Embrapa defende investimento em pesquisa pública

O presidente em exercício da Embrapa, Cleber Soares, defendeu, hoje (23), na Câmara dos Deputados, mais recursos para a pesquisa pública. Ele participou de audiência pública promovida pela Comissão Mista de Orçamento, na Câmara dos Deputados que tratou do tema “Impacto da Ciência e da Tecnologia na Economia do País”. Também estiveram presentes representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação, do Ministério da Economia, da Academia Brasileira de Ciência (ABC), do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais e da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Os participantes reconheceram que ciência, tecnologia e inovação são fundamentais para o país avançar. O senador Izalci Lucas (PSDB/DF) presidiu a audiência. Ele disse que é preciso compatibilizar o discurso com o recurso porque educação e ciência e tecnologia não se faz com discurso, mas com recursos garantidos no orçamento de 2020.

“A Embrapa é uma empresa de prestígio internacional, mas se você observa o orçamento da Embrapa, verifica que não tem orçamento suficiente. Por isso estamos aqui hoje nesta reunião. Temos de ser criativos para conseguir descontingenciar os recursos da ciência e da educação”, afirmou o senador.

Cleber, que é o diretor-executivo de Inovação e Tecnologia da Empresa, destacou a importância do orçamento para a pesquisa pública, pois é o que garantirá a continuidade de ações onde a iniciativa privada não atua. Para ele, o investimento em ciência, tecnologia e inovação é tão vital que é impossível o cidadão brasileiro não consumir, por dia, pelo menos um produto gerado pela tecnologia das ciências agrárias. “Ao acordar, ao tomar um copo de leite, uma xícara de café, ao comer um pão, há tecnologia das ciências agrárias. Até mesmo na cerveja, por meio da pesquisa com a cevada”, destacou o presidente em exercício da Embrapa.

Cleber Soares demonstrou preocupação com o decréscimo dos valores da Embrapa em 50% para o PPA (Plano Plurianual – 2021-2023). “Há uma previsão de decréscimo em 50% no nosso marco referencial monetário para despesas de custeio. Precisamos repor este orçamento”, destacou o gestor da Embrapa. Ele também falou sobre a importância de se recompor os valores das despesas da Embrapa com ações orçamentárias da PLOA 2020 para Pesquisa e Desenvolvimento, Transferência de Tecnologias e Modernização da Infraestrutura. “Precisamos de um acréscimo de R$ 226 milhões senão vamos passar por situações muito difíceis”, declarou.

Contribuições da ciência para o agronegócio

Como exemplo clássico da contribuição da ciência para o agronegócio, Cleber Soares destacou a região central do Brasil, considerada terra inviável para a produção. “A tecnologia viabilizou a agricultura no Cerrado e graças a isso temos hoje uma agricultura competitiva no mundo”, destacou.

O presidente em exercício citou também a participação da pesquisa pública na transformação do semiárido brasileiro. Hoje o Vale do São Francisco é um grande exportador de frutas e gerador de produtos com alto valor agregado como vinhos e sucos destinados à exportação.

“O Brasil é referencia mundial em sistemas integrados de produção, sendo capaz de produzir de forma integrada pastos, grãos, carne, leite e floresta. “Recuperamos hoje mais de 15 milhões de hectares com áreas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta – o ILPF” exemplificou o gestor da Embrapa.

Cleber lembrou que com o apoio da ciência o Brasil saiu de um modelo de monocultura agrícola, praticado em meados dos anos de 1990 para os atuais modelos de sistemas integrados, que garantem produtividade com sustentabilidade. “E já estamos entrando na era da agricultura de base biológica”, complementou.

Lançamento do genoma de ferrugem da soja

Entre os destaques recentes apresentados pelo diretor está o genoma da ferrugem da soja, no qual a Embrapa participa de um consórcio internacional de 12 instituições do setor público-privado que decifrou o genoma do fungo causador da ferrugem asiática da soja, uma doença que leva a perdas de 90% da lavoura se não for controlada.
Também citou o uso da nanotecnologia para a cobertura e a conservação dos alimentos, o aumento do tempo de vida de prateleira do coco, com tecnologias que garante sua resistência durante 2 meses, o que permitiu o aumento das exportações da fruta.

“Importávamos até 2017, 80% do grão de bico consumido no país, hoje reduzimos consideravelmente este índice de dependência do exterior, ampliando nossas áreas de produção e gerando mais renda para o produtor rural”, exemplificou.

O presidente em exercício ressaltou também a importância das parcerias público-privadas, lembrando a relação da Embrapa com a Organização das Cooperativas do Brasil – a OCB que permite um relacionamento da Empresa com um amplo leque de cooperativas agropecuárias.

O diretor da Embrapa reconheceu o empenho e dedicação do Congresso ao longo dos anos em valorizar o investimento em pesquisa pública e pediu apoio para reposição no orçamento de 2020. “Transformações da tecnologia são cada vez mais responsáveis pelas transformações da sociedade. Elas geram riqueza, renda, qualidade de vida para todos nós. O Brais precisa continuar investindo em ciência”, disse.

Participaram da audiência pública o secretário de Empreendedorismo e Inovação, Jorge Mário Campagnolo, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; o diretor do Departamento de Programas da Área Econômica e de Infraestrutura, do Ministério da Economia, Zarak de Oliveira Ferreira, o representante da Academia Brasileira de Ciência, Virgílio augusto Fernandes Almeida;  Gianna Bagazio – diretora de inovação da CNI e Antônio José Roque da Silva, diretor-Geral do Centro Nacional do Centro de Pesquisa em Energia e Materiais.

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