Juros longos continuam afundando
Confira a análise do Economista-Chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira
A inclinação da curva americana está em -22 bps, refletindo os receios de desaceleração da economia. Esse spread costuma ser utilizado como indicador antecedente dos ciclos econômicos e, se estiver realmente certo, está colocando como alta a probabilidade de uma recessão em um horizonte de 1 a 5 trimestres. A queda dos juros americanos está empurrando para cima os preços de todas as dívidas soberanas, com destaque para a alemã, que está com retorno de -0,22% aa e a japonesa, com retorno de -13% aa. A única dívida que está caindo é a italiana, já que o país corre o risco de sofrer sanções por parte da Comissão Europeia, por conta do descumprimento das metas fiscais. Como o governo italiano tem um viés populista e nacionalista, há temores de que o país seja arrastado a um processo de saída do euro e da União Europeia, nos moldes do BREXIT. Com uma relação dívida/PIB de mais de 130%, os problemas ficais do país podem complicar um pouco mais a percepção de riscos dos mercados.
A divulgação do ADP de maio, com criação de 27 mil vagas no mercado de trabalho privado surpreendeu fortemente o mercado, que esperava um número ao redor dos 180 mil. Esse é o menor saldo para maio em nove anos. As declarações de J.Powell e outros diretores do FED, sinalizando maisafrouxamento da política monetária reforçou o viés otimista dos mercados. Os índices acionários voltaram a subir forte ontem e hoje, mostrando que uma queda nos fed funds pesa mais para os agentes que os receios dedesaceleração global. Essa reação positiva do mercado, porém, pode ter vida curta caso os ruídos políticos continuem ocorrendo de forma intensa na direção de maior confronto por parte do governo dos EUA.
No Brasil, o IHS Markit divulgou a pesquisa PMI Serviços para maio e ela indicou retração, com o índice caindo de 49,9 para 47,7. O indicador caiu por conta da queda da confiança, do consumo, do aumento dos ruídos políticos e da alta do dólar. É mais um indicador que mostra que o ritmo da economia brasileira está surpreendendo negativamente. As taxas de juros mais longas continuam derretendo, acompanhando as taxas de juros internacionais, e o juros para jan/27 está saindo a 8,15% aa, menor taxa da história. A valorização dos ativos locais também é impulsionada, é claro, pela perspectiva de aprovação da Reforma da Previdência em junho e pela queda da inflação subjacente. A agenda institucional tem eventos importantes para o mercado. Pela manhã, a Comissão Mista do Orçamento deve colocar em votação um crédito suplementar para a União de R$ 249 bilhões e à tarde ela será votada em sessão mista no Congresso. No STF, será discutida a questão da privatização, que precisa ser autorizada ou não pelo Congresso. O Ibovespa abriu com alta de 230 pontos em relação ao fechamento de ontem, a 97.600 pontos e o dólar comercial está sendo negociado a R$ 3,8470, com queda de 0,20%.
Sobre a Nova Futura Investimentos
Sócia-fundadora da BM&BOVESPA, a Nova Futura Investimentos, foi fundada em 1983, atua nos mercados de commodities, renda fixa, renda variável e seguros. Com presença nacional, a instituição financeira conta com 21 escritórios espalhados por diversas cidades do país. Ao longo de mais de três décadas de existência, se consolidou como uma das maiores e mais independentes casas de investimentos do Brasil.
Com tradição no mercado institucional, vem se tornando referência no varejo, oferecendo a mesma qualidade já ofertada ao mundo empresarial agora também para pessoas físicas. Em 2017, confirmando a tradição de excelência, a corretora recebeu o selo Nonresident Investor Broker, que reconhece a estrutura organizacional e tecnológica especializada na prospecção de clientes, prestação de serviços de atendimento consultivo assim como execução de ordens e distribuição de produtos da BM&FBovespa para investidores não residentes.