Dia do Trabalhador: o comprometimento dos bancários da Caixa com os brasileiros
Empregados do banco contam como a pandemia mexeu com a rotina e que mesmo com a insegurança provocada pelas filas, a pressão, o volume de atribuições e as condições de trabalho eles vêm driblando os desafios com dedicação, coragem e muita disposição
A pandemia do coronavírus mexeu com a rotina de todos. Para os empregados da Caixa Econômica Federal, as mudanças estão sendo desafiadoras. Responsável por conduzir a maior parte das políticas públicas voltadas à contenção da crise econômica, a Caixa também está na linha de frente do pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 à população.
Enquanto boa parte das pessoas se recolhe em casa — conforme recomendam as autoridades de saúde — os bancários da Caixa vão para a linha de frente do atendimento nas agências e nos caixas eletrônicos, enfrentando aglomerações, pressão, riscos à saúde e até sacrificando a família para socorrer quem mais precisa.
“Os trabalhadores da Caixa têm no DNA o compromisso social. Eles precisam ser mais valorizados e é para isso que atuamos”, ressalta o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Jair Pedro Ferreira. “São muitos os desafios diários. E neste momento (de pandemia), eles se tornaram bem maiores”, acrescenta.
Conforme destaca Jair Ferreira, os empregados da Caixa estão dando, mais uma vez, o exemplo de cidadãos comprometidos com o país. O presidente da Fenae observa que, desde o início da pandemia, a Fenae e outras entidades representativas atuam junto à direção da Caixa e ao governo cobrando medidas em proteção à saúde dos trabalhadores e também da sociedade.
OS DESAFIOS DO DIA A DIA — Com os serviços bancários essenciais garantidos pela Caixa, os empregados atendem nos guichês não só os beneficiários de programas sociais e trabalhadores como também os informais e outros brasileiros com direito a receber o auxílio emergencial. Neste cenário, parte dos bancários atua nas agências e parte em home office (teletrabalho). Todos, com desafios que, até pouco tempo, eram inimagináveis.
“Sinto muita apreensão dos colegas que estão à frente das agências por causa da quantidade imensa de pessoas que chega para receber o auxílio. Eles não têm medo de atender, mas vivem uma pressão constante”, conta o bancário Fábio Barbosa Viana, que está lotado em Goiânia (GO), mas trabalha remotamente de Porto Velho (RO).
O cotidiano de Eliângela Monteiro, também de Porto Velho, tem ido além de resolver operações bancárias. “Atualmente, o nosso maior trabalho é tirar das filas as pessoas que, de fato, não precisariam estar ali. Não há como não destacar a falta de informação como o maior problema daqueles que chegam nas agências. Somos de três a quatro empregados no atendimento, pedindo para que evitem aglomerações, informando que as pessoas não precisam dormir nas filas”, relata Eliângela.
Do município de Forquilhinha (SC), a empregada Elaine Gai Torres se voluntariou para trabalhar diretamente no atendimento emergencial, quando viu os colegas gerentes tendo que se desdobrar para atender as imensas filas. Mesmo em cidades pequenas, a busca pelo auxílio emergencial tem sido um retrato do desassossego daqueles que se impacientam com as filas. “Temos e queremos fazer o melhor pelo povo, embora nem sempre sejamos reconhecidos”, diz Elaine.
Neste novo cenário, muitas vezes o coração dos trabalhadores fica partido quando não conseguem ajudar a todos. Outras vezes, se enche de alegria porque mais um brasileiro saiu agradecido. São milhares os empregados que têm atendido ao chamado para cumprir a missão da Caixa de ser um banco público e social.
A manauara Eliamara Lima tem sido uma dessas forças. Bancária da Caixa há 15 anos, ela e sua equipe atendem a quase 700 pessoas por dia, na capital do Amazonas. Para Eliamara, o trabalho não é uma guerra, é uma ação humanitária. “A Caixa é diferente. A gente não visa somente o lucro, a gente quer fazer esse trabalho social”, ressalta.
Para quem faz o atendimento à população, os riscos de contágio pelo coronavírus são maiores. Mãe de um adolescente de 17 anos, portador de Transtorno do Espectro do Autismo, Eliamara conta que os cuidados estão redobrados também na casa dela. Só depois da higienização e de trocar de roupa é que ela se dirige ao filho. “Como ele é autista, precisa de cuidados especiais. Se ele pegar uma gripe, uma pneumonia, tem que sedar. E onde ele vai ser internado?”, reflete.
No sul do país, o orgulho também é uma das forças que movem Marla Gass, de Porto Alegre (RS), há 8 anos na Caixa. A mãe de Marla foi empregada da Caixa. O namorado, o sogro e as cunhadas também trabalham no banco.
“As pessoas estão vendo que os empregados da Caixa estão comprometidos em fazer esse saque (do auxílio emergencial) dar certo, fazer o dinheiro chegar na mão de quem precisa e quem tem direito, da maneira mais rápida possível. É para isso que essa empresa existe e é 100% pública”, orgulha-se Marla. Para ela, esse é mais um momento histórico pelo qual o banco se faz necessário.
Os registros de agências com extensas filas se repetem por todo o país. Em São Paulo (SP), não é diferente. Daniel Stort, assistente de atendimento de varejo, há 7 anos na Caixa, trabalha em uma agência na periferia da cidade.
Ele afirma que tem sido gratificante fazer parte de uma empresa que tem uma missão social e não visa apenas o lucro. “Eu acredito que a gente tem esse chamado”, diz o empregado, que já trabalhou em outras instituições bancárias.
TRABALHO HOME OFFICE — Uma das medidas de proteção aos empregados da Caixa adotada pela direção do banco, após reivindicações da Fenae e de outras entidades sindicais, foi o home office. Martina Compani Pozzobon é um desses casos.
Agora, entre uma reunião e outra, a bancária de Porto Alegre (RS) divide a atenção com o filho de apenas um ano e meio. A rotina começa cedo com as mamadas do pequeno e uma arrumada na casa. “Está sendo desafiador gerir a equipe e conciliar todas as tarefas maternais e domésticas. O que eu vejo são as equipes trabalhando muito para que tudo dê certo”, ressalta Martina.
SAÚDE MENTAL — A situação psicológica dos trabalhadores da Caixa tem sido debatida, com frequência, pela Fenae. Agora, mais ainda, em virtude da pressão nesse cenário de pandemia.
A professora titular de psicologia da Universidade de Brasília (UnB), Ana Magnólia Mendes, coordenadora técnica do projeto de Saúde Mental da Fenae, afirma que o modelo home office apresenta muito mais responsabilidade para os empregados, que acabam relatando depressão e ansiedade, entre outros sintomas.
Dados consolidados por pesquisa encomendada pela Fenae, em fevereiro deste ano, apontam que quase 20% dos trabalhadores ativos da Caixa apresentam depressão ou ansiedade. O percentual de bancários que buscam acompanhamento regular psicológico ou psiquiátrico é de 19,6%.