Efeitos da pandemia nos negócios franqueados
Por Raul Canal | ||
As incertezas vivenciadas nos últimos meses em virtude da pandemia da Covid–19 (Coronavírus) exige a adoção de medidas emergenciais que contribuam para a minimização de situações de riscos indesejáveis que impactarão todos os setores da economia brasileira, com consequências diretas no sistema de franchising brasileiro.
Surgido na China no final de 2019, o novo coronavírus têm altíssima capacidade de transmissão, tanto que já se espalhou por mais de 200 países, colocando 1/3 da população mundial em confinamento para evitar o colapso de atendimento dos sistemas de saúde em todos os continentes. Indicadores socioeconômicos divulgados por confederações, associações, institutos de pesquisas e entidades, que operam nos setores de comércio e serviços, demonstram que cerca de 5 milhões de empreendimentos no Brasil são diretamente responsáveis por, aproximadamente, 70% do Produto Interno Bruto (PIB) e pela manutenção de 26 milhões de empregos diretos com carteira assinada, que contribuem com cerca de 70% dos recolhimentos de tributos e encargos sociais. As projeções de cenários no curto e médio prazo indicam que todos os setores da economia do País sofrerão com os impactos da pós Covid–19, incluindo as redes de franqueadores que atuam nos principais segmentos nos setores de Alimentação, Casa e Construção, Comunicação, Informática e Eletrônicos, Entretenimento e Lazer, Hotelaria e Turismo, Limpeza e Conservação, Moda, Saúde, Beleza e Bem-estar, Serviços Automotivos, Serviços Educacionais, Serviços e outros negócios. Estes setores terão que adotar novos modelos de negócios e de gestão, além de investimentos em tecnologia e inovação para permitir aos franqueados operar as respectivas unidades em conformidade com as novas tendências pós Covid–19, do mercado e do varejo, representadas, por sua vez, por novos comportamentos de consumo, meios digitais de comercialização e gestão de relacionamento com cliente. De acordo com a pesquisa “O impacto da pandemia do coronavírus nos pequenos negócios”, realizada pelo Sebrae no início de abril, 600 mil microempresas finalizaram as atividades por conta do isolamento social, o que ocasionou o fechamento de cerva de 9 milhões de postos de trabalho. A análise revelou também variáveis determinantes para a sustentabilidade e competitividades dos pequenos negócios pré e pós-pandemia. Dos mais de 6 mil empreendedores entrevistados, 58,9% informaram a interrupção ou o fechamento definitivo de suas operações. Já 87,5% destacaram significativa queda no faturamento mensal com desequilíbrio direto no fluxo de caixa, que na média dos entrevistados, permite manter os compromissos, principalmente da folha de pagamento, durante 23 dias. Aplicando-se o percentual de 18% dos empresários que, segundo a pesquisa do Sebrae, demitiram funcionários no curto período de 24 de março a 7 de abril 2020 (15 dias), no universo das 35.901 unidades franqueadas que operam nos 577 shopping centers existentes no País, estima-se que 6.462 lojas franqueadas demitiram 38.772 trabalhadores (média de seis empregados por empresa). Esses 577 empreendimentos de negócios coletivos, empregam nas 105.592 lojas, das quais 95% são micro e pequenas empresas, mais de 1,1 milhão de pessoas e faturam anualmente R$ 192,8 bilhões. Dos empreendedores que participaram da pesquisa, 59,2% informaram que desde o início da crise do novo coronavírus tiveram seus pedidos de crédito negados pelo sistema financeiro nacional pela falta de garantias. A pesquisa confirma a importância da decisão estratégica do Sebrae nos próximos três meses, de destinar pelo menos 50% da arrecadação para ampliar o crédito aos pequenos negócios. A operação de socorro deve começar com R$ 1 bilhão em garantias, o que viabilizará a alavancagem de aproximadamente R$ 12 bilhões em crédito para pequenos negócios. O próprio presidente do Sebrae, Carlos Melles, explicou que “um dos maiores obstáculos no acesso dos pequenos negócios ao crédito é a exigência de garantias feita pelas instituições financeiras. Nesse sentido, o Fampe funciona como um salvo-conduto, que vai permitir aos pequenos negócios, incluindo até o microempreendedor individual, obterem os recursos para capital de giro, tão necessários para atravessarem a crise provocada pela pandemia do coronavírus, mantendo os negócios e os empregos”. A Asbraf no cumprimento de sua missão de fortalecer o desenvolvimento sustentável do sistema de franquia empresarial brasileiro e defender os interesses, ideais e objetivos econômico-sociais das 160.958 unidades franqueadas em operação no País, responsáveis – segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF) em 2019 – pela geração de 1.358.139 empregos diretos e o faturamento de mais de R$ 186,7 bilhões, manifesta seu apoio às medidas do Governo Federal na retomada da atividade econômica, com a reabertura do setor produtivo, do comércio e serviços e escolas, aliada à flexibilização planejada do isolamento horizontal, por meio da implementação de protocolos de segurança para a população contra a pandemia da Covid–19 (novo coronavírus).
Raul Canal, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem), é advogado, especialista em Direito Médico, Securitário e da Saúde, escritor e apresentador de TV. É ainda presidente do Supremo Conselho Internacional Acadêmico da Academia Latino-Americana de Ciências Humanas, membro da Associación Latinoamericana de Derecho Médico (San José de Costa Rica) e membro da World Association of Medical Law (Los Angeles, Califórnia, EUA). |