É NESTA QUARTA-FEIRA (02/03): Meninas do Benfica estreia no Canal Brasil
A pré-estreia acontece em Fortaleza, nesta terça-feira (01/03), no Cineteatro São Luiz
As manifestações populares de junho de 2013 são o mote para narrar a história das Meninas do Benfica na série criada por Roberta Marques, que estreia nesta quarta-feira (02) no Canal Brasil, às 19h45. A produção cearense e majoritariamente feminina integra a programação do Mês da Mulher na televisão, em cadeia nacional. Em Fortaleza, acontece a pré-estreia nesta terça-feira (01), no Cineteatro São Luiz, às 19h. Os ingressos já estão à venda na plataforma Sympla.
A série foi desenvolvida com recursos públicos operados ou geridos pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), por meio da Chamada Pública BRDE/FSA PRODAV 05/2013, e foi produzida com recursos da chamada pública PRODAV 01/2013 da ANCINE/FSA/BRDE. Para o lançamento, contou com apoio da Prefeitura Municipal de Fortaleza e do Cineteatro São Luiz.
As meninas do Benfica
A série de oito episódios se passa em junho de 2013, quando as manifestações mobilizam milhares de jovens em todo o país. Em Fortaleza, Sandra, Iara, Keyla e Andrea, estão nos preparativos da última transmissão do canal Meninas do Benfica, um projeto para YouTube que as uniu desde o primeiro ano da faculdade de Comunicação Social. Por quatro anos, as quatro melhores amigas debateram e discutiram tudo o que lhes atravessava.
Contagiadas pelas “Jornadas de Junho”, as quatro amigas vão às ruas na capital cearense. Suas ações interferem diretamente nos seus planos e sonhos pessoais. Tomadas por uma nova consciência política, as amigas se vêem diante de grandes dilemas existenciais e da emergência em amadurecer. Nesse caminho, Sandra, Iara, Keyla e Andrea vão descobrir que a política se faz em todos os momentos – não só nas eleições. Elas vão entender que faculdade da vida está apenas começando e que o Canal Meninas do Benfica tem uma importância imensa para elas, para a cidade, para o Brasil.
Uma série sobre mulheres, feita por mulheres
De acordo com a Agência Nacional de Cinema (Ancine), na pesquisa Participação Feminina no Audiovisual Brasileiro de 2018, a participação das mulheres em funções como Direção, Roteiro e Direção de Fotografia vai de 12 a 25%. Diante do cenário de desigualdade no mercado, Roberta Marques e o produtor executivo, Maurício Macêdo, decidiram formar uma equipe majoritariamente feminina, a partir da definição da participação de mais uma diretora – Luciana Vieira.
“Cerca de 100 pessoas trabalharam direta e indiretamente na produção, sendo que 64% da equipe foi de mulheres, incluindo cargos como roteiristas, diretoras, assistentes de produção, além de direção de arte e fotografia”, destaca Roberta. “Também nos pautamos pela diversidade, para fazer valer a inclusão no audiovisual e nos surpreendemos como esse mercado evoluiu depois do investimento em políticas públicas de formação no Estado. Nossa equipe toda cearense e bem qualificada”, diz.
Sobre o elenco, Andreia Pires fez o casting juntamente com as diretoras. Segundo Roberta, Andreia tem um envolvimento profissional muito dedicado com atrizes e atores de Fortaleza e, por meio de vivências comandandas por ela, se deu a escolha das Meninas do Benfica. De um grupo de 12 meninas, foram selecionadas oito e depois as quatro protagonistas: Larissa Goes, Ariza Torquato, Amanda Freire e Lua Martins. “Elas são ultra talentosas. Cada uma no seu estilo de atuação e isso é muito bom, pois definiu a personalidade de cada uma das personagens. No conjunto, elas têm uma química impressionante e se doaram de verdade para virarem as melhores amigas nas telas”, elogia.
Da ideia às telas de cinema e TV
A gênese do projeto Meninas do Benfica se deu em junho de 2013. “Eu estava acompanhando meu filme RÂNIA no Festival de Cinema Brasileiro de Nova Iorque e no dia 17, o dia daquela manifestação gigante que ocorreu no Rio de Janeiro, em Brasília e São Paulo, eu passei horas on-line ‘assistindo’ aos protestos. Fiquei chocada, assustada, confusa e fascinada. Até porque, como me considero uma ‘fotógrafa e cinematógrafa de rua’, em outras palavras, uma andarilha que coleta e coleciona imagens nas ruas, cidades e viagens, eu queria era estar ali, filmando e fotografando os protestos”, relembra Roberta.
Temas políticos e/ou sociais muitas vezes são a base das histórias que ela escolhe escrever. “Nesse sentido, poderia dizer que essas são um híbrido de documentário e ficção. A juventude feminista, anti-racista e anti LGBTQIA+fobia das Jornadas de Junho forma a porção documentário da série. Já a porção ficção, a inspiração para ousar fazer meu primeiro drama seriado, veio de uma forte paixão por duas séries que assisti nessa época: Girls, da norte-americana Lena Dunham, e a dinamarquesa Borgen, que tem como protagonista uma candidata a ser a primeira primeira-ministra mulher do país”, afirma.
A fase de desenvolvimento da série se deu entre 2014 e 2016, quando o projeto recebeu apoio do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual). Roberta, então, convidou Letícia Simões e Armando Praça para desenvolveram o roteiro em conjunto. Com o projeto desenvolvido, Maurício Macêdo assume como produtor executivo. Em 2018, com novo apoio do FSA, dessa vez para produção, Luciana Vieira passa a integrar a equipe de roteiro e co-dirigir os episódios.
“Essa entrada da Luciana foi importantíssima, porque, assim como eu, além de ser roteirista e diretora, a Lu é também produtora dos filmes dela, e isso nos dá uma firmeza para realizar. Ela foi uma grande parceira na série. O mesmo posso dizer do Maurício, que fez um trabalho potente e ao mesmo tempo delicado, para levantar e produzir Meninas do Benfica. Contamos ainda com Isabela Veras, desde a pré-produção, com quem eu já tinha trabalhado no Rânia e sabia que a parceira dos dois só somaria em eficiência e qualidade da série”, ressalta a diretora.
Na fase de pré-produção também ficou claro para Roberta que a série deveria ter muita música, não só como trilha, mas também como elemento de narrativa, para dar ritmo aos episódios. “A música é muito presente na minha vida e no meu trabalho. Escuto de quase todo estilo e de todos os tempos. Nessa época, conheci a obra da cantora e compositora cearense Clau Aniz e me apaixonei pelo álbum dela. A partir daí, passei a ouvir muita coisa do que estava sendo produzido aqui na cidade”, conta. “Então me deparei com Mona Gadelha – que admiro e reverencio desde que a ouvi no álbum Massafeira – e daí para que a convidasse para pensar a trilha da série comigo foi muito rápido, pois fez todo sentido ter uma pessoa com a experiência dela supervisionando esse trabalho de curadoria das músicas de jovens artistas cearenses”, revela.
A produção da série, então, se estendeu a 2019, sendo que a pós-produção se deu ao longo de 2020 e primeiro semestre de 2021. As locações foram em sua grande maioria em Fortaleza, mais especificamente no Poço da Draga e no Benfica. Sobre a relação dela com o bairro que dá nome à série Roberta explica: “sou de Maranguape e vim morar em Fortaleza na minha adolescência. Foi lá que fiz aula de violão, no conservatório, e de fotografia, na Casa Amarela. Cursei Letras na UFC e fui às exposições do MAUC. E aí tem o Carnaval do Benfica, enfim, e umas festinhas nos anos 2000. Pra mim, é uma relação de formação mesmo, pessoal e profissional”.
“Desconfio que fazer Meninas do Benfica foi tentar viver de certa forma uma parte da vida na cidade que deixei, pois escolhi viajar e estudar fora porque na época não existia formação em audiovisual no estado. Se eu fosse uma menina do Benfica hoje, não sei se escolheria sair daqui”, diz. “Por fim, a série é uma parte da minha filmografia que chamo de Cartas de Amor para Fortaleza, que são trabalhos que nascem do meu desejo de filmar em casa”, conclui.
SERVIÇO
MENINAS DO BENFICA
PRÉ-ESTREIA
Data: 01/03 (Terça-feira)
Local: Cineteatro São Luiz (R. Major Facundo, 500 – Centro)
Horário: 19h
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada)
ESTREIA
Data: 02/03 (Quarta-