Inflação – congelamento não é melhor opção para alta dos preços de alimentos
“A história só não está pior porque boa parte da renda das pessoas foi aliviada pelo Auxílio Emergencial”
O aumento nos preços dos alimentos ganhou ainda mais destaque na última quarta-feira, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma alta de 0,24% na inflação do país em agosto, maior taxa registrada do mês desde 2016. Além disso, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado para calcular a elevação de preços no consumo nacional, apontou uma crescente de 8,83% na inflação dos alimentos nos 12 meses analisados. Em repercussão a insatisfação popular, o presidente Jair Bolsonaro pediu que os donos de supermercados tentassem vender os produtos a um lucro quase nulo. Por outro lado, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça, questionou a alta no valor dos produtos para empresas e associações cooperativas ligadas à produção, distribuição e venda de alimentos de cestas básicas.
Para Pedro Paulo Silveira, Economista-Chefe da Nova Futura Investimentos, a situação atual do Brasil se diferencia dos Estados Unidos pois o que está pressionando nosso atacado é basicamente o valor do dólar. “Isso vem respondendo um pouco as discussões insanas feitas a respeito do preço do açúcar, arroz, carne e outras comidas. É uma questão insensata porque já foi abordada muitas vezes. No tempo em que o país tinha inflação de verdade, o congelamento e controle de preço eram as coisas mais tóxicas que tínhamos. Muita gente acreditava que isso traria resultado, que o problema era a ganância dos donos de lojas. Obviamente existe o problema da ganância, mas mercados competitivos resolvem isso. Além do mais, não é um privilégio da Nova República o processo inflacionário, muito pelo contrário. Os militares subiram ao poder na década de 60 para supostamente resolver a inflação e deixaram o país pior ainda, além de que as empresas tinham que pagar para o governo para aumentarem os preços. Todos tinham que ir molhar a mão de algum político para sair do prejuízo”, explica.
Segundo Silveira, essa história de equilibrar o preço do mercado via congelamento ou medida judicial é simplesmente deplorável. “Apenas causa desabastecimento e corrupção. Sem dúvida, os efeitos das decisões políticas econômicas são inevitáveis, mas é impossível saber exatamente qual será o resultado. O engraçado é que algumas pessoas afirmam ser liberais até certo ponto, mas quando os preços estão super inflacionados, recuam para medidas governamentais. Neste caso, o mercado financeiro serve justamente para balancear os valores. Os alimentos subiram por causa do câmbio, que aumentou de R$ 4,50 para R$ 5,32 no último mês. Se o país desvaloriza sua taxa de câmbio, alguém terá que pagar por isso. A história só não está pior porque boa parte da renda das pessoas que normalmente sofrem com impacto do câmbio, ou seja, os mais pobres, foi aliviada pelo Auxílio Emergencial. Uma parte importante da desvalorização cambial foi amortecida por essa ajuda do governo, no entanto, depois que ela for retirada, vamos ver o real efeito sobre a quantidade de comida que o povo brasileiro vai comer”, completa.
Sobre a Nova Futura Investimentos
Sócia-fundadora da BM&BOVESPA, a Nova Futura Investimentos, foi fundada em 1983, atua nos mercados de commodities, renda fixa, renda variável e seguros. Com presença nacional, a instituição financeira conta com 21 escritórios espalhados por diversas cidades do país. Ao longo de mais de três décadas de existência, se consolidou como uma das maiores e mais independentes casas de investimentos do Brasil.
Com tradição no mercado institucional, vem se tornando referência no varejo, oferecendo a mesma qualidade já ofertada ao mundo empresarial agora também para pessoas físicas. Em 2017, confirmando a tradição de excelência, a corretora recebeu o selo Nonresident Investor Broker, que reconhece a estrutura organizacional e tecnológica especializada na prospecção de clientes, prestação de serviços de atendimento consultivo assim como execução de ordens e distribuição de produtos da BM&FBovespa para investidores não residentes.