Histórico! Brasileira estabelece novo recorde mundial ao escalar duas montanhas icônicas em um único dia

Fernanda Maciel superou seus limites e fez história em Grand Paradiso e Matterhorn, desafiadoras montanhas nos Alpes

 

Fernanda Maciel não se sentia preparada para o desafio e quis desistir do projeto uma semana antes de sua realização (Crédito: Mathis Dumas/Red Bull Content Pool)
 

Brazilian ultrarunning athlete Fernanda Maciel is seen ascending to the summit of the Matterhorn, on the Italian side and on its Lion Ridge on August 20, 2020. // Mathis Dumas / Red Bull Content Pool // SI202008260164 // Usage for editorial use only //
Detentora de diversos recordes mundiais e referência na ultramaratona mundial, a atleta Fernanda Maciel uniu corrida e escalada nos Alpes para trazer mais um recorde inédito ao Brasil. No último dia 20, a mineira, movida a adrenalina, conquistou o cume de duas das principais montanhas da Europa: Grand Paradiso e Matterhorn, localizadas na Itália.
“A chance de eu não conseguir era mais de 80%, e eu não queria passar por uma situação de estar no meio da montanha e travar de medo. Por isso, eu queria cancelar e tentar, talvez, ano que vem, mais preparada emocionalmente. Mas, dois dias antes, ao conversar com o cinegrafista Jordan Manoukian, resolvi tentar. Ele me animou a tentar. A história seria real, a chance do fracasso enorme, mas pelo menos eu tentaria”, comenta a atleta, que não contou com muito tempo de preparação e quase desistiu de encarar o desafio.
A ultramaratonista iniciou o seu desafio no Grand Paradiso, montanha com altitude de 4061 metros. Escalando sem corda e em estilo solo, a mineira realizou a rota tradicional, ou seja, o trajeto clássico e mais longo, e conquistou a marca de dois recordes femininos de tempo mais rápido: chegou ao cume em apenas 02h40m, e executou o percurso completo (subida e descida) em 04h03m.
Na sequência, Fernanda partiu para o seu segundo e mais temido desafio do dia: Matterhorn. A atleta, que teve os olhos congelados nesta montanha há três anos e perdeu seu colega em um acidente há um ano, precisou enfrentar seus temores para encarar as más lembranças do local. “Tive que lidar com meu bloqueio emocional, enfrentar o processo de medo e escalar em gelo e rocha durante um longo período de subida, em um terreno totalmente exposto. Ao lado direito, um abismo de mais de 2000m de altura vertical, e, ao lado esquerdo, a mesma coisa. Tinha medo que o medo me bloqueasse. Que frase louca, mas isso era a verdade.”
Apesar disso, a atleta desafiou a montanha de relevo rochoso e gelo exposto pela Lion Ridge, rota com trajeto mais técnico e complexo. Após sete horas de subida, alcançou o topo do cume a 4478 metros de altura, um dia antes de uma avalanche de pedras ter atingido cerca de vinte alpinistas, que precisaram ser resgatados de helicóptero.
“Foi o projeto que tive mais medo até hoje, não pelo desafio físico, que sei que é grande, mas pelo processo emocional antigo que eu vivia. Chorei muito no cume do Matterhorn lembrando de todo o meu passado. Estou muito feliz em ver que consegui dar o meu melhor tendo um tempo rápido no Gran Paradiso, sem corda, e uma subida bem-sucedida no Matterhorn na sequência. Não sou alpinista e ser capaz de ir rápido nessas rotas alpinas é uma loucura para mim”, finaliza.

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