Indicador de Registros de Inadimplentes avança 1,1% e inicia o segundo semestre em alta
No mesmo sentido, o Indicador de Recuperação de Crédito avançou 0,6% no mês.
O número de registros de inadimplentes subiu 1,1% entre os meses de junho e julho na análise dos dados dessazonalizados, de acordo com dados da Boa Vista, que abrangem todo território nacional. O resultado do mês ocorre após o indicador apontar queda de 0,6% em junho e interromper uma sequência de quatro avanços mensais.
No acumulado do ano foi verificado um aumento de 12,8% no número de registros em comparação ao mesmo período do ano passado. Já com relação ao trimestre móvel encerrado em julho, houve elevação de 12,7% contra o trimestre findado em abril (dados dessazonalizados), e de 13,5% na comparação com o mesmo período de 2021.
Fonte: Boa Vista
No mesmo sentido, o indicador avançou 16,6% na comparação interanual e a alta no resultado acumulado em 12 meses acelerou para 9,5%, ante o resultado de 7,5% em junho. O forte avanço do indicador na variação interanual contribuiu para intensificar a tendência de crescimento da curva de longo prazo, medida pela análise acumulada em 12 meses, que também vem sendo influenciada pelos aumentos expressivos observados nas variações trimestrais e no acumulado do ano.
Em julho o indicador voltou a subir e devolveu a queda observada no mês anterior, refletindo a dificuldade das famílias em honrar seus compromissos em dia. “Desta vez, parece que a melhora observada no mercado de trabalho ao longo dos últimos meses e os efeitos da liberação do saque ao FGTS não foram suficientes para conter o avanço da inadimplência, que segue forte e ainda muito afetada pela pressão inflacionária e pelo aumento da taxa de juros”, comenta Flavio Calife, economista da Boa Vista.
Ainda há dúvidas sobre como o mercado de trabalho vai reagir neste 2º semestre, a expectativa é de desaceleração da economia nesse período, então, ele não deverá surpreender positivamente. Além disso, a contribuição esperada do FGTS sobre a taxa de inadimplência, além de pequena, é temporária e o efeito do aumento no valor do Auxílio Brasil deve ser limitado em meio a um cenário de inflação elevada de itens básicos. “Levando tudo isso em consideração, dificilmente a tendência de alta no número de registros, bem como, na taxa de inadimplência, será revertida”, completa Flavio Calife.
Já o Indicador de Recuperação de Crédito avançou 0,6% na comparação mensal, mas desacelerou seu ritmo de crescimento para 9,4% no acumulado até julho, ante 9,5% no resultado do primeiro semestre. Em relação ao mesmo mês do ano passado o indicador ainda registra variação positiva, elevação de 8,5%, o que também contribuiu para acelerar levemente a curva de longo prazo, que passou de 6,2% em junho para 6,4% na leitura atual.
A alta no mês soma o segundo avanço mensal consecutivo, após recuar 5,6% em maio, mas não foi capaz de segurar a queda do indicador no trimestre móvel encerrado em julho, que recuou 0,8% em comparação ao trimestre finalizado em abril (dados dessazonalizados). Logo, os fatores que apontam para um crescimento acelerado dos registros na análise de longo prazo poderão pesar sobre a recuperação de crédito, que tende a oscilar pouco no segundo semestre à medida que o mercado de trabalho pode vir a estacionar, enquanto o efeito negativo da inflação e dos juros sobre a capacidade de pagamento tende a ser um pouco mais prolongado.
Metodologia
O indicador de registro de inadimplência é elaborado a partir da quantidade de novos registros de dívidas vencidas e não pagas informados à Boa Vista pelas empresas credoras. As séries têm como ano base a média de 2011 = 100 e passam por ajuste sazonal para avaliação da variação mensal. A partir de janeiro de 2014, houve atualização dos fatores sazonais e reelaboração das séries dessazonalizadas, utilizando o filtro sazonal X-12 ARIMA, disponibilizado pelo US Census Bureau.
O indicador de recuperação de crédito é elaborado a partir da quantidade de exclusões dos registros de dívidas vencidas e não pagas informados anteriormente à Boa Vista pelas empresas credoras. As séries têm como ano base a média de 2011 = 100 e passam por ajuste sazonal para avaliação da variação mensal. Em janeiro de 2014 houve atualização dos fatores sazonais e reelaboração das séries dessazonalizadas, utilizando o filtro sazonal X-12 ARIMA, disponibilizado pelo US Census Bureau.