Personalize as preferências de consentimento

Utilizamos cookies para ajudá-lo a navegar com eficiência e executar determinadas funções. Você encontrará informações detalhadas sobre todos os cookies em cada categoria de consentimento abaixo.

Os cookies categorizados como “Necessários” são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para ativar as funcionalidades básicas do site.... 

Sempre ativo

Necessary cookies are required to enable the basic features of this site, such as providing secure log-in or adjusting your consent preferences. These cookies do not store any personally identifiable data.

Não há cookies para exibir.

Functional cookies help perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collecting feedback, and other third-party features.

Não há cookies para exibir.

Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics such as the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.

Não há cookies para exibir.

Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.

Não há cookies para exibir.

Advertisement cookies are used to provide visitors with customized advertisements based on the pages you visited previously and to analyze the effectiveness of the ad campaigns.

Não há cookies para exibir.

Diga-me o que lês e te direi quem és

Candice Almeida*

O filme “O Leitor” retrata um relacionamento entre uma mulher que trabalhava [alerta de spoiler] para a SS (polícia nazista) e um estudante de Direito. A história é linda. O protagonista, ainda menino, conecta-se com a amada através da alma, passando tardes lendo em voz alta livros para ela. Anos depois, ele a reencontra em um julgamento por crimes de guerra cometidos pelos nazistas. Hanna é uma das rés e foi condenada à prisão perpétua por sua responsabilidade na morte de dezenas de prisioneiros judeus e por, supostamente, ter escrito um relatório que pesou na decisão do juiz.

O detalhe é que Hanna era analfabeta. Recusou-se, porém, a revelar esse segredo, ainda que o fato pudesse livrá-la da cadeia. Para ela, o encarceramento era menos vexatório do que o déficit de cidadania. Diga-se de passagem que ela era inocente. Se leio, existo. Imagino que essa fosse a máxima cartesiana que ela adotava.

Esse filme me veio à mente após ler a notícia de que o Brasil está na 39.ª posição – entre 43 países – em um exame internacional que mede a habilidade de leitura. Isso significa que alunos de 9 e 10 anos de idade não conseguem compreender de modo satisfatório um texto ou entender a relação entre as ideias. E, logicamente, estão longe de desenvolver um senso crítico. Apenas 13% dos estudantes brasileiros são classificados como proficientes. Estamos atrás de países como Azerbaijão e Uzbequistão.

Não faz muito tempo, um youtuber de grande influência entre as crianças e adolescentes defendeu que a obrigatoriedade de leitura dos clássicos nacionais no Ensino Médio faz com que os alunos achem a literatura “um saco”. Nas palavras dele, trata-se de um desserviço da escola. No entanto, o buraco é mais embaixo. Um público leitor não se forma apenas na adolescência. Como a pesquisa demonstra, perdemos leitores ainda na infância.

O ponto aqui é o imenso potencial que a leitura tem para o desenvolvimento de um povo e do indivíduo. Descobrimos quem somos por meio do que lemos. Descobrimos quem já fomos pelo que foi lido. Ao longo da nossa existência, vamos nos construindo e nos apoiando na literatura. Descobrimos quem queremos ser por meio das leituras pretendidas. A leitura é o efeito, não a causa. A curiosidade é a raiz. Você é o que lê. E quando digo isso, é em um sentido amplo, pois não se trata apenas de ler livros, mas, sobretudo, também de ler a realidade à nossa volta.

Para incentivar seu filho a ler, conte a ele o que aconteceu com Vini Jr. O crime do racismo pode ser evitado com a leitura. Compartilhe com ele a pergunta do ano: “Você quer falar sobre futebol?” e explique a derrota de Carlo Ancelotti e do mundo todo. Quer incentivar seu filho a ler? Conte algumas supostas anedotas de Leo Lins, sobretudo aquelas voltadas para o escárnio com as minorias. A ignorância pode ser combatida com a leitura. Quer um filho leitor? Valha-se de George Orwell para que ele entenda como funciona uma nação autoritária, assim ele também saberá que Big Brother é muito mais que um programa de TV. Mostre a ele o jogo de vídeo game ‘Devil May Cry’ e explique que a narrativa e o protagonista Dante foram inspirados no livro ‘A Divina Comédia de Dante Alighieri’. Ou seja, quem criou o jogo leu Dante. É por meio do conhecimento que a percepção de estupro, assédio e múltiplas violências se desenvolve. Um filho leitor sabe se proteger do mundo e, mais ainda, sabe transformar o mundo. Sabe mudar consensos e preservar o meio ambiente.

A leitura mitiga o preconceito e enaltece a diferença. O conhecimento faz milagres. Diga-me o que lês e te direi quem és.

Hanna não se entendia como ninguém.

*Candice Almeida, professora de Redação do Colégio Positivo e assessora pedagógica de Redação no Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento (CIPP) dos colégios do Grupo Positivo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.