Juros seguram crescimento da economia em 2025
Aconteceu ontem, 27, no formato on-line, a primeira reunião do Grupo de Inteligência da Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) em 2025. O encontro, que foi conduzido pelo consultor setorial e doutor em economia Marcos Lélis, destacou que o crescimento da economia brasileira deve ser impactado pela alta dos juros em 2025.
Para o economista, o cenário econômico mundial, que já estava difícil no ano passado, ganhou um ingrediente extra neste ano: o efeito Trump. Segundo ele, no primeiro governo de Donald Trump, a taxação das importações chinesas pelos Estados Unidos ajudou as exportações brasileiras do setor, mas quem mais ganhou market share naquele mercado foi República Dominicana, Vietnã e Indonésia.
Outro ponto que pode impactar o desempenho do setor é a tentativa de controle da inflação com consecutivas altas na taxa de juros no Brasil. Até o final de 2025, segundo Lélis, a taxa Selic deve chegar aos 15%. “É um movimento que vemos no mundo todo. Parece que ainda não conseguimos voltar à normalidade da pré-pandemia”, disse. Lélis destacou que a inflação brasileira tem sido impactada, sobretudo, pelos combustíveis e alimentos. Enquanto o IPCA estava em 4,56% em janeiro, a inflação da gasolina estava em 10,71% e dos alimentos em 7,25%. “No caso dos alimentos, costumo dizer que precisaremos nos acostumar a sentir os efeitos das mudanças climáticas nas prateleiras dos supermercados”, comentou.
Segundo Lélis, o Banco Central, de forma isolada, não conseguirá mais conter os efeitos da inflação, sobretudo dos alimentos, com a alta dos juros. “É preciso de apoio, de uma nova engenharia por parte do Poder Público que ajude a conter os efeitos das mudanças climáticas”. Desde 2020, segundo o economista, a inflação dos alimentos no Brasil acumulou uma alta de mais de 55%.
Projeções para 2025
Com a alta dos juros, o crescimento econômico deverá ser menor em 2025. Conforme o relatório Focus, o PIB deve crescer 2% neste ano, com um IPCA alcançando 5,51%, muito acima da meta de 3%. “Temos um desaquecimento no mercado, sentido desde o final do ano passado, o que deve impactar no crescimento do PIB”, disse.
Grupo
Coordenado por Lélis, o grupo setorial de Inteligência de Mercado da Assintecal se reúne a cada dois meses para trazer números atualizados e projeções com base no panorama dos mercados nacional e internacional. O encontro é aberto para associados da Assintecal. Mais informações pelo e-mail relacionamento@assintecal.org.
