Educadores garantem: errar faz parte do aprendizado

Estudo aponta que falhar 15% das vezes pode aumentar confiança e capacidade de aprendizado mais do que a prevenção de erros

 

A visão perfeccionista do mundo nos fez acreditar que onde existe erro não existe acerto (e vice-versa). Ninguém gosta de ter seus erros ressaltados – muito pelo contrário, a sociedade é orientada a esconder as falhas e primar pelos acertos e pelas vitórias. Entre os desafios diários que líderes enfrentam à frente de uma equipe, organização ou país, talvez um dos mais difíceis seja aprender a lidar com os próprios erros.

O pesquisador e professor de Harvard, Shawn Achor, desenvolveu um estudo sobre os efeitos dos erros no aprendizado e rendimento das pessoas. Os resultados indicaram que, quando erramos, temos a oportunidade de aprender com nossas falhas e, assim, podemos evitar erros futuros. “Quantos gênios e prêmios Nobel erraram antes de acertar? Precisamos aceitar, sem resistências, que cometer erros faz parte da natureza humana. Aprender a enxergá-los de maneira positiva é o primeiro passo para errar cada vez menos”, explica o diretor-geral do Colégio Positivo, Celso Hartmann.

Para ele, ao errar, deve-se focar no que se pode aprender a partir daquilo. “Assim, levantamos mais fortes e sábios, prontos para os demais desafios que a vida nos impõe”, justifica. Segundo ele, essa perspectiva nos ambientes familiar e escolar permite que as crianças saibam arriscar e não desistam diante da primeira dificuldade. E ainda mais: faz com que elas vejam o fracasso até mesmo como um motor para a determinação.

O educador explica que, quando erros se tornam oportunidades de aprendizado, as pessoas se arriscam mais, pensam em novos caminhos, trapaceiam menos e resolvem mistérios que antes não conseguiam. “Isso não nos dá a justificativa de falhar de propósito, deixando tarefas inacabadas ou fazendo as coisas sem a motivação e o empenho necessários. O ideal é nos dedicarmos 100% àquilo que estamos realizando, mas aceitarmos uma falha, caso ela apareça em nosso caminho”, afirma Hartmann.

Ao errar, deve-se focar no que se pode aprender a partir daquilo
Crédito: divulgação/Colégio Positivo

Ou seja, segundo ele, é possível aprender muito mais com o erro do que com o acerto. “Quando erramos, ficamos alerta, tentamos descobrir onde foi que erramos e o que é necessário para acertar na próxima vez. O erro só é um problema quando não é percebido. Caso contrário, torna-se aprendizado”, conclui. Sem essa percepção, existem dois riscos: o de continuar repetindo os mesmos erros sem aproveitá-los para evoluir; ou o de parar de tentar por medo de errar.

E aí entra uma pergunta: qual a quantidade de erros normal para uma pessoa? Um estudo que acaba de ser divulgado pela Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, revela que o ponto ideal em que falhamos apenas o suficiente para nos manter motivados, mas sem nos deixar abater, é errar 15% das vezes. Ou, por outro lado, dar a resposta certa 85% das vezes –  por isso, a descoberta foi chamada de “Regra dos 85%”.

“Se eu dou exemplos fáceis demais, você vai acertar 100% das vezes e não há nada para aprender. Se dou exemplos difíceis demais, estará correto 50% do tempo e ainda não vai estar aprendendo nada novo, enquanto que se eu der algo no meio-termo, você vai estar nesse ponto ideal em que extrai o máximo de informação de cada exemplo em particular”, disse o líder do estudo, Robert Wilson, professor de psicologia e ciência cognitiva. “Se você está assistindo aulas fáceis demais e acertando tudo o tempo todo, provavelmente não está extraindo delas o mesmo que alguém com dificuldades, mas dando um jeito de acompanhar”, afirmou. O estudo só investigou tarefas simples com respostas binárias: correto ou incorreto.

 

Como ajudar uma criança a transformar erros em aprendizados

  1. Não condene o erro: na ânsia de querer que a criança acerte, não condene seus erros – porque são eles que nos lembram, imediatamente, do quão humanos somos. Tenha bom humor para aceitar a existência inevitável do erro em nossas vidas. Caso contrário, a criança passará a ter medo de testar novas experiências, com medo de errar. Com isso, diminui tanto o número de erros quanto o de acertos e, pior, a possibilidade de aprender. Por isso, não trate os erros como problemas, mas os encare como parte do processo de acertar.
  2. Ensine-a a ser responsável: isso significa assumir a responsabilidade por seus atos. Mostre a ela que não precisa ter medo de errar e que admitir seus erros é o primeiro passo para o aprendizado. Essa orientação pode levar crianças e jovens de qualquer idade a não fugir de seus erros, mas sim tentar a sua correção, ainda que, para tanto, novos erros venham a ser cometidos.
  3. Dê a ela uma nova chance: faça-a pensar sobre seus erros. Peça que analise as falhas e encontre novas formas de solucioná-las. Isso pode ser feito com questões erradas na prova, por exemplo. Se ela não tentar solucionar as questões que não acertou, não vai aprender. Nos relacionamentos, muitas vezes corrigir o erro pode significar pedir desculpas às pessoas que foram prejudicadas. Talvez ela não consiga reverter a situação, entretanto, mostrará que se arrepende do que fez e que se importa com o outro envolvido.
  4. Coloque o erro como algo temporário, e não definitivo: um segredo é utilizar a expressão “ainda não” ao dar feedback à criança. O recado é que o erro significa apenas que o aprendizado ainda está em desenvolvimento. Isso vai ajudá-la a olhar o erro como um caminho para o aprendizado.
  5. Valorize o raciocínio: na hora de avaliar as falhas, inicie o discurso pelo que está correto. Se a questão perguntou “quem foi o primeiro homem a ir ao espaço?” e ela respondeu “Marcos Pontes”; em vez de dizer “você está errado”, que tal falar “Marcos Pontes foi o primeiro brasileiro a ir ao espaço, você está certa nisso. No entanto, ele não foi o primeiro do mundo. Vamos voltar na história”. Até questões tolas podem ser respondidas dessa forma.
  6. Converse sobre os erros do passado: fale sobre os seus próprios erros e como você faria se fosse hoje – e faça-a refletir sobre os erros que ela cometeu e o que aprendeu com eles. A exposição do erro deve ser estimulada para evitar que suas lições sejam perdidas.
  7. Exalte a persistência: o fundador da Apple, Steve Jobs, já disse que o fracasso é o melhor caminho – e, às vezes, o único – para a inovação. Walt Disney enfrentou sérias dificuldades – como a falência da primeira empresa – antes de construir a fábrica de sonhos que conhecemos hoje. Einstein levou 10 anos para seu grande feito como cientista. E teorias mostram que o processo de aprendizado leva exatamente esse tempo para uma pessoa atingir a maestria em alguma área. Michael Jordan, o maior jogador de basquete da história, disse: “errei mais de 9.000 cestas e perdi quase 300 jogos. Em 26 diferentes finais de partidas fui encarregado de jogar a bola que venceria o jogo… e falhei. Eu tenho uma história repleta de falhas e fracassos em minha vida. E é exatamente por isso que sou um sucesso”. Fale sobre casos inspiradores como esses com a criança. É uma atitude simples que vai ajudá-la a manter a motivação.
  8. Encare os erros como um cientista: Thomas Edison, após ter sido intimado pelo seu patrocinador a interromper suas experiências, disse: “por que desistir agora, se já sabemos muitos modos de como não fazer uma lâmpada? Estamos hoje mais próximos de saber como fazer uma lâmpada que antes!” Isto é, errar é a possibilidade de acertar na próxima tentativa. Quanto mais ideias colocar no papel, por exemplo, mais fácil será para encontrar uma realmente boa. Entretanto, para encontrar uma ideia boa em 100 é necessário que as outras 99 sejam ruins.
  9. Estimule a paciência: depois de falhar algumas vezes, melhoramos com a simples prática. Isso não significa que a criança deve se especializar em erros – e sim que ela vai aprender a lidar melhor com os problemas causados por eles. Além disso, depois de um tempo, ela também aprende o que pode ou não dar certo.
  10. Encontre padrões: quando a criança erra repetidas vezes, ou quando você detectar erros frequentes, isso pode lhe fazer perceber padrões. Um padrão costuma carregar uma mensagem importante, nem sempre ouvida: “olhe para mim, estamos precisando de uma certa atenção aqui! Talvez uma mudança importante seja necessária!” Uma leitura atenta dos padrões, que aparecem por meio de erros sucessivos, é crucial a fim de que sejam evitados problemas maiores no futuro.

Celso Hartmann
Crédito: divulgação/Colégio Positivo

Sobre o Colégio Positivo

O Colégio Positivo compreende cinco unidades na cidade de Curitiba, onde nasceu e desenvolveu o modelo de ensino levado a todo o país e ao exterior. O Colégio Positivo Júnior, o Colégio Positivo – Jardim Ambiental, o Colégio Positivo –  Ângelo Sampaio, o Colégio Positivo Hauer e o Colégio Positivo Internacional atendem alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio, sempre combinando tecnologia aplicada à educação, material didático atualizado e professores qualificados, com o compromisso de formar cidadãos conscientes e solidários. Os alunos têm à sua disposição atividades complementares esportivas e culturais, incentivo ao empreendedorismo e aulas de Língua Inglesa diferenciadas, além de aprendizado internacional na unidade que leva essa proposta em seu nome. Em 2016, foi incorporado ao Positivo o Colégio Positivo Joinville (SC) e, em 2017, o Colégio Positivo – Santa Maria, em Londrina (PR). Em 2018, o Positivo ganhou duas unidades em Ponta Grossa (PR): Colégio Girassol e Positivo Master. Em 2019, somaram-se ao Grupo duas unidades do Colégio Semeador, em Foz do Iguaçu (PR), e duas unidades da escola Passo Certo, em Cascavel (PR). Em 2020, o Positivo inicia o ano letivo com mais duas unidades em Curitiba: Colégio Positivo – Água Verde e Colégio Positivo – Boa Vista.

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