Empresário João Lima. “A pandemia fez com que antigos paradigmas deixassem de existir’’.
A pandemia do novo coronavírus fez a transformação digital e a necessidade de investir em tecnologia voltarem ao centro das discussões nas empresas, já que esses dois fatores foram responsáveis pela sobrevivência de muitas companhias durante o isolamento social. Uma saída para empresas de todos os tamanhos que não possuem caixa imediato para investir em tecnologia é a locação de equipamentos da TI. O segmento teve um significativo crescimento durante o período, puxado pelo formato de trabalho home office adotado por muitas empresas.
A edição de hoje do Jornal do Comércio do Ceará traz uma entrevista com João Lima, co-CEO da Agasus, empresa especializada na locação de equipamentos de TI, como desktops, notebooks, tablets e smartphones. A conversa esclarece dúvidas sobre os impactos deste novo segmento para as empresas nacionais, as vantagens de investir em locação por assinatura, como a pandemia acelerou este processo e, na opinião do executivo, o que podemos esperar para o futuro. Vejam mais detalhes na entrevista abaixo.
JCC – Pesquisas mostram que empresários e executivos brasileiros estão cada vez mais propensos a investir na modernização e transformação digital nas empresas, sobretudo depois da pandemia. Quais desafios ainda impedem a aceleração desse movimento e o que a Agasus têm feito para superar a resistência de empresas a certas mudanças, como substituir a aquisição de equipamentos de TI por locação pelo modelo Hardware as a Service?
Implementar a transformação digital é muito mais do que adotar as tecnologias em si, é preciso mudar a cultura da empresa. Acreditamos que os principais desafios para colocar esse processo em prática são o uso de tecnologia atrasada, como uso de computadores antigos, além de limitação de orçamento. A Agasus consegue ajudar as empresas nesses dois pontos: com a aquisição de equipamentos novos e mais modernos por meio da locação pelo modelo Hardware as a Service e com a limitação de orçamento, já que, optando pelo aluguel desses equipamentos, a empresa não mobiliza tanto capital de uma vez.
A tendência de economia de recorrência, que prioriza a experiência do que a posse, também ajuda as empresas a preferir a locação ao invés da compra de equipamentos. Cada vez mais, as companhias estão percebendo o quanto é vantajoso locar hardwares modernos e que atendem as necessidades das empresas, mobilizando menos capital por mês.
JCC – O movimento dos serviços por assinatura é muito presente nas empresas. No caso dos hardwares, quais as principais vantagens de contratar esses serviços por assinatura?
A principal vantagem é o fato de não precisarem investir uma grande quantia na compra de equipamentos e na manutenção desses bens, além de ter flexibilidade para contratar pacotes conforme as suas necessidades e interesses. Fazendo assinaturas, ele também pode ter acesso aos melhores produtos desembolsando uma parcela ínfima dos valores de aquisição. Outro benefício é que as assinaturas livram os consumidores da eventualidade de gastos imprevistos, já que as despesas sempre podem ser estimadas. No caso específico da contratação de pacotes de aluguel de equipamentos, mercado que tem crescido de maneira exponencial, é grande o benefício da atualização constante dos hardwares.
A empresa sempre terá equipamentos novos e atualizados, evitando que o cliente tenha o custo de substituir equipamentos que ficaram obsoletos. Além disso o serviço contempla a parte de logística, agendamento, entrega e retirada de máquinas por usuário, ativação dos equipamentos e manutenção ilimitada por parte da fornecedora. Com essa dinâmica, os consumidores contornam a necessidade de elevados investimentos na compra de equipamentos novos e que logo podem ficar ultrapassados. Uma verdadeira e importante economia de recursos.
JCC – Com a mínima histórica das taxas de juros, é possível afirmar que empresas em todo o Brasil, sobretudo de pequeno e médio portes, têm mais condições para financiar projetos de transformação digital? Quais outros aspectos atuais da nossa economia podem contribuir para o avanço dos investimentos de empresas em novos equipamentos, tecnologia e inovação?
O momento agora, apesar de juros baixo, é de uma crise econômica, resultando em uma postura mais conservadora dos bancos, que podem restringir mais o acesso ao crédito para evitarem um eventual aumento do risco de inadimplência. A melhor alternativa para as empresas, pensando também em preservar seu caixa para o difícil momento atual que vivemos, é conhecer a locação com serviços para equipamentos de TI. Desta forma, pagando uma mensalidade, as empresas preservam o seu capital de giro e avançam na transformação digital, com equipamentos atualizados e terceirizando serviços que não são o seu core business.
JCC – Quais foram os efeitos da pandemia e da disparada do dólar nos planos das empresas que começaram a investir ou planejavam adquirir equipamentos e apostar em novas soluções para promover a transformação digital?
A pandemia fez com que antigos paradigmas deixassem de existir, como a produtividade do trabalho remoto das equipes. Com isso, a necessidade de ter boas ferramentas se acelerou e equipamentos atualizados e softwares alinhados com essa nova dinâmica passaram a ser urgentes. A instabilidade da crise econômica e situações diversas pelo mundo fizeram com que o dólar disparasse, limitando o acesso a estes equipamentos, tão necessários nesse “novo normal”. Com custos maiores e maior instabilidade, as empresas passaram a buscar maneiras mais inteligentes de atuar para entregar as ferramentas necessárias aos times.
JCC – O Brasil sempre foi dependente de importações de equipamentos e tecnologia de ponta. Quais são as perspectivas para o Brasil apostar mais em pesquisas e projetos de desenvolvimento de soluções inovadoras?
Seguimos dependendo dos grandes fabricantes internacionais. Todos possuem unidades produtivas no Brasil, mas os componentes dos equipamentos ainda são importados. Não há hoje sinais de quem estamos colocando esforços e investimentos para desenvolvermos soluções inovadoras.
JCC - A pandemia provocou o aumento da locação de equipamentos de TI para garantir o trabalho home office dos colaboradores. Quais são as perspectivas da Agasus a partir de agora, com a retomada gradual da economia?
De fato, durante a pandemia, tivemos um aumento de 300% nas locações de equipamentos e estávamos preparados para isso já que tínhamos comprado um grande volume de hardwares um pouco antes. A retomada da economia é boa para todos os setores, já que as empresas voltam a adquirir produtos e serviços, movimentando os setores. Durante a pandemia, encontramos a oportunidade de comprar a JR1, uma revendedora de equipamentos seminovos, que nos permite atender os clientes desde a locação até a venda dos equipamentos.
JCC – Quais aspectos culturais ainda precisam mudar no Brasil para que o modelo de Hardware as a Service ganhe espaço no planejamento das empresas brasileiras?
Muitas empresas brasileiras não conhecem o formato de negócios as a Service. Quando as empresas entendem o que é e como funciona, contratam o modelo porque é muito mais vantajoso locar do que comprar equipamentos. Trabalhamos com um conceito chamado Total Cost Ownership, ou TCO, que é entender quanto vale a pena para a empresa comprar os equipamentos ou ter uma alternativa, como a locação. Entre as vantagens operacionais desse modelo estão ter equipamentos sempre novos e atualizados, além de liberar os times de TI para outras funções além de prezar pelos computadores, já que toda a manutenção fica por conta da Agasus. Já entre as vantagens financeiras estão economizar em impostos como PIS/COFINS e Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, que oferece dedução de despesas para empresas que locam equipamentos. Quando as empresas colocam essas informações no papel, percebem que é muito mais vantajoso alugar os equipamentos do que comprar.
JCC – No caso das empresas de pequeno e médio porte, quais são as barreiras que ainda impedem o avanço dos investimentos em transformação digital? É o planejamento, falta de recursos humanos qualificados ou disponibilidade de linhas de crédito?
É uma junção de todos esses motivos. A falta de recursos financeiros não permite que as empresas contratem profissionais qualificados para essas funções tão importantes nas companhias. A falta de planejamento também é um ponto importante: muitas empresas funcionam há anos no mesmo modelo e dão certo. Com isso, os executivos não percebem a necessidade de inovar e se transformar digitalmente, então adiam os planos o máximo que podem. Além disso, temos a questão de o acesso a crédito ser limitado e mais difícil para as PME´s, então essas empresas têm que ser muito eficientes com pouco dinheiro em caixa. A democratização dos produtos via modelo as a Service é muito benéfica para esse público, já que, ao invés de mobilizar muito capital com aquisição de equipamentos e softwares, eles podem locar esses mesmos produtos e serviços gastando muito menos.
JCC – Qual o planejamento mais indicado para uma empresa iniciar um movimento de transformação digital? De que maneira a Agasus contribui com esse processo?
Em primeiro lugar, a empresa deve avaliar as necessidades do seu negócio para entender quais são os pontos principais de atenção e quais são os mais urgentes, criando um plano de ação para adotar tecnologias que possam supri-las. A transformação digital obriga uma mudança de pensamento na equipe e todas as partes da empresa devem estar cientes desse novo momento, da liderança aos funcionários. Depois desses passos, vem a parte mais importante do processo: investir em tecnologia. A locação de equipamentos é o modelo mais vantajoso para todos os tipos de empresa, desde o microempreendedor até as grandes corporações. A Agasus pode contribuir oferecendo hardwares novos e modernos, personalizados conforme a necessidade da empresa.
JCC – Quais são suas perspectivas para o crescimento do mercado de locação de equipamentos de TI e do papel da Agasus para o impulsionamento da transformação digital no País?
Temos uma estimativa de que, no Brasil, cerca de 90% das empresas compram e 10% alugam equipamentos de TI. Nos Estados Unidos e na Europa, esse número é o inverso: 80% alugam ou fazem leasing e apenas 20% compram equipamentos. Os movimentos de mercado nos fazem acreditar que o Brasil vai copiar os Estados Unidos e a Europa assim como aconteceu com o setor de impressão. Antes, as empresas compravam impressoras e, há 10 anos, esse mercado mudou. Agora, cerca de 90% das empresas fazem outsourcing de impressoras. Usando esse exemplo como paralelo, é exatamente o que esperamos que aconteça com computadores e celulares aqui no Brasil. Outro motivo para acreditarmos nisso é que o mercado brasileiro tem abertura para faturar bilhões de reais nesse novo modelo de negócio e já vemos grandes fabricantes de computadores se movimentando para entrar no mercado as a Service.