Dia Nacional de Combate Fumo – 2021

O Dia Nacional de Combate ao Fumo  – 29 de agosto – foi criado em 1986 pela Lei Federal nº 7.488 e tem como objetivo reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população brasileira contra os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco. Esta foi a primeira legislação, em âmbito federal, relacionada à regulamentação do tabagismo no Brasil.

O tabagismo é considerado uma doença crônica causada pela dependência à droga nicotina presente nos produtos derivados do tabaco. É a maior causa evitável de doença e morte no mundo de acordo com a OMS. Anualmente, morrem mais de 8 milhões de pessoas, sendo que mais de 7 milhões dos óbitos são atribuíveis ao tabagismo ativo e 1,2 milhão ao tabagismo passivo. No Brasil, são estimadas cerca de 156 mil mortes anuais (428 mortes por dia) devido ao tabagismo.

Os produtos do tabaco são consumidos de diversas formas (fumados, inalados, aspirados, mascados ou absorvidos pela mucosa oral). No Brasil, predomina o uso do tabaco fumado. Os produtos derivados da combustão do tabaco contêm aproximadamente 7 mil substâncias tóxicas, que são responsáveis direta ou indiretamente por cerca de 55 doenças. Entre estas, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) – doenças cardiovasculares, doenças cerebrovasculares, doenças respiratórias crônicas, câncer e diabetes –  responsáveis por 7 entre cada 10 mortes prematuras no mundo.

A exposição de adultos não-fumantes à poluição do ambiente causada pela fumaça ou vapor do tabaco (tabagismo passivo) aumenta as chances de apresentarem as mesmas doenças dos fumantes. As crianças têm maior risco de infecções respiratórias, otites de repetição, asma brônquica, perda da função pulmonar e morte nos primeiros anos de vida, além de câncer de pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica na vida adulta. As gestantes que fumam têm risco aumentado de complicações da gravidez (abortos, partos prematuros, descolamento prematuro da placenta) e de danos para o bebê, como baixo peso ao nascimento, morte súbita infantil, comprometimento da inteligência e do comportamento e dificuldade de aprendizagem escolar.

Fumar durante décadas pode reduzir a expectativa de vida em 10 a 12 anos, em relação a quem nunca fumou.

TABAGISMO E COVID-19

Desde o início da pandemia causada pelo SARS-CoV-2, diversos estudos demonstram que fumantes de qualquer produto derivado do tabaco têm um risco 2 a 3 vezes maior de desenvolver a COVID-19 em suas formas mais graves, que podem culminar com a morte. Os fatores responsáveis para isto  são listadas a seguir:

os fumantes podem apresentar redução da capacidade pulmonar e doenças crônicas já instaladas, como as pulmonares, cardiovasculares, o diabetes e o câncer, todas essas relacionadas ao tabagismo e também fatores de risco para a COVID-19;
aumento do risco de infecções provocadas por bactérias, vírus e fungos, em consequência de alterações da estrutura do sistema respiratório, reduzindo a sua resposta local de defesa, da inflamação, da elevação da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2) – que se comporta como receptor do novo coronavírus – e da redução da resposta das células que compõem o sistema imunológico do organismo (resposta imune);
baixa oxigenação dos tecidos, alterações dos vasos sanguíneos e um estado de hipercoagulação, fatores que predispõem à trombose, a qual pode ocorrer também na COVID-19;
aumento da transmissão do novo coronavírus, através dos movimentos repetidos mão-boca do ato de fumar, sem a adequada higienização das mãos e com cigarros contaminados, bem como através da eliminação de aerossóis no ambiente, o que ocorre com os cigarros eletrônicos, cigarros de tabaco aquecido e narguilés. Nestes últimos, há também aumento do risco de transmissão da doença pelo compartilhamento de piteiras e mangueiras, a preparação e limpeza inadequadas do dispositivo e seus acessórios, a tosse frequente dos usuários durante o uso, a umidade da fumaça do tabaco e o recipiente com água fria do narguilé, fatores que possibilitam a sobrevivência de microrganismos dentro das mangueiras. Além disso, geralmente o uso do narguilé é realizado em grupos, o que promove aglomeração, que sabidamente aumenta o risco de transmissão do novo coronavírus;
Fumar pode reduzir a eficácia das vacinas para COVID-19.

        DIA NACIONAL DE COMBATE AO FUMO – 2021

Comprometa-se a parar de consumir os produtos contendo nicotina durante a pandemia de COVID-19

Em virtude da forte interação entre os fatores de risco do tabagismo e da COVID-19, propiciando o  agravamento clínico dos pacientes, a mortalidade e o aumento da transmissão, no Dia Nacional de Combate ao Fumo de 2021, a AMB vai discutir o tema descrito acima, já que algumas das novas formas de consumo do tabaco não contêm todas as substâncias dos cigarros convencionais (comburentes), mas sim a NICOTINA, que é a droga psicoativa responsável pela dependência química, além de outras substâncias igualmente tóxicas e cancerígenas produzidas pelo aquecimento nos novos dispositivos.

 

Todos os tipos de consumo da nicotina são prejudiciais à saúde

Os principais produtos disponíveis para o consumo de nicotina são:

Tabaco queimado, que produz fumaça: cigarros comuns, cigarros de palha, narguilé, charutos, cachimbos e outros;

Produtos não geradores de fumaça: tabaco moído para uso nasal ou oral como o Rapé (seco) e Snus (úmido), tabaco mascado;
Dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), ou melhor, para vaporizar e inalar nicotina, mais conhecidos como cigarros eletrônicos e também o tabaco aquecido.
Os DEFs, em seu vapor, apresentam substâncias severamente tóxicas e cancerígenas, incluindo nicotina, cuja exposição durante a adolescência, pode prejudicar o cérebro em desenvolvimento. Seu uso triplica a chance de iniciação de adolescentes e jovens no uso dos cigarros comuns e mantêm a dependência da nicotina. Os dispositivos mais recentes liberam maiores quantidades de nicotina e de material particulado fino do que os cigarros comuns.
O Narguilé ou cachimbo d’água possui as mesmas substâncias tóxicas e cancerígenas encontradas na fumaça do cigarro, porém em quantidades maiores. Em uma sessão de uma hora a quantidade de substâncias tóxicas e cancerígenas que ficam no ambiente equivale ao consumo de 100 cigarros.
Fumantes exclusivos de charuto e cachimbo têm risco aumentado de desenvolver cânceres, mais especificamente de cabeça, pescoço, pulmão, fígado, esôfago e pâncreas, além de doenças cardiovasculares e pulmonares crônicas.
O uso de tabaco sem fumaça (rapé, snuss e mascado) pode levar ao desenvolvimento de câncer de boca, faringe, esôfago e pâncreas, bem como periodontide, gengivite e perda dentária.
O uso do tabaco orgânico não traz menos riscos à saúde. A folha do tabaco contém nicotina e cerca de 300 substâncias químicas, sendo 16 cancerígenas. Ao ser aceso, essas substâncias se decompõem e geram cerca de 7.000 substâncias tóxicas, sendo 70 cancerígenas, semelhante ao cigarro industrializado.
Os cigarros de palha e industrializados apresentam composição metálica, concentração de substâncias tóxicas e cancerígenas semelhantes, porém os de palha liberam maior quantidade de monóxido de carbono quando queimados.
Parar de fumar requer decisão, determinação e apoio médico com uso de medicamentos, que tem a finalidade de reduzir os sintomas da síndrome de abstinência da nicotina. A fissura dura menos de cinco minutos e os sintomas da falta da nicotina (abstinência) reduzem acentuadamente após três ou quatro semanas sem fumar. Para vencer essa etapa da dependência da nicotina, é necessário mudar as rotinas e fugir dos gatilhos que dão vontade fumar.
Os benefícios da cessação do tabagismo se iniciam logo após o último cigarro e se prolongam por toda a vida.

COMISSÃO DE COMBATE AO TABAGISMO DA ASSOCIAÇÃO  MÉDICA  BRASILEIRA

 

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