Investimento privado em startups

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Startups, Fomento e Propriedade Intelectual

O investimento privado em startups existe no Brasil e é um movimento que vem crescendo e tomando força, o que é uma boa notícia. Associações de investidores anjos são fáceis de serem encontradas, basta uma rápida busca pela internet. Existem grandes grupos desses investidores e associações mais restritas, dedicadas a startups de setores específicos.

Apesar desse movimento crescente, é comum ouvir os participantes de programas de incentivo ao empreendedorismo se lamentando da falta de investimento provado no país. Esta aparente contradição é devida alguns fatores que vou explorar neste artigo.

O primeiro ponto que se deve ter em mente é que investidores aportam (investem) seus recursos em projetos e não em ideias. Entre uma boa ideia e a realização de um projeto há um grande abismo. A realidade é que poucas ideias são capazes de cruzar esse abismo e os investidores sabem muito bem disso. Investir implica injetar recursos (dinheiro) em um projeto para futuramente obter ganhos expressivos, acima da taxa mínima de atratividade do investidor.

Em resumo, receber aporte privado significa que os investidores compraram parte da empresa. Essa aquisição não significa que querem ser sócios do empreendimento, mas apenas vão acompanhar o desenvolvimento do projeto para vender a participação adquirida com lucro, ou seja, com criação de valor.

Mas o que é essa taxa mínima de atratividade (TMA) e o que significa “criar valor”? A resposta começa com uma outra pergunta: quanto um investidor pode ganhar com seu dinheiro, investindo em ativos de baixo risco, e sem precisar se esforçar? Hoje no Brasil isso é possível comprando títulos federais, remunerados à taxa Selic. Logo, para que uma startup seja atraente, o fluxo de caixa dela precisa superar a Selic mais o chamado prêmio de risco. Esse prêmio é o percentual estabelecido pelo investidor para tirar seus recursos do investimento sem risco (tesouro direto, por exemplo) e investir em uma startup.

No jargão dos investimentos, a criação de valor significa o ganho financeiro acima da TMA. Ou seja, o projeto da startup precisa superar a taxa básica (Selic) adicionada do prêmio de risco. E como essa avaliação quanto a possibilidade de a startup ser uma criadora de valor é feita? É aí que entra um ponto crucial; a avaliação é feita com o fluxo de caixa futuro (projetado) da empresa.

O fluxo de caixa (FC ou CF, do termo em inglês) nada mais é do que a relação de todos as entradas (recebimentos) e saídas de recursos do caixa da empresa. Uma projeção do FC, o fluxo de caixa futuro, somente pode ser mais assertiva se for baseada em dados do fluxo de caixa histórico (real) da empresa. Não é possível fazer uma projeção minimamente assertiva do fluxo de caixa de uma empresa que ainda não está em estágio operacional.

Logo, as avaliações de empresas não operacionais ou pré-operacionais é feita a partir de hipóteses, cuja avaliação é muito subjetiva. Mesmo quando se toma por base o faturamento de empresas do mesmo setor, isso não pode ser tomada como uma garantia do que será o futuro da startup.

Isso tudo nos leva a um ponto crucial para entender o porquê os investidores anjos aportam recursos em startups operacionais e que já tem faturamento. Investem na fase de aumento do faturamento e ganho de escala (scale-up). Fase em que é possível fazer projeções de fluxo de caixa futuro e do potencial de criação de valor de uma startup

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Paulo Quintairos

Doutor, mestre e bacharel em Física pelo CBPF e Uerj. Coordenador de projetos de empreendedorismo e inovação da Inova-CPS (NIT do Centro Paula Souza). Professor da Fatec-Pindamonhangaba e da Universidade de Taubaté. Idealizador e fundador da TreDottori.

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Sobre o HITT

O HITT (Hub de Inovação Tecnológica de Taubaté) é um programa que desenvolve ações de apoio à criação e ao fortalecimento de empresas de base tecnológica no formato de startup, bem como de estímulo à realização de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em organizações educacionais, institutos de pesquisa e empresas, orientando profissionais para os desafios da inovação tecnológica e do empreendedorismo. O objetivo é contribuir com o desenvolvimento científico, tecnológico, social e econômico do município de Taubaté e da região do Vale do Paraíba.

A gestão do HITT é feita pela FAPETI (Fundação de Apoio à Pesquisa Tecnologia e Inovação) da UNITAU (Universidade de Taubaté) e o apoio econômico é do Via Vale Shopping.

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