Falta de autoridade pode comprometer popularidade de Bolsonaro, diz Morgenstern
Analista político foi o convidado da 104ª Reunião do G100 Brasil
Prestes a completar seis meses à frente da Presidência da República, Jair Bolsonaro tem encontrado resistência no Congresso para avançar com pautas como a reforma da previdência e flexibilização das armas. Para o analista político Flávio Morgenstern, membro do núcleo de ciências políticas do G100 Brasil, uma das principais razões é a falta de autoridade burocrática do presidente eleito.
Na 104ª Reunião do G100 Brasil, realizada na última quinta, Morgenstern afirmou que a postura defensiva de Bolsonaro pode, inclusive, comprometer sua popularidade. “Bolsonaro segue otimista com o apoio popular que conquistou até agora, mas falta conseguir uma autoridade burocrática. Ele tem carisma, mas a opinião pública muda muito rapidamente, e o povo está nervoso. Bolsonaro não está brigando por coisas para as quais foi eleito para brigar. Enquanto continuar assim, com essa postura comedida, terá problemas”, disse.
Além da dificuldade de articulação com o Congresso por conta de não possuir um partido forte, Bolsonaro enfrenta, na visão de Morgenstern uma série de embates internos dentro do próprio governo, sobretudo em relação aos militares. “Bolsonaro chamou muitos militares achando que iria agradar, e não foi isso que aconteceu. Os militares são contra a previdência e a favor do desarmamento, por exemplo. Eles não gostam do governo”, complementou o analista político, que é fundador do portal Senso Incomum.
Perspectivas econômicas são positivas, aponta economista
O encontro, realizado em São Paulo, também contou com economistas-chefes de alguns dos principais bancos do país, que traçaram um panorama sobre o cenário econômico para os próximos meses. Para Maurício Molan, economista-chefe do Santander, apesar do fraco desempenho no primeiro trimestre, com PIB caindo 0,2%, a perspectiva ainda sem mantêm positiva para os próximos meses.
“O primeiro semestre foi desapontador em termos de números, principalmente com um primeiro trimestre fraco, e isso acaba derrubando projeções para ano porque afeta o que chamamos de taxa de carregamento. Mas avançamos mais do que se esperava na reforma da previdência. Enquanto tivermos uma conjuntura favorável à aprovação dessa e de outras reformas, o cenário será positivo”, disse
Para Molan, outro fator que pode estimular o crescimento interno é o cenário internacional ditado pelas grandes economias mundiais, sobretudo Estados Unidos, países da Europa Ocidental, China e Japão. “O cenário externo se mostra favorável em termos de condições de liquidez, e isso abre espaço para um desempenho muito melhor também da nossa economia nos próximos semestres. Por isso estamos otimistas”, concluiu o economista. Os outros economistas presentes, também comentaram e complementaram com suas visões estes cenários apresentados, mantendo-se o otimismo.
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