Especialista de Harvard defende mudança na gestão de saúde no Brasil
Em Reunião do G100 Brasil, professor Dr. Robert Janett diz que foco deve estar no corte de procedimentos desnecessários e na redução de gastos
Convidado especial da 97ª Reunião do G100 Brasil, realizada na manhã desta quinta-feira em São Paulo, o médico e professor norte-americano Dr. Robert Janett, da Universidade de Harvard e também consultor do Banco Mundial em Políticas de Saúde Pública, alertou para a necessidade de mudanças na gestão da saúde no Brasil, que impacta em muito os custos das organizações. Para ele, a aposta na saúde suplementar pode ser um dos grandes transformadores do cenário atual.
Dr. Janett defende a adoção de um modelo pautado pela atenção primária, que é um conjunto de medidas com enfoque na medicina preventiva, incluindo desde monitoramento, acompanhamento mais próximo de quadros clínicos dos pacientes e uma ação coordenada e integrada entre os diversos profissionais da saúde, com maior ênfase no pré-tratamento. “Temos que fazer um duplo papel: cortar todo tipo de tratamento desnecessário e, simultaneamente, eliminar despesas que podem ser evitadas com um modelo assistencial mais confiável”, disse o especialista.
O modelo desenvolvido pelo Cambridge Health Alliance, centro clínico ligado à Universidade de Harvard, vem sendo aplicado por Dr. Janett e sua equipe em algumas cidades do Brasil há cerca de dez anos. Com cerca de 100 mil pessoas atendidas, os resultados são observados tanto na redução dos custos quanto na qualidade dos atendimentos, de acordo com diversos índices de eficácia em tratamentos.
O desafio, agora, é tornar o modelo mais abrangente e dinamizar um setor marcado por altos custos e inflação de dois dígitos, que chega a ser até cinco vezes maior que o IPCA. “É totalmente possível, mas isso dependerá do comprometimento dos políticos e dos líderes empresariais. Existem algumas barreiras a serem quebradas, inclusive culturais, mas a necessidade de mudança precisa superá-las, porque o sistema está quebrando”, concluiu Dr. Janett, que também apontou a necessidade de um maior diálogo entre todos os agentes envolvidos – seguradoras, hospitais, médicos e órgãos reguladores.
Mudança nas empresas
A quebra de barreiras culturais mencionada por Dr. Janett inclui também uma mudança na mentalidade das empresas, sobretudo no que diz respeito ao maior cuidado do empregador com a saúde de seus colaboradores. “O colaborador precisa sentir que está sendo cuidado pelo seu líder, e sentir-se cuidado não é apenas jogar um plano de saúde na mesa. O presidente tem que reconhecer que só ele pode passar esse recado, precisa comunicar com todos e mostrar que está verdadeiramente preocupado com a saúde de seus colaboradores, e não apenas com salários e outros benefícios”, disse Hans Apostel, fundador e CEO da MedPass (empresa que atua na dinamização do mercado da saúde), que também participou da reunião em São Paulo.
Sobre o G100 Brasil – Composto de 100 Membros Titulares (exclusivamente Empresários, Presidentes e CEOs), divididos nos setores de Indústria, Varejo, Serviços e Agronegócios, somado a 20 Membros (Economistas-Chefes, Cientistas-Políticos, Acadêmicos e Especialistas em Segmentos), efetivos e nomeados, congregando assim o alto intelecto necessário para o desenvolvimento destes trabalhos. Orientado por Alianças de Conteúdos com Universidades reconhecidas de nosso país, somado a uma ampla rede de Parceiros Estratégicos Nacionais e Internacionais, este núcleo de estudos têm por objetivo, através de reuniões fechadas e restritas aos Membros, o debate e o aprofundamento de temas atuais e de alto impacto, auxiliando na assertividade das estratégias planejadas e nas decisões corporativas, considerando o benchmarking e cooperação entre seus integrantes.