suas instituições parceiras investem com vigor no desenvolvimento dessa palmácea como alternativa para a nascente bioeconomia brasileira. Sua introdução em sistemas integrados, em combinação com lavouras anuais, pastagens e produção de carne e leite poderá dar origem a uma diversificada produção de baixa emissão ou até mesmo com sequestro de carbono, criando sinergias entre a agricultura e múltiplos ramos industriais que demandam óleos nobres, proteínas, fibras e outros componentes da sua biomassa. A Embrapa segue ávida em busca de parcerias que consolidem a macaúba como provedora de matérias-primas para as indústrias de energia, alimentos, nutrição animal, produtos químicos e materiais de origem renovável.

Ao longo das décadas o Brasil tem sido reconhecido e reverenciado como país megadiverso, detentor da maior riqueza biológica do planeta. A emergência de um novo paradigma econômico, de base biológica e renovável poderá, finalmente, estimular a transformação desse potencial em riqueza e progresso para o país. A macaúba está no topo da lista de possibilidades e sua ascenção a uma posição de destaque na bioeconomia é questão de tempo – cu

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.