Ecoalfabetização: vínculo emocional com a natureza desenvolve consciência ambiental desde cedo
Desemparedar a infância e religar as crianças com a natureza são as propostas coerentes com a “ecoalfabetização”, que tem sido inserida na composição curricular da Educação Infantil de muitas escolas brasileiras. Estudos comprovam que o contato com a natureza previne o estresse e melhora sintomas de depressão, ansiedade e déficit de atenção. Também foi descoberto que os micróbios do solo estimulam o sentimento de felicidade. Os benefícios para a saúde da criança ainda incluem a formação de cidadãos ecologicamente responsáveis e conscientes, se relacionando com outras áreas amplamente desenvolvidas no ambiente escolar.
A coordenadora pedagógica da Educação Infantil do Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento dos colégios do Grupo Positivo (CIPP), Hannyni Mesquita, explica que a ecoalfabetização propõe reorientar o modo como as pessoas vivem, desenvolvendo a consciência ecológica e, para isso, é essencial possibilitar que a criança crie vínculos emocionais com a natureza. A ideia, segundo Hannyni, é mostrar que elas fazem parte dos sistemas naturais. “O objetivo é auxiliar na formação de um cidadão mais responsável e realmente engajado com a sustentabilidade, que colocará em prática seus conhecimentos ecológicos para a transformação social diária e contínua”, afirma.
A especialista conta que nas 12 unidades de Educação Infantil do Colégio Positivo é desenvolvido o Projeto “Um brinquedo chamado natureza”, que envolve mais de 1.120 crianças. “Semanalmente, os professores oportunizam momentos para que os alunos vivenciem experiências fora da sala de aula com os elementos naturais; e lá, tudo se transforma!”, observa.
Além de abrir espaço para a imaginação, a criatividade, o desenvolvimento sensorial, estético e construtivo, a hora de brincar na natureza é um momento de cuidado físico e mental. “As crianças se acalmam, sentem novos cheiros, experimentam outras texturas. O vento, a luz natural, o barulho, tudo permite que a criança se religue à natureza e a si mesmo”, destaca Hannyni. “Tudo que habita a natureza – graveto, água, folha, terra, pedra, inseto – ganha um novo significado pela experiência e pelo olhar da criança. A natureza se torna o brinquedo”, ressalta.
O projeto tem a tarefa de valorizar e proporcionar essas práticas intencionais com “brinquedos” e espaços naturais fora das salas de aula. “Desde pequenas, as crianças refletem que não existe o “jogar fora” porque o fora faz parte do meio em que vivemos e, por isso, cuidar coletivamente de cada ambiente promove a responsabilidade e senso de pertencimento”, pontua. “É uma gota nesse oceano, mas uma gota muito especial”, conclui Hannyni.
Soraya Gonçalves Cabral, mãe da Helena, de três anos, avalia que o projeto é muito importante para o desenvolvimento da consciência ecológica nos pequenos. “A iniciativa ensina as crianças a compreenderem que é fundamental a preservação do planeta, e aprendem a cuidar da natureza de uma maneira lúdica. Sempre reforço com a minha filha a importância de respeitar a natureza e esse projeto vem ao encontro da forma de pensar que adotamos em casa. O programa vem trazendo muitos benefícios na vida da Helena porque está contribuindo para a construção de um comportamento voltado a cuidar de todos os elementos da natureza”, pontua.